domingo, 22 de março de 2015

Depois daquela fria manhã de Outono Episódio 45



Logo Tetsuo chegava, e Kuome,Natsume, Maki e as meninas iam embora para casa.
Enquanto elas iam confortavelmente na grande Mercedes pelas ruas da cidade, Sena, embrulhada em um saco plástico, ia em um caminhão para o necrotério.
Lá chegando, os legistas abriram o saco e a despiram de todas as roupas e começaram a examiná-la para fazer o laudo  de necropsia.
-A bala destruiu o olho, mas a bala se alojou na órbita !Não atingiu o cérebro ! Não era para ela ter morrido! Ao menos não disto, deve ter outra causa...vamos abri-la para ver o que encontramos !
Súbitamente o outro olho se abriu, o que fez os legistas levarem um susto!
Sena recuperou os sentidos e tomou o estilete de um dos médicos, e com uma rapidez e agilidade fenomenal, rasgou sua carótida, e ao mesmo tempo golpeou fortemente os outros dois com os pés e depois os matou também.
Como todos pensavam que ela tivesse morrido, ela sabia que agora podia fugir tranquila novamente. Roubou todo o dinheiro dos médicos e as roupas de um deles e saiu de lá. Ela agora usava um tapa olhos, escondido por uma grande mecha de cabelos jogada para  frente.
Não demorava ela já estava no Aeroporto voltando para cidade onde morava, Sapporo !
Mas ninguém sabia disto, e na casa dos Amagawa tudo era festa !
Menos para Kaede, a cada dia mais amarga e mal humorada.
Surpreendentemente, ela resolveu se mudar de quarto e passar a dormir sozinha e não permitia mais os avanços noturnos de Tetsuo.
Ela tinha o amor próprio reduzido a estilhaços, e sua auto estima estava a zero. Se achava horrenda, se desleixava cada vez mais na higiene, e passou a não deixar que dessem banho nela. Ficava horas e horas trancada em seu quarto, no escuro, sentada na sua cadeira de rodas. Passara a ser uma mulher sombria, azeda, desagradável. E não queria saber de as pessoas a levarem para passear, excluía-se de tudo, cada vez mais isolada.
Enquanto isto, já ignorando-a como se ela nem existisse, o restante da família dava uma festa para comemorar a volta das meninas.
A Dra. Kaori fora convidada e as examinou, mas fora um pouco de desidratação e muita fome, estava tudo bem com elas.
Assim que chegaram em casa, as meninas receberam comida e água em abundância, e ao lado dos pais, estavam felizes.
-Será que elas ficarão traumatizadas, Doutora?
-Não, elas são muito novinhas para isto, Natsume-san. A memória só começa a se formar aos quatro anos de idade.Veja como estão felizes !
Quando a festa terminou e os convidados foram embora,Kaede apareceu.
Todos tiveram vontade de tampar o nariz quando ela chegou, de tão mal que ela chorava.Até as crianças começaram a chorar !
-Tetsuo !
-Sim, Kaede-san?
-Quero que você amanhã procure e compre um apartamento pequeno para mim. Vou me mudar daqui. Vou viver sozinha.
-Você tem certeza? Como você vai...
-Não importa ! Vai me ajudar ou não vai ?É problema meu, não se meta !
Gritou Kaede irritada.
As demais pessoas tentaram convencê-la de que isto seria loucura, de que ela não seria capaz de viver sozinha, que ela precisava de ajuda, etc, mas isto só deixou a ela mais feroz ainda:
-Bando de hipócritas !Cínicos, mentirosos, falsos, isto é  que vocês são !
Ela berrou, e voltou ao quarto dela.
-Uh, ela está parecendo meu pai de saias !
Disse Tetsuo.
-Coitadinha dela, papai !Tudo por causa daquela malvada da Sena ! Ainda bem que ela morreu !
-Sim, filha, mas ela agora é passado. O que importa é que hoje você foi a heroína do dia, estou muito orgulhoso de você !
-Obrigada, papai ! Quer saber? Quando eu crescer eu quero ser policial !
Tetsuo sorriu diante da ingenuidade da menina. Ela mesma se via como uma criança e ainda esperava crescer, apesar de ser já adolescente!
-Quem vai gostar de saber disto é a Akane-san, filha !
-Sim, eu disse a ela durante a festa, ela adorou, mas me disse que é uma profissão muito perigosa.
-E o que você respondeu, filha?
-Que ela sempre vai estar do meu lado para me proteger !
Tetsuo sorriu de novo e dirigiu um olhar complacente para a menina.
Ele se preocupava muito com o futuro dela e das netas.

(Por continuar)

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