O Presídio-Episódio 57

-Uff ! Escapamos !

-Ainda é cedo para dizer, 100169 !Mas ao menos estamos mais seguros aqui do que estaríamos lá !

-Quero ver o que farão quando descobrirem que não estamos lá. Acho que é questão de tempo para nos acharem aqui.

-Fique tranquila, 500800, só nós sabemos desta caverna!

-Mas e se acharem a porta, Diretor?

Eu respondi.

-Venham comigo, tem muitas coisas que vocês não sabem !

Nós seguimos o Diretor, e entramos por um labirinto de corredores estreitos, úmidos e escuros.Como ele conseguia se localizar tão bem dentro daquela complexidade toda, eu não entendia !

Mas a resposta viria logo.

Pouco depois, um dos corredores se alargou e desembocou em uma pequena câmara, e no fundo dela, havia uma porta de metal que parecia bastante pesada. O Diretor usou suas chaves e abriu a porta, e o que se viu foi um imenso salão revestido de concreto, um verdadeiro bunker!

Um interruptor foi ligado, e não só o salão, mas os corredores da Caverna foram iluminados por luzes elétricas.

Após o hall principal, encontramos uma sala com dezenas de monitores enormes-era uma sala de vigilância, cujos sistemas foram ligados.

-Por aqui podemos ver tudo o que acontece no Presídio. E respondendo à sua pergunta, 500800, quero que veja isto. Esta é a câmera em frente  à porta da caverna. Agora observem:

O Diretor apertou um botão e uma parede desceu, cobrindo a porta e se encaixando perfeitamente no restante da parede do corredor.

-Como podem ver, ninguém jamais nos achará aqui ! Estamos seguros !

-Mas até quando ficaremos aqui? Eu não posso ter minha filha em um lugar destes !

-Estão vendo as outras portas? Tem uma cozinha com uma geladeira imensa, que ocupa toda uma parede, com estoque de comida para anos, se necessário!E tem diversos quartos, com roupas, e todo o necessário para viver aqui. Tem até um centro cirúrgico completo para fazer o parto!

-O senhor pensou em tudo, heim, senhor Diretor?

Eu disse, animado.

-Ah, pensou, pensou sim, pensou mesmo, viu? Esqueceram que ninguém aqui é médico?

-Eu tenho conhecimentos médicos, 500800. Mas vamos ver o que está acontecendo lá no Presídio !

Nos sentamos nas cadeiras na frente da bancada de monitores, e vimos horrorizados a guerra em curso, o caos, a matança desenfreada dos que resistiram , e vimos inc~endios generalizados pelo Presído todo, e foi com tristeza que vimos as torres de vigilância, e principalmente, a Grande Torre, desabar em chamas!

Era lá que ficavam os gabinetes do Diretor e  de 133144, que agora não existiam mais.

Porém, após as comemorações de vitória, os revoltosos se dividiram em diversas facções, disputando o poder e uma segunda guerra aconteceu.

Depois de algumas horas, não aguentamos mais ver aquilo, e fomos para a grande sala de estar.

Nos sentamos nos grandes e confortáveis sofás de couro preto, e o Diretor foi o primeiro a puxar conversa:

-É, esta aí a revolução que você tanto queria, Cidadão 1!

-Não seja irônico, Diretor. O senhor sabe que não era esta a revolução que eu queria!

-Mas foi no que deu, não foi? Ou vais negar teres sido o grande responsável por tudo isto?

-Diretor, o senhor está sendo injusto com ele ! Estamos todos na mesma situação, e ele não tinha como prever que tudo isto iria acontecer!

-Ah, não, Cidadã 2? Depois das medidas que ele tomou, quais consequencias vocês acham que iriam ocorrer?

-Primeiro: é impossível prever o futuro,segundo, nem todas as ações tem necessariamente as consequencias que previmos terceiro, eu não fui o único a agir !Se você não tivesse me colocado como vice diretor e não tivesse nomeado o 100169 para chefe da DIIS, as coisas teriam tomado um rumo bem diferente!

Respondeu 133144.

-Ah, sim, eu lhe deleguei poderes, lhe dei um cargo altíssimo e as consequencias foram ver você falhar miseravelmente e se tornar um fracassado! Eu te dei as chances e você não as aproveitou, ingrato !

133144 se levantou para o sofá, indignado e gritou:

-Foi você quem falhou ao não me dar as chances adequadas, que eu poderia ter aproveitado!Pombas, eu sou inexperiente neste cargo e afinal de contas, eu sou...

-Apenas uma criança, Cidadão 1. Sim, sim, foi o que você provou ser mesmo. Provou que esperei demais de você, mais do que você poderia dar conta! Agora, já que você aponta o dedo na minha cara e me diz que não te dei as chances certas, então me diga, garoto, quais seriam elas?

133144 estava de olhos arregalados, ele não esperava tal resposta , e subestimara a inteligência do Diretor de novo.Atônito, pego de surpresa, engolindo seco sua revolta e  inconformidade, com a sensação humilhante de impotência de ver que não tinha esta resposta de pronto e precisava de tempo para pensar, e com o complexo de inferioridade gritando que ele perdera o debate, com lágrimas nos olhos ele deu as costas a todos, foi ao seu quarto e bateu a porta com força.

(Por continuar)

Depois daquela fria manhã de Outono- Episódio 52

-Vem cá que eu vou te enxugar agora! Isto, boa menina ! Bom, eu também já me enxuguei, vamos agora limpar esta sujeira toda e arrumar o quarto?Você me ajuda, Maki-chan?

-Ai, que vergonha...

-Que carinha é esta, onee-chan, anime-se !Olha, se você me ajudar a limpar e arrumar o quarto eu faço panquecas com sorvete e calda de morango só para você,que tal?

O estômago de Maki roncou feio.

-Ok, onee-chan ! Eu vou te ajudar então !

Finalmente Maki começava a se recuperar e voltar a se animar.

Depois de toda a trabalheira, foram para cozinha, e lá Maki viu suas filhas sorrindo, e Hideo estava lá brincando com elas na companhia de Izanami.

Repentinamente, Asami apontou para o pai dela e falou:

-Papa !

Manami, sempre imitando a irmã, fez a mesma coisa:

-Papa !

Hideo ficou comovido, realmente emocionado e disse alegremente:

-Você viu, amor?As duas me chamaram de Papai !

Maki também estava emocionada e disse:

-Mamãe está tão feliz !

As duas menininhas se voltaram para Maki, abriram os bracinhos e disseram:

-Mama !

Aí foi demais ! Maki correu a abraçar as duas, com os olhos rasos d ´agua,mas desta vez era de alegria, e ela as encheu de beijinhos.

-Ai, que lindo, Maki-sama !Elas são tão lindas !

-Obrigada, Izanami-san, eu estava triste, mas não há tristeza que resista à alegria das minhas filhinhas lindinhas queridinhas do meu coração , que amo tanto !

-Eu também amo de coração minhas sobrinhas !

-E eu também estou exultante hoje, Natsume-san !

Não demorou as panquecas estavam prontas e Maki comeu  uma montanha delas !

Depois beijou Hideo na boca com os lábios sujos de cobertura de morango.

-Mama !Papa !

Disseram as menininhas, super felizes !

Hideo pegou um guardanapo e limpou a boca de sua esposa e a dele também.

-Minha linda, amada querida e idolatrada, acho que é hora de você conversar com seu pai...

-Tudo bem, amor, vou lá!

Obedecendo a sugestão de Hideo, Makifoi para  sala.

Tetsuo continuava prostrado e triste.

Maki sentou-se nas pernas do pai de frente para ele e lhe deu um carinhoso selinho. Depois recostou-se nele e ficou acariciando o rosto dele com carinho.

-Desculpe, Maki –chan...você me perdoa?

-Perdoo, papai !Eu amo o senhor ,viu?

-Obrigado, filhinha, você é um amor !

-Obrigada, papai. Olha, eu pensei bem, e bom, nós voamos de avião e não caímos...e enquanto eu estava no meu quarto, eu sonhei com aNami-nee-chan, e ela me garantiu no meu sonho que o nosso avião não vai cair nem na ida nem na volta, que ela não vai deixar ! Então nós iremos de avião sim !

-Que bom filha, fiquei tão feliz !

-Eu também, papai, ansiosa para viajar !

E Maki assaltou a boca de Tetsuo em um beijo na boca, de língua, bem profundo,mas poucos segundos depois a resposta dele foi a de que ele se levantou e a tirou de cima dele e acabou com o beijo, que acabou sendo bastante breve.

-Filha, olha isto não pode, pai e filha não podem se beijar assim, é feio...estas coisas é para você fazer com o Hideo-san, entendeu?

-Desculpe, papai ! Ai, que vergonha !

-Ok, então vá arrumar suas malas que a gente viaja depois de amanhã !

-Ebaaaa!

E Maki saiu correndo, dando pulinhos de alegria !

(Por continuar)

O Presídio- Episódio 56

-Eu ainda não dispensei vocês ! Voltem aqui !

Eles a ignoraram e foram embora aos empurrões, sem ligar para as chicotadas dela.

Eles saíram  do Departamento e foram fazer um novo comício, agora muito maior.

Manifestantes, centenas e centenas deles, faziam o gesto nazista e gritavam palavras de ordem idem. Eu assistia a tudo aquilo assustado, e então me surpreendi: os muros do Presídio, que antes não chegavam mais a mais que dois metros de altura, de tão baixos que estavam, estavam de volta à sua imponência costumeira, com seus doze metros de altura !

Fui correndo ao gabinete de 133144, que junto com a 500800 a tudo assistia na sala de vigilância.

Foi tamanha a minha pressa, que esqueci de avisar para a minha esposa não sair de sua cela de jeito nenhum e trancar sua porta.

-Vocês viram o que está acontecendo?

-Estamos vendo sim, 100169 ! A 220967 não deveria ter sido  tão autoritária com eles, tentando força-los na marra a obedecerem-na. Ela confiou demais na autoridade dela, e achou que eles a respeitariam se ela ordenasse, mas isto só os inflamou mais ainda ! Ela corre sério perigo de vida- e nós também !

Disse 133144, de testa franzida fortemente, denotando enorme preocupação.

-Olha ela lá ! Ela está indo para o comício !E está com uma metralhadora na mão !

Disse 500800, apontando para a imagem de minha esposa na tela.

-Oh, não ! O que ela irá fazer ! Eu preciso impedi-la !

-Mas é loucura, 100169 ! Não podes fazer nada, não conseguirás protege-la !

-Mas 500800, eu não posso simplesmente assistir a ela ser morta!

-Ela tem razão, se voc~e for lá, será morto também !Deve ter umas mil pessoas lá, que te odeiam!

Então seguiram-se as cenas de horror:

220967 irrompeu no meio da multidão, e acionou sua metralhadora, matando cinco dos seis líderes e mais de quatro dúzias de agentes. Imediatamente sobreveio a ordem do que sobreviveu, e uma verdadeira muralha de homens a cercaram, e ela continuou metralhando, matando mais dezenas de agentes, mas um deles chegou por trás dela e arrancou-lhe a arma e a tentou imobilizar. Ela reagiu com violência e espancou três outros guardas, mas uma montanha deles voou para cima dela e a imobilizaram. Eles arrancaram as roupas dela e barbaramente a espancaram, para depois a estuprar em série.

Ela sofreu as piores brutalidades, e depois de quatro horas, várias dezenas de homens a tinha violentado seguidamente sem parar, até ela desmaiar, completamente exausta. Depois eles a pisotearam e chutaram e com adagas, a rasgaram e desfiaram ainda viva, e seus intestinos saltaram para fora. Seus seios foram arrancados com as mãos e sua caixa toráxica foi aberta, depois do esterno ter sido destroçado a golpes de marreta. Finalmente  a esquartejaram e a fizeram em pedaços. A cabeça , arrancada, foi esmigalhada com marretadas e explodiu em sangue !

E eles gritavam brados de vitória !

Assistimos a tudo estupefatos,sem conseguir acreditar no que víamos ! Agora a situação parecia não ter mais solução possível, e não nos restava alternativa senão fugir.

Aproveitamos que estavam todos concentrados no comício e fugimos para a caverna que ficava debaixo do Presídio.

Qual não foi nossa surpresa, quando chegamos na porta que dava para a caverna, de encontrarmos o Diretor em pessoa !

-Venham, andem logo !Não temos tempo a perder !

Disse ele, abrindo a porta para nós.

Assim que passamos, ele passou e trancou a porta.

E munidos de potentes lanternas que ele nos forneceu, corremos pelos corredores escuros até chegarmos na Câmara do Lago. Só então pudemos descansar !

(Por continuar)