Sensibilidade de
Escrever: Adendos Finais
Episódio 1
Iniciava-se o ano de 2012 e já lá se iam três
meses que Rina Tamasuki, a filha de Lune e Takeo, tinha nascido.
A bebê
permanecia mamando, e estava crescendo forte, mas a época do
encantamento dos pais com ela estava acabando e dando lugar a uma nova
vida,mais compromissada e com muito mais responsabilidades envolvidas.
Agora não se tratava mais de uma vida de casal,
como se isto já não fosse desafio o suficiente, mas de uma vida de família, com
filha a sustentar, cuidar, criar, educar, sustentar.
E por falar em sustentar, o período de licença
gestante estava terminando e dali a três meses Lune já teria de voltar a seu
trabalho.
Já Takeo iria voltar de sua licença para o
trabalho dali dois dias, pois era
sábado, e na segunda ele já tinha de trabalhar de novo.
Isto tudo preocupava muito a Lune, pois ela já
tinha de cuidar da filha, da casa, dos gatos, e como poderia sair para trabalhar,
com quem deixaria a filha?
Ok que em três meses, após completar seis meses
de aleitamento, Rina desmamaria e não precisaria tanto de sua mãe para alimentá-la, mas não
poderia ser deixada sozinha em casa tão nova.
Deixá-la com os avós era complicado: eles estavam
envelhecendo, Kazuo tinha de trabalhar e Momiji enfrentava uma grave depressão por
estar sofrendo de uma doença auto imune no intestino, que já lhe custara duas
operações delicadas e com alto risco de vida, e provavelmente, teria de passar
com mais, então não estaria sempre disponível. Além disto, Kazuo se viu
obrigado a contratar uma cuidadora para ela, pois agora Momiji tinha de
envergar uma bolsa de colostomia na cintura. Então, não estaria sempre
disponível.
Ruri, por sua vez, estava casada, com filhos e
morando em outra cidade, também sobrecarregada com a tripla jornada de mãe, empregada
e profissional, sem condições.
E Otaru continuava preso e não sairia do presídio
tão cedo.
Claro, havia a opção de deixa-la com os avós
paternos, que eram ricos e tinham um monte de empregadas, mas Lune não queria
recorrer a eles, incomodá-los, dar trabalho. Eles já tinham tido o trabalho de
cuidar de Otaru antes, e tiveram com ele uma experiência traumatizante.
Enfim, era uma decisão crítica, que tinha de ser
tomada no máximo nos próximos trinta dias.
Outra questão, que estava sendo debatida pelo
casal, era a inadequação daquele apartamento para a família. Agora que Rina
nascera, o berço estava no quarto do casal e o espaço ficou pequeno, apertado,
e a sala estava uma bagunça, lotada de acessórios para bebês, que ocupavam
muito espaço, e já havia os brinquedos dos gatos também. Era necessário que
mudassem para uma casa espaçosa.
Porém, ela era muito mais cara que o apartamento
deles valia, e, embora pudessem até fazer um financiamento, eles tinham gasto
muito com a gestação e com o parto, e as suas reservas estavam minguando. Por
isto, comprar uma casa ‘a vista, nem pensar.
Tudo isto eram preocupações que rondavam a vida
do casale que teriam de ser resolvidos, mas apesar disto, a felicidade
permanecia alegrando a nova família.
Naquela manhã de inverno,Lune, com Rina em seus
braços, observava a neve cair na rua.
Rina sorria, era a primeira vez que já tinha
compreensão suficiente para se dar conta
do fenômeno da neve.
-Uh, oh, ora de trocar as fraldas, mocinha !Vamos
lá?
Rina ainda não falava, era muito nova, mas riu
gostosamente.
Takeo chegou até elas:
-Ela tem um gênio bom, alegre, bem humorada!
-Não sei, querido, acho que ainda é cedo para
dizer, o gênio dela ainda está se formando...
-É, vamos ver mais para a frente...docinho, eu já
tirei a mesa do café da manhã, viu?
-Obrigada, Takeo-kun, agora vou trocar as fraldas
dela e dar banho nela, você me ajuda?
-Claro, minha linda, vamos lá!
A escrivaninha
da biblioteca acabou virando um fraldário improvisado.
Lune colocou Rina em cima da mesa, que estava
forrada com um edredon espesso e macio, e abriu a fralda da menina.
-Me traga o cesto de lixo da Rina-chan, por
favor, amor, depressa !
Takeo foi e voltou correndo, com o cesto na mão e
abriu a tampa, assim , Lune pôde jogar a fralda usada fora, para se juntar a
uma montanha que o cesto já continha.
-Agora leve o cesto de volta para a lavanderia !
-Sim, senhorita !
E lá se foi Takeo de novo.
(Por Continuar)
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