sábado, 30 de abril de 2016

Capítulo 2 - Adora- Alguém como você



Trêmula de nervosa, a antiga professora só conseguiu responder:
-Você é louca! É pior que ele! Chega, desisto ! Eu vou é embora, você que se vire!
E a obesa senhora bateu a porta com toda a força.
Damian imediatamente sobressaltou-se com o barulho alto  e repentino da pancada da porta contra a batente e a aflição corria seu olhar, que se dirigiu para Adora na hora, e ela pressentiu que precisava ir até ele.
Ele tremia e suas mãos se movimentavam de um lado a outro com rapidez, e pareciam não ser um movimento muito coordenado, ao menos ‘a primeira vista.
Adora foi até ele e lhe dirigiu um olhar doce e um meigo sorriso e acariciou- lhe os cabelos e o rosto.
A primeira reação foi desviar-se dela e rejeitar sua mão, mas algo lhe dizia que ali estava alguém que realmente gostava dele. O que ele sentia ao ver aquele olhar e aquele sorriso ele não conseguia ainda entender, mas ele não queria entender, apenas sentir.
E ele sorriu de volta. Certas comunicações não precisam de voz para se fazerem entendidas, apenas sentimentos já bastam.
Ela via algo de tão especial, de tão profundo naquele olhar, que sentiu que estava no caminho certo e tomara a decisão correta!
-Você é lindo, sabia? Gostei de você! Vamos aprender juntos, Damian! Quero muito aprender com você!
Ele desviou os olhos dos olhos dela e corou levemente. Súbitamente, a mão dele segurou a dela, que pousava na lateral do rosto dela, e esfregou seu rosto contra a mão dela, num gesto que primeiro a surpreendeu e ela a princípio quis retirar a mão dali, mas ele sorria, e ela cedeu.
Ainda assim, os olhos dele não estavam fixos nos dela, mas em outro ângulo.
A princípio, ela se magoou levemente, pois queria correspondência de seu olhar ao dele, e teve vontade de voltar o rosto para onde os olhos dele miravam, para que ele olhasse nos dela de novo, mas um súbito pressentimento a aconselhou a não fazer isto.
-Tudo bem, não precisa olhar para mim se não quiser, sem problemas, mas...você poderia soltar minha mão por favor?
Para dizer esta frase ela buscou seu tom de voz mais meigo e doce que poderia imaginar em seu repertório, e, para a surpresa dela ele soltou a mão dela com delicadeza. Só então olhou para ela rapidamente de novo.
Ela percebeu de imediato; havia um pedido de desculpas naquele olhar, um sentimento de culpa, como se ele tivesse feito alguma coisa de errado.
Adora pensou consigo: como ele pode comunicar-se comigo tão bem só com este olhar, deste jeito? As mensagens são tão claras, tão límpidas , tão sinceras...
Sem perceber, ela tinha arregalado os olhos, e imediatamente o olhar dele desviou-se de novo e mirou o chão. A cabeça baixou e o sorriso sumiu. Os olhos estavam semi-cerrados, o que a deixou espantada novamente, sem conseguir compreender o por quê daquela reação.Ele parecia estar a ponto de chorar.
Com  o dedo mínimo  da mão direita ela tocou no queixo dele e levantou a cabeça dele, dizendo, sorrindo ao final:
-Ei, ei, não se culpe, você não fez nada de mais, não fez nada de errado, por favor, fique tranquilo! Eu não deixei de gostar de você, nunca deixarei, ok?
Ele continuou de cabeça baixa, e com as mãos, esfregou as lágrimas que começavam a cair, e exibiu um breve e torto sorriso, todo desengonçado, e Adora pressentiu neste gesto um grande alívio, pois ele logo depois suspirou e levantou e baixou os ombros, ainda de cabeça baixa.
Também aliviada Adora se sentia, e ela então lhe disse:
-Muito obrigada ! Bom, agora preciso dar minha aula e dar atenção para o resto da classe, você compreende, não? Eu sei que você entende o que falo, então, se quiser, não precisa me responder, ok?
Damian pareceu não esboçar reação, mas no fundo, estava algo sentido. Não, não era bem sentido, havia uma ponta de desilusão ali, um quê de decepção. Ele queria que a atenção dela fosse só para ele, mas ele sabia que ela era a professora e não tinha como se dedicar só a ele, e ele ficou ponderando como ele achava isto tão injusto.
Ela iniciou a aula dela, mas sempre que podia, observava Damiam o quanto podia.
Mas agora ele estava muito distante dali. Ele olhava pela janela, um certo ponto perdido no espaço , e de repente não havia para ele ali mais nenhuma janela, mas uma vasta campina, com um belo e resplandescente céu azul, onde, de vestido branco e seus rubros e longos cabelos esvoaçando ao vento debaixo de um chapéu de largas abas também branco, Adora estava embaixo da única árvore da campina e sorria para ele. Seus olhos brilhavam.
Ele ali não estava desengonçado, sua postura não era mais caída para a frente, a cabeça não estava mais baixa e seus olhos também brilhavam ao sol e ele respondeu ao sorriso dela com seu sorriso, que agora não era mais torto, mas largo e generoso.
Ele correu e ainda correndo, abaixou-se e correu suas mãos ao solo, e belíssimas flores foram nascendo e fazendo um rastro atrás dele, até que ele chegou perto dela.
Corado de vergonha, ele fechou uma das mãos e a abriu novamente e agora havia uma margarida em sua mão.
Ela percebeu seu olhar e baixou a cabeça e a virou meio de lado.
Ele então encaixou a flor na orelha direita dela, que sorriu para ele, e quando ele apontou para um morro algo distante, onde havia um enorme girassol.
Quando ela olhou para a flor, ao invés da planta se virar para o sol, se virou para ela, e o sorriso de Damian apareceu no centro da flor.
Eles correram de mãos dadas até  o girassol e   debaixo dele havia um galho de árvore um tanque de areia.
Damian  então escreveu na areia:
-Sabe por que  a flor se virou para você?
-Não, Damian, por quê?
Ele apagou o escrito anterior e escreveu:
-Por que você é meu Sol !Então sou sua flor para sorrir para você  e meu sorriso se voltará sempre para onde você for !
-Que lindo, Damian !
Adora disse e abraçou-o e ele se sentiu querido como nunca antes...
-Damian? Damian? Você está bem? Você estava distante, parecia meio triste, não prestou atenção na aula toda...
A voz da Adora real o interrompeu brutalmente, e com tanta surpresa, com tamanha rapidez, que ele teve de sair de sua fantasia tão feliz e gostosa num átimo, e aquilo para ele foi um choque, pois estava bom demais, dava vontade de continuar por muito mais tempo. Mas o choque maior foi o contraste da Adora real para com a Adora imaginária, e o do contraste entre o Damian originário e o que atuava na Realidade. Tal choque, aliado ao fato de que detestava ter pressa e ter de sair correndo de seu Mundo Interno de Fantasia com tanta rapidez, o revoltou. Sua cara fechou e seu olhar  era emburrado.
Adora percebeu isto, mas não entendia o que acontecera e o por quê de tal reação, e também levou certo choque, atônita.
Mas sabia que precisava reagir rápido, e sua voz soou, meiga e doce:
-Ai, desculpe, Damian... não sei o que fiz de errado, mas desconfio que tenha sido algo que fiz, que o machucou e eu...eu não queria te machucar, então, por favor, desculpe, está bem? Eu quero ver você sorrir, quero te ver feliz sempre !
Só então ela percebeu que ele rabiscava alguma coisa no caderno dele. Com dificuldade, distinguiu uma flor, com um sorriso no meio.
-Que linda sua flor, Damian, é para mim?
Ele corou de vergonha e baixou os olhos, mas criou coragem, arrancou a folha do caderno e deu para ela. E fez um sinal de sim com a cabeça.
Foi quando uma colega de Damian falou com Adora, com olhar espantado:
-Nossa, Professora, que incrível ! Todo mundo aqui achava que ele era incapaz de desenhar alguma coisa ! Ele nunca desenhou nada na vida antes ! Nas aulas de Artes ele era o único que nunca desenhava nada, por mais que se pedisse, e agora ele fez sozinho, sem ninguém pedir !

(Por continuar)

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Capítulo 1:Minisérie: Adora-Alguém como você



Adora: Alguém como você

Capítulo 1:

Os céus são testemunhas, sempre foram, de que o que se presumia impossível não passava, no final de contas, do descrédito e subestimação das pessoas ao eleger seus próprios conceitos pré- formados e pré -concebidos e do orgulho fútil de não querer admitir seus erros, nem para si, nem publicamente muito menos.
O que a jovem Adora iria passar em sua vida a marcaria para todo sempre e ela jamais se esqueceria!
A professora, ao adentrar aquela escola para a qual tinha acabado de ser contratada, teve seu coração tocado assim que seus olhos pousaram em um determinado aluno, e fizeram nela nascer um sentimento de determinação como ela nunca tivera antes na vida.
Chamou sua atenção aquele aluno, que dos outros jazia isolado, sem se interessar por nada, com um olhar que lhe parecia perdido no horizonte, mas ao mesmo tempo ele virou a cabeça para o lado dela e lhe dirigiu um olhar profundo, que parecia desvendar sua alma, por mais que a tentasse esconder. Ali ela sentiu que dele ela nada jamais seria capaz de esconder!
Ela então perguntou para a antiga professora quem era ele.
- Esqueça o Damian. Aquele é um caso perdido. Ele é um Autista, e estamos pensando seriamente em tirá-lo daqui. Impossível fazer ele render alguma coisa, ele sequer fala, e foi diagnosticado com retardo mental...
-Não sejas maldosa! Ele é um ser humano, não um monstro! Eu posso ver no olhar dele que ele é muito mais inteligente do que você pensa!
-Não seja ingênua, idealista, seja realista, garota, que pelo visto nem completou trinta anos! Eu tenho o dobro da sua idade e não consegui fazer nada, não seja presunçosa, se eu não consegui nada dele, não será você que conseguirá ! Olhe só para ele!Ele nem recortar as figurinhas consegue, e já tem mais de vinte anos de idade, e ainda está junto com as crianças da oitava série, e tem repetido de ano há anos e anos, se não fosse a insistência dos pais e as leis que obrigam ele a ser escolarizado e a escola a mantê-lo aqui, já o teríamos descartado há muito tempo ! Isto para não falar que ele é agressivo e vive se metendo em confusão!
E eis que Damian lançou um novo olhar para Adora Rosebarry e sorriu para ela.
Aquilo a abalou profundamente, pois aquele olhar parecia ser um desesperador pedido de socorro, mas o sorriso era de um encanto cativante, de uma doçura que ela nunca tinha visto nem mesmo nas mais cândidas criancinhas, nem bebês a tocariam tão abissalmente !
A identificação era total, e logo ela se indignou e seu olhar para a antiga professora era o de uma tigresa furiosa:
-Ele está assim porque vocês aqui o mantiveram assim até agora !Por que nunca aceitaram como algo bom a diferença dele, não souberam lidar com ele e nunca o aceitaram ! Não tem cabimento tanta frieza e insensibilidade !De que adianta ter tanta experiência de vida se não soube aproveitá-la, nem soube usá-la para o Bem? De que adianta tanta experiência de vida, se você não aprendeu com ela, se ela não te ensinou nada? A gente não sai do lugar na vida se ficar parada repetindo as mesmas experiências o tempo todo, sem tentar nada de novo !Não acrescenta nada, só nos diminui, pois quanto mais a gente fica parada no tempo, mais cínicamente cética a gente fica e mais agarrada ao passado também ! Esqueça, o passado não traz respostas para tudo na vida, muita coisa a gente só consegue resposta se tentar algo novo na vida, passar por novas experiências e aprender, ninguém sabe tudo ! Ele, agressivo? Com este sorriso? Desculpe, mas a mim você não engana! Eu juro que o farei o melhor aluno desta escola, e não sossego enquanto não conseguir!
-Vai ficar tentando até estar velhinha, de bengala e com Alzheimer então !E não estou aqui para ser insultada por uma mocinha presunçosa e petulante como você, e quer saber? Faço questão de fazer de sua vida um inferno!
-Gente como você faz da vida de todo mundo um inferno !Ninguém tem culpa de você ser uma fracassada, então não venha jogar a fúria de suas frustrações nos outros !
-Eu, fracassada, garota? Você tem idéia de quantos diplomas e qualificações eu tenho?
-Mas não tem experiência com Autistas, nem nunca quis ter pelo visto. Teve uma oportunidade de ouro por anos aqui e não deu importância, por puro preconceito, intolerância! De nada adiantam diplomas e qualificações se não os honramos com nossas atitudes práticas, se ficamos usando-os para nossos preconceitos e a repeti-los por toda a vida e depois tentar justifica-los !Concluo então que suas qualificações e diplomas lhe foram inúteis, simples enfeites, não lhe serviram para nada, pois profissionais que se escudam em seus diplomas para não experimentar nada e avançar no conhecimento, tentando o que ninguém nunca tentou antes, nunca serão os profissionais que seus atendidos realmente precisam !Quem importa mais, sua vaidade ou seus alunos?

(Por continuar)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Episódio 60- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



Era a primeira experiência da vida de Lune de dividir seu quarto com alguém.
Não que ela já não tivesse recebido Rina em seu quarto ou não tivesse ido dormir na casa de Rina, nem tivesse recebido Ruri para dormir em seu quarto com ela e vice versa, nem que já não tivesse dividido seu quarto com Takeo e Soichiro, mas agora era diferente: seria uma divisão sistemática, de convivência no mesmo quarto, de todos os dias, ainda que cada uma tivesse e dormisse na sua própria cama.Seria uma troca e divisão de intimidades cotidiana a que ela não estava acostumada e nunca tivera na vida, pois é muito diferente passar uma semana na casa do namorado e agir como se fossem casados, de vez em quando, ou receber uma visita de pernoite fortuita, aleatória.Agora não, seria por anos e nesta experiência ela precisaria aprender a conviver com outra garota no dia a dia, dividir o banheiro com ela, dar de cara com ela todo dia ao acordar, etc, e , claro, choques e discórdias seriam inevitáveis, mas fazem parte.É muito diferente manter uma amizade com cada uma em sua casa, mesmo que vizinhas, e manter uma amizade com alguém que mora no mesmo quarto que você e que você tem de encarar todo dia, toda hora !
E por que Lune decidira por algo tão radical? Dó de sua nova amiga? Não. A razão principal e o raciocínio eu ela usou foi o de que (confiando e esperando que Mercedes não fosse) com a amiga no mesmo quarto, ela evitaria as visitas indesejadas de colegas lésbicas que viviam querendo fazer amor com ela.
O que ela não ponderou, no entanto, e que iria lhe trazer problemas no futuro, era a possibilidade (bastante real, aliás) de má ou maldosa interpretação de suas colegas, achando que as duas poderiam estar namorando sério e estarem envolvidas em relações sexuais uma com a outra !
Lune abriu a porta de seu quarto e  convidou Mercedes para entrar.
-Com licença, Lune-san !
-Imagine, fique ‘a vontade !
-E vou ficar mesmo, não aguento mais esta roupa quente, vou colocar algo mais leve, ‘a vontade. Ah, eu sei que não é muito polido para os costumes japoneses, mas eu ainda não estou muito acostumada, nem afeita aos sufixos depois dos nomes, você se importaria, ou melhor, me permitiria , que só entre nós, sem ninguém por perto , eu a trate apenas como Lune e você me trate apenas como Mercedes? Eu sei que isto deve soar como algo um pouco íntimo demais para você, mas é que na Espanha não faz parte de nossos hábitos e eu estranho muito ainda...por favor !
-Tudo bem, Mercedes, se você prefere assim...fico realmente um pouco constrangida, mas apenas procure tratar-me convenientemente em público para não me criar situações vexatórias, certo?
-Tudo bem, obrigada !
E Mercedes deu um abraço em Lune, que a repeliu delicadamente.
-Não faz parte dos costumes nipônicos tanta intimidade, tanto contato, Mercedes...
Lune ruborizou levemente.
-Ai, desculpe ! Esqueci, é que no meu país a gente se abraça com muita frequência, até eu me acostumar com os costumes daqui...mas vou me vigiar, juro !
Enquanto falava, Mercedes ficou quase nua, só de calcinha, enquanto escolhia novas roupas na mala.
O motivo real da ruborização de Lune não fora só o abraço, fora a nudez de sua amiga.
-Lune, você me acha bonita? Você acha que eu tenho um corpo bonito?
-Ahaaam, eu não costumo opinar sobre beleza ou corpos de outras mulheres, eu sou heterossexual, e não curto este lance de lesbianismo como várias colegas da faculdade e da pensão.
Agora que ruborizou foi Mercedes, colocando a camisa do short doll na frente do corpo.
-Ai, desculpe de novo, amiga...eu também sou hétero e não curto este negócio de namorar meninas, pode ficar tranquila, nunca a assaltarei nem invadirei sua cama ou seu banho, nem nunca vou querer fazer amor com voc~e, fique tranquila, não precisa ter medo de mim não, pode confiar !É que me olho no espelho e encano que eu tenha celulite e estrias e ainda sou tão jovem, eu não me conformo com meus pneuzinhos...
Vendo que a menina tinha problemas de auto estima e carência afetiva,Lune respondeu com um sorriso torto e sem jeito, bastante constrangida:
-Não estou vendo celulites ou estrias, nem pneuzinhos em você não, você está exagerando ! Você vai precisar usar o banheiro agora? Eu queria tomar um banho...
-Pode ir, Lune, eu não vou precisar agora não...
Lune pegou uma toalha e  seu pijama de dormir no armário, além de lingierie nova e foi ao banheiro e trancou a porta.
-Lune , eu vou dormir um pouquinho, estou cansada ! Você não se importa, não é?
-Não !Respondeu Lune de dentro do banheiro , já completamente nua.
Ao sair do banho, já que Mercedes já tinha ido dormir, ela resolveu se trocar no quarto mesmo, após se enxugar.
Quando a toalha caiu no chão...
-Aaaahn, nossa, Lune, mas você tem um corpo perfeito ! Que inveja !Nenhuma celulite, estria, pneuzinho, nada !
-Aaaaaaaah !
Gritou Lune, de susto, e imediatamente colocou a toalha na frente do corpo.
-Ai, desculpe, é mesmo, eu não devia ter olhado...
-Você não disse que estava dormindo? Por que ficou me olhando? Que intenção é esta?
Gritou, irada, e com uma careta brava, Lune, já enrolada na toalha.
-Nada, nenhuma, juro, perdoa, eu acordei com o barulho da porta abrindo, só isto...
-Vira para o outro lado e não ouse olhar para mim até eu mandar ! Na próxima vez vai levar um tapa bem dado na cara para você aprender a me respeitar!
Triste e com vontade de chorar, Mercedes deu as costas para a amiga, que se trocou com a velocidade de um furacão.
Mas Mercedes não conseguiu se conter. Até então calada, começou a chorar baixinho, até que sentiu o impacto de um peso no colchão, arregalando os olhos de susto e engolindo em seco.
-Desculpe...eu...eu fui muito grossa e agressiva com você, mas é que...eu...eu sou muito tímida e tenho uns traumas...
Mercedes se virou de lado e percebeu Lune, de pijama , sentada ao seu lado, na beira de sua cama.
-Imagine, não foi nada, eu que te desrespeitei e cometi um erro grosseiro...
Lune se levantou e deitou na cama dela, deixando livre a cama da amiga.
-Vou te contar sobre a minha vida. Acho essencial você saber e conhecer, para aprender a lidar comigo.
Por horas, Lune contara muito de sua vida até então, apara a amiga, com riqueza de detalhes.

(Por continuar)