Caçadas Ancestrais
Episódio 1
Ali era a Tundra, as estepes russas da Sibéria, e a época era a de nossos ancestrais, a a Era Glacial, há trinta e cinco mil anos atrás.
Naquele inverno, que parecia eterno, em uma cova precária, havia um ninho de Feras:
Nas redondezas haviam outras covas semelhantes e o local era temido por quase todos os animais que ali passavam.
Ali era o covil de um bando de felinos dentes de sabre, Homotherium latidens.
Numa destas covas, uma fêmea finalmente dava á luz seus novos filhotes.
A gravidez fora muito sofrida pois seu bando não era grande, uma dúzia de companheiros e companheiras, e o frio glacial e a neve profunda tornavam caçar grávida uma tortura.
Como o bando era pequeno, não podiam se dar ao luxo de deixar uma fêmea prenhe sem caçar.
As presas eram escassas e várias delas velozes, como os cavalos, Cervos Gigantes (Megaloceros),etc,e ainda havia a concorrência dos Leões das Cavernas, dos lobos gigantes, dos ursos, não era uma vida nada fácil.
Devido a tantos esforços e riscos, três de seus quatro filhotes nasceram mortos.
Apenas um restou vivo, o mais forte de todos.
Para ela, e para sua espécie, que já declinava, aquele filhote lhes era precioso.
Para a mãe, claro, mais ainda.
Aquele filhote marrom escuro, com manchas brancas em volta dos olhos e no queixo,todo fofo e intensamente peludo, iria lembrar-se das lambidas carinhosas de sua mãe enquanto ele vivesse.
E ela o protegia dos machos adultos ecom vigor, não havia descanso possível, a vigilância era atenta e constante.
Ela olhava para seu filhotinho, tão delicado e frágil, com amor e carinho.
Quando alguém ameaçava seu filhote, ela rugia e mostrava sua alva dentuça, com seus caninos de quatorze centímetros, e encarava oponentes com olhar ameaçador, imponente, termerário.
Por seu filhote ela daria sua vida sem hesitar.
Passavam-se os dias, e o filhote já ficava de pé, mas ainda mamava.
Seu olhar inocente e ingenuamente infantil ainda não traduzia direito aquele ambiente tão hostil, mas imitava a mãe em tudo o que pudesse, e nela era grudado, dela nunca se distanciava.
A quilômetros dali, o bando perseguia furiosamente e incansavelmente cavalos e bisões.
Os segundos era mais perigosos por que se defendiam mais.
Correndo risco de chifradas e coices, o bando corria atrás de um bisão , mordendo-lhe onde pudessem, especialmente no ventre, até que um lhe rasgasse o abdômen e caíssem-lhe os intestinos no chão, enchendo a neve com um rio de sangue. Quando, exausto, o bisão caía, eles lhe caíam em cima e acabavam de mata-lo de vez, com múltiplas profundas mordidas no musculoso pescoço.
(Por Continuar)
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