quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Conto: O Leopardo e a borboleta

 

O O Leopardo e a Borboleta

 

Em um raro momento de descanso, ali na Africa , á beira de um riacho, um remanso,

Um jovem Leopardo desceu de sua alta árvore para a relva, pois ocasiões sem perigos na selva quase não haviam.

Ele estava de ventre cheio pois a gazela que caçara ele já a tinha devorado.

Ali da savana era o seio, em algum lugar da Africa, ali no meio, ele agora podia descer sem rodeio.

Já ia longe a estação das chuvas e aquele regato fora o que sobrara de um riacho, que diacho !

Era no momento pequeno demais para sustentar um crocodilo,então ficar na margem agora era sensato.

Os leões , pelo leopardo tão temidos, estavam longe, preguiçosamente dormindo, e as Hienas, também distantes, tratavam de seus negócios,periclitantes.

Sem ter o temor como fardo, o ágil e elástico Leopardo, agora sentara na beira do regado , a admirar a paisagem , pensativo.

Foi quando viu uma bordoleta em seu voo errático, e ele a fitou com seu olhar enigmático.

Quem, no entanto pudesse lhe explorar seu olhar com mais vagar,viria no brilho daqueles olhos enorme um certo encanto.

Não era um olhar nem de ferocidade nem de pranto.

A bocarra semi aberta deixava entrever-lhe os dentes temíveis,o focinho sempre úmido e brilhante luzia radiante os raios do sol inclemente africano, havia um quê de poesia naquele momento precioso, tanto que aquele olhar felino parecia dadivoso,aquele jogo de luz e sombra que brincava com a visão, tudo ali marecia um momento congelado de arte, parado no tempo por um fugaz momento,e o Leopardo eis que sonhava !

Seria um sonho de voar?

Onde já se viu um leopardo voador?

Aqueles olhos profundos revelavam auto confiança sem temor,contemplação, quem sabe amor?

A delicadeza daqueles olhos que se moveram para mirar, quando a delicada borboleta em seu focinho ousou pousar,

Era a mesma com a qual o destemido felino a observava, entre sonhos e desvairios, sem os temores sombrios de predadores maiores e implacáveis, a paz e a tranquilidade que reinava  fazia parte daquela mágica, aquele momento de arte,breves momentos estáveis, de resto fora daquele interim, inimagináveis.

Para o Leopardo, aqueles poucos minutos em que permanecera sentado, contemplativo em diáfanas ilusões, desta vez não seriam rasgados brutalmente pelos leões.

Ele olhava cismado, os movimentos daquelas pequenas asas delicadas, batendo devagar, descompensadas, e aquele caos descoordenado para ela era de uma beleza inenarrável, que nunca antes percebera,imperfeição que perfazia a perfeição inimaginável.

Se o Leopardo, voar não podia,ao menos expressar sua alegria  de viver aquele momento tão precioso ele iria!

Eis que pois, a borboleta decola e levanta voo.

O ágil felino corre atrás dela ao sol do quase anoitecer, e quer voar , dá um salto, por alguns segundos mira o Mundo a dois metros de altura, havia em seu olhar encantamento e candura, com aquele raro momento de liberdade e voo.

A borboleta vai embora e o Leopardo cai nas quatro patas, imávido e resoluto.

Era hora, era hora, o momento absoluto!

Ele corre e salta, e sobe na árvore com maestria, até os galhos em que os leões são incapazes de alcançar, para então em segurança dormir e sonhar.

Com aquele fugaz momento, que fazia agora parte da sua memória, de sua vida sua história, aquele momento de liberdade e vitória, em toda a sua glória.

Na África, o sol agora desaparecia, e o manto negro do firmamento descia, cobrindo a verde paisagem com suas estrelas.

Ali, em meio á aquela imensidão, um solitário  Leopardo adormecia e sonhava,sem que saibamos qual seria seu pensamento, mas feliz, feliz, enquanto podia, instantes fugazes de ternura, candura e alegria, mal se divisava da copa da árvore abaixo da lua cheia, com todo encanto que da Natureza emana e permeia !                   

 

                                  FIM

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