segunda-feira, 29 de março de 2021

Episódio 71- Sensibilidade de Viver: Adendos Finais !

 


Mas as complexas elucubrações de Rina teriam de dar uma pausa:

-Rina-chan ! Hora de tomar seu banho !

-Aaaah, Tohru-san, eu ainda estou ocupada...ainda não terminei minha pesquisa sobre a Senhora Sayuka...

-Rina-chan, não dá, sua mãe já está preocupada com você e esta sua obstinação pela Senhora Sayuka...deixemos os mortos em paz e vamos viver, vem, tire suas roupas, já para o banho !

-Ah, mas Tohru-san, agoraaaa?

-Agora ! Olha, seus pais já estão querendo te levar numa psicóloga , você está há dias quase sem sair do seu computador !

-Que droga, agora que está mais intrigante...

-Riiiina-chanaaaan...você não quer que eu tenha de chamar a sua mãe, quer?

-Está bem, está bem, ai, que...

-Não é polido uma menininha como você falar nomes feios, vamos logo, vai, a banheira já está com a água quentinha!

Rina tirou suas roupas e foi para o banheiro resmungando baixinho,

-Não precisa me dar banho ! Eu sei tomar banho sozinha !

-Mas, Rina-chan, sua mãe mandou...

-Não interessa !

Rina entrou na banheira já perfumada com o sabão líquido, que tornara a água cheia de bolhas multicoloridas.

-Não fala assim comigo, Rina-chan, eu fico tão triste...eu sempre fui tão boazinha com você...

-Olha para a minha cara ! Não v~e que eu estou brava, que eu estou tomando banho forçada, contra a vontade, isto lá é ser boazinha, Tohru-san?

Tohru estava altamente constrangida, de olhos úmidos.

-Olha a situação que você me deixa, Rina-chan, eu dependo do salário que seus pais me pagam para viver, eu não posso desobedecê-los, eu não posso perder meu emprego...você não entende, Rina-chan?

E Tohru colocou as mãos na frente dos olhos e desandou a chorar.

A aparente impassividade de Rina diante desta cena fazia parecer que ela não tivesse a menor compaixão pela moça que a servia.Mas o choro desabalado de Tohru abalou o coraçãozinho de Rina.

A menina se levantou da banheira.

Foi quando Tohru sentiu uma mãozinha molhada acariciando seus cabelos.

-Eu te magoei...desculpe, Tohru-san...

Aquilo fora uma grande surpresa para a moça,que, emocionada, nem ligou para molhar seu uniforme e abraçou a menininha com força, dizendo com voz embargada:

-Obrigada, Rina-chan...

A menina disse a ela no ouvido dela:

-Tira suas roupas e toma banho comigo, Tohru-san, vamos brincar de guerra de água !

Agora Rina se despia daquele comportamento de adulta e parecia criança outra vez.

Era uma loucura, mas Tohru não resistiu ‘a tentação.

Desnudou-se completamente e entrou na banheira com a menina, e daqui a pouco brincavam de jogar água uma na outra alegremente!

Tohru sabia bem que caberia a ela limpar toda aquela bagunça no banheiro, mas era tão bom voltar a ser criança outra vez !

Entregou-se de corpo e alma ‘a brincadeira de criança e as duas se divertiram até !

Depois de terminada a brincadeira, as duas se enxugaram e se enrolaram em toalhas.

-E agora, Rina-chan? Minhas roupas estão encharcadas e não posso ir até lá em baixo no meu quarto me trocar, seu pai pode me ver, e eu ficaria com tanta vergonha...sua mãe me mataria também!

-Eu vou me trocar e vou até lá buscar roupas de baixo e uniforme para você, Tohru-san, espere aqui um pouco...

-Mas como você vai explicar?

-Deixa comigo...

Rina agora já vestida novamente, com seu pijama infantil, saiu do quarto e desceu as escadas.

 

(Por Continuar)

domingo, 28 de março de 2021

Poesia: O Ordenador de Mundos

O Ordenador de Mundos

 

O Ordenador de Mundos,

Tão contemplativo em seus pensamentos

Tão profundos,

Com tantos sentimentos,

Do coração oriundos,

Eis que pois constrói seus Mundos,

Viajando freneticamente,

Da Consciência ao Inconsciente,

Meandros complexos e sencientes,

Da Realidade até suas próprias Dimensões,

 

O Ordenador de mundo assim o faz sem dúbias intenções,

Faz por gosto e prazer,

Seguindo sua própria Natureza,

Buscando e encontrando em si

Uma miríade de Belezas,

 

Que por estarem de fora e não compreenderem,

As demais pessoas deixam passar despercebidas,

Com elucubrações descabidas,

Reprovando o que sequer conhecem,

Ainda mais difícil entenderem,

Que toda aquela ordem tão organizada,

Aquela lógica tão impecável,

Não é doença nem transtorno,

 

Só que enquanto o Ordenador de Mundos,

Vai a seus Mundos e logo está de retorno,

Vislumbrando tanta vastidão,

Os explorando com tamanha sofreguidão,

Os demais só percebem seu próprio entorno,

 

Qual sinfonia orquestrada,

Tal melodia em sintonia,

Com assombrosa precisão,

Detendo a fúria dos elementos

E os submetendo a uma exuberante harmonia,

Com cativante disciplina e tenacidade,

Com admirável determinação,

Com a potência de um vulcão em erupção,

Faz de sua obra prima criação,

Usando como tijolos em sua construção,

Sua prodigiosa Imaginação !

 

Para quem olha de fora,

E só vê o aqui -agora,

Pensa que o Ordenador de Mundos

Esteja se sentindo sozinho e chora,

Estaria ele preso nestes mundos,

E agora?

 

Não, não é isto o que ocorre,

O Ordenador de Mundos assim não se sente,

Com seus personagens sempre presentes,

Ele nada tem de angústia ou solidão,

É na Solitude que ele está com si mesmo,

Em comunhão,

Fervorosamente trabalhando em sua criação,

Passo a Passo,

Com ritmo e compasso,

Ele vai construindo e ordenando seus Mundos,

Seu espaço,

Discreto e sem estardalhaço,

Tem em si sua própria Ciência,

Com tamanha eficiência,

Tal a grandiosidade e magnificência,

Tão previsível, mas pura quintessência,

Se sente Criador,

Onipotência!

 

Vivendo  o que a outros parece um Caos,

Na verdade toda esta imensidão está sob seu controle,

Quem está de fora não percebe,

Invisível ‘a razão,

Clara e cristalina para a Subjetividade,

Não sem motivo,

O Ordenador de Mundos é um Ser Subjetivo,

Por incrível que pareça,

É dentro dele que está ser objetivo,

Inenarráveis Mundos a perder de vista,

Quem não vê e está de fora,

A chama-lo de Louco talvez insista,

Pode o Ornenador de Mundos explicar,

Até ficar rouco,

Não importa,

Nele não irão acreditar,

 

Por que são incapazes por estar de fora,

Destes lindos Mundos que ele com tanta dedicação,

 

Constantemente aprimora,

Em cíclica dedicação,

Em infinita paixão,

A construir sonhares,

Para ele isto é Viver,

Viver o Ser,

Como quer e deveria ser,

 

Há quem o observe,

Desatento, e o veja com desalento,

Desconhecendo tanta emoção,

Sensibilidade e Sentimento,

Veja nele um Diagnóstico,

Uma doença,

Uma Síndrome,

Um transtorno,

Uma desordem,

Uma fuga da realidade,

Uma inocência angelical,

Alguem a ser superprotegido,

Sensação de dever não cumprido,

Estão todos errados !

Para o Ordenador de Mundos

O que vive em si mesmo é bem real,

Faz parte dele afinal,

O que estas pessoas ficam tentando imaginar,

Tentando inutilmente advinhar,

É que tudo isto que o Ordenador de Mundos

É e vive não o prende,

Não o isola,

Não é doença, nem transtorno nem síndrome

Ou outros termos psiquiátricos a seu dispor,

O que não sabem é que ,

Com certeza,

Seguindo firmemente sua própria Natureza,

O que é,

O quem é,

O que vive,

O Ordenador de Mundos,

É ser Diferença,

É fazer a Diferença,

É enfim ser...

AUTISTA !

 

FIM

 

Cristiano Camargo