-Pirandello: não existe uma verdade absoluta, só a verdade relativa de cada um!
-Exato, pegou o ponto certinho !Bom, então, o tabu não tem fundamento, nem lógico nem científico. E não há por que temer que a Rina-chan se torne homoafetiva, mas sesetornar? E daí?Não é avida sexual dela? O importante não é ela ser feliz, com quem quer que seja?
-Mas doeria muito em mim...
-Querida, então a questão não está nela, está em você. Você já parou para pensar que sua heterossexualidade pode ser frágil? Ou até que exista possibilidade de você ser bissexual? A resistência está em você, otemor está em você, o terror está na projeção que você faz nela, de se colocar no lugar dela ,achando que ela se sentiria como você, mas ela é só uma criança, e ela é outra pessoa, diferente de você, ela pode até gostar no futuro. Olha, bem, é preciso que você desconstrua este preconceito, quebre este tabu...
-Mas aí eu estaria te traindo, querido, não entende?
-Doçura, eu não estou pedindo para você ir transar com a Maki.Apenas peço para que amanhã você converse com a Rina-chan e explique as coisas sem viés, nem preconceitos, mostrando que a homoafetividade é uma diversidade que faz parte da diversidade natural humana, e não é nenhuma imoralidade...
-Mas aí estarei encorajando a ela a ser homossexual, ou bi !
-Não, estará sendo franca e verdadeira com ela, falando a verdade. Anjo, entenda: homoafetividade ou heteroafetividade não são opções, escolhas conscientes, são da própria natureza da pessoa. Se for da natureza dela, ela será homoafetiva, se não for, nada a convencerá a ser.
-E como saberei se é da natureza dela ou não?
-Geralmente estas coisas ficam explícitas já na idade dela. Eu não acredito, pelo que conheço dela, que a homossexualidade seja da natureza dela.
-Tudo bem, eu vou conversar com a Rina-chan amanhã então!
Disse Lune, finalmente se decidindo.
Na manhã seguinte, Lune levou a filha para uma conversa reservada , aproveitando-se de que Maki ainda estava dormindo.
-Filha, lembra daquela conversa de mulheres amando a mulheres, etc?
-Mãe, se a senhora for vir com histórias de abelhinhas e cegonhas, estou fora !
Lune, vermelha de vergonha, e procurando manter a calma, respondeu:
-Não, filha, nada a ver...olha, a Maki-san não é ma pessoas adequada para falar deste assunto com você...
-Só por que ela é lésbica?
-Não, é por ela embora seja mãe, ela não é sua mãe, como eu.
-Ah, tá...vamos ver se a senhora dirá algo que eu ainda não saiba...
-Ahaaam, talvez não tenham te mostrado da forma mais correta, este negocio destes vídeos que seu pai assiste, não mostra a realidade do que é este assunto..
-Não é a senhora que tanto cita o tal de Pirandello: não existe uma verdade absoluta, existe a realidade relativa de cada um?
Lune viu que a conversa seria bem mais difícil do que ela pensava: Rina era muito mais inteligente do que ela imaginava!
Ahaaam, sim, mas desta vez não vamos enveredar pela filosofia, certo? O assunto aqui é outro...
-O assunto aqui é lesbianismo sexo explícito selvagem!
-Filha !
-Estou brincando, mãe ! Não precisa ficar roxa!
E a menininha riu na cara dela.
-Bom, então podemos começar por aí. Lesbianismo não é necessariamente pornografia, e a prática dele não é como nos filmes pornográficos, é algo mais sensível, delicado e não tem...
-Fu -fu !
-Ahaaam, você entendeu onde quero chegar.
-Como a senhora sabe? Já praticou isto?
Agora Lune ficou roxa da cabeça aos pés!
-Ahaaaaam ! Mais ou menos...
-Como assim?Me conta !
Dentre outras coisas, Lune falou sobre os avanços de Mercedes, de Kotomi e outras, no seu tempo de faculdade, sem entrar em detalhes, e falando da maneira mais delicada e menos erótica possível.
-Então não foi mais ou menos, a senhora teve sim experiências lésbicas, e no fundo, no fundo, gostou !
Novamente Lune sentiu vontade de chorar de tanta vergonha e colocou as mãos no rosto para esconder as lágrimas.
-Não fala assim comigo, por favor...dói demais...filha...
Rina abraçou a mãe com carinho.
(Por Continuar)