E assim Lune foi ajudando Takeo a andar com segurança
nas ruas, desviando-o de quem vinha ‘a esquerda dele, o avisando de desníveis,
degraus, etc.
Chegaram na farmácia e Takeo escolheu o modelo
e tamanho de bengala que quis, e na volta, ele foi caminhando já com a bengala,
apoiando e procurando detectar tudo em que pudesse tropeçar.
Todos os transeuntes ficavam olhando espantados
para ele, por que não era comum um rapaz jovem, que nem trinta anos de idade
tinha ainda, usando bengala, sem qualquer dano aparente na perna.
Takeo precisaria aprender a lidar com isto, e
sabia que teria de dar muitas explicações.
Mas o casal resolveu não voltar para casa tão
cedo assim. ELs ficaram caminhando pelas ruas para intensificar o treinamento
de Takeo, e por várias ocasiões Lune ficou atrás dele, sem ajudar em nada,
apenas observando como ele estava se saindo. Afinal, ela sabia que muitas vezes
ele teria de sair sozinho e não poderia contar com ela sempre.
Pararam em uma livraria, onde Takeo treinou ler
com um olho só.
Compraram alguns livros e depois foram tomar um
sorvete ali perto.
Só então voltaram para casa.
-Agora, querido, será hora de seu treinamento
com o carro. Porém, não vamos arricar os nossos, que são muito caros.Vou alugar
um carrinho barato para você por uma tarde, e vamos em um estacionamento de
shopping bem vazio, onde você poderá treinar sem arriscar tanto.Vamos lá, eu
vou te levar no meu carro.
-Ah, mas e o meu, amor?
-Deixa ele aqui por enquanto, querido, ele
chama atenção demais. Depois que você renovar sua carta e estiver bem treinado,
você volta a dirigi-lo, ok?
-Tudo bem então, querida.
Os dois foram para a garagem. A Mercedes Classe
B de Lune estava estacionada ao lado da Mercedes Classe E de Takeo, e o
primeiro carro era bem menor que o outro.
Eles entraram no carro de Lune e ela assumiu o
volante e ele, o lugar do acompanhante, e foram até uma locadora de Automóveis.
Lá , Lune alugou um Suzuki Alto Turbo RS, bem
pequeno e simples. Deixaram a Mercedes no estacionamento e entraram no carrinho
tipicamente japonês.
Rodaram, rodaram, rodaram, até que acharam um
shopping que não estava com o estacionamento tão lotado, e tinha uma parte mais
vazia.
Aí, com o auxílio de Lune, muitas vezes postada
do lado de fora, Takeo ficou treinando manobras e a olhar pelos espelhos retrovisores
e assim cobrir a deficiência de campo de visão e compensá-la.
Só entregaram o carrinho já no final da tarde,
e chegaram em casa já anoitecendo.
Como já era esperado, levaram pito de Asuka,
reclamando que estavam atrasados para o jantar.
No dia seguinte, e por mais dois dias, Lune
continuaria os treinamentos de Takeo.
Os dias então foram se passando, e Takeo até já
se via obrigado a se acostumar de andar de taxi para ir e voltar ao trabalho.
Enfim, após mais um mês, Estava chegando a
época do Natal !
Takeo agora já frequentava a Auto Escola e
conseguira ser aprovado no exigente exame de vista japonês específico para
visão monocular. Agora, um dia antes do Natal, faria seu exame final na Auto
Escola, para o qual ele treinara tanto.
Lune também estava muito ansiosa, pois queria
muito que a renovação de carta fosse o presente de Natal de Takeo !
E assim, o casal foi até o Departamento de
Trânsito para o exame final de Takeo.
Ainda que nervosa, Lune tentou espantar o
nervosismo dele e o manter calmo.
Enfim, o exame foi feito e, estranhamente, ele
não soube o resultado na hora.
Acreditava ter passado, mas não sabia. E voltou
algo desapontado para casa. No entanto, no Japão, mesmo na véspera de Natal as
pessoas tem de trabalhar e nem ele , nem Lune foram exceção.
Trabalharam um expediente menor que o normal,
mas trabalharam.
A noite, tudo estava pronto para a Ceia, e
Kazuo e Momiji vieram para a festa.
Após o banquete festivo, com direito a muitos
brindes, começou a distribuição de presentes.
Quando chegou a vez de Lune presentear a Takeo, ela trouxe um
envelopinho embrulhado para presente.
(Por Continuar)