domingo, 23 de maio de 2021

Conto: A curiosa história do Professor Pasquatorta

 


A curiosa história do Professor Pasquatorta:

Longe se vai no tempo em que o Professor Pasquatorta foi um menino.
Ele adquiriu este nome tão diferente por que, quando ele era criança, ele recebeu um ovo de Páscoa torto.
Ele notou na hora que o ovo era torto e, inicialmente quis chorar. Mas não tinha jeito, chorar não ia fazer substituir seu ovo por um comum, nem iria desentortá-lo.
Então o garoto quebrou a cabeça de tanto pensar em como ele iria desentortar aquele ovo de chocolate.
Tentou, tentou , tentou, por todos os meios que sabia , e mais os que inventou na hora,e só conseguiu quebrar o ovo em pedacinhos.
Mas ele não desistiu- apesar de comer o ovo despedaçado, ele resolveu dedicar sua vida a conseguir desentortar ovos de Páscoa tortos.Todas as pessoas ficavam intrigadas e surpresas de ver aquele menino solitário tentando incessantemente desentortar todos os Ovos de Páscoa tortos que encontrava pela frente, uns inclusive riam dele, o achavam esquisito pela sua mania de desentortar ovos ao invés de comê-los de uma vez. Outros ainda achavam que ele amava ovos assim, e passaram a presenteá-lo toda Páscoa com ovos tortos.E o nome pegou: todo mundo o chamava por Pasquatorta, tanto que ninguém mais sabia qual o primeiro nome dele.
Bem mais tarde, o Professor Pasquatorta se formou na Universidade, no curso de Desentortologia.
Acabou sendo professor nesta área, e muita gente ria dele dizendo que era impossível desentortar um ovo torto sem quebra-lo.
Um dia, já velho, o Professor Pasquatorta conseguiu , enfim, desentortar um ovo de Páscoa torto sem quebra-lo.
Era o sonho de toda uma vida, de tantas noites em claro, de tanto suor e trabalho duro, de tanto estudo !
Porém, uma sensação estranha lhe percorreu o corpo e a mente quando viu o ovo torto desentortado:
De repente, aquilo não fazia mais sentido, não era natural. E se todo mundo soubesse que ele conseguira desentortar um ovo, o que pensariam dele?
Ele não seria mais o Pasquatorta, não seria mais ele mesmo, sua visa perderia o sentido,que graça teria, agora que conquistara o que
Tanto buscou na sua vida?
O Professor Pasquatorta quedou-se triste.
Mas então, e só então, depois de toda uma vida, percebera que o sabor do Ovo de Páscoa torto era o mesmo do sabor do ovo de Páscoa comum, e que a diferença- e a beleza do ovo torto estava justamente no ovo ser torto. Era o que realmente o fazia diferente, e as curvas de sua tortiçe eram belas, agradáveis, uma obra de Arte, porque desentortar então?
Para buscar uma resposta, ele mergulhou fundo nos seus trabalho, na sua pesquisa, revisou-as todas de novo, mesmo as mais antigas, e ao invés de uma resposta, o que encontrou foi surpreendente:
Como eram infinitas as variações dos ovos tortos, quantas maneiras de se entortar diferentes, quantos formatos tão diversos, como eram lindos estes formatos e como era linda esta diversidade !
E surgiu uma nova questão na sua mente a atormentá-lo:
Como, em todos aqueles anos, de tanto trabalho, pesquisa, estudos, ele não percebera algo tão óbvio, que estava na sua frente o tempo todo?Como ele, o maior especialista em ovos tortos do mundo, não percebeu algo tão simples, e justamente por ser tão simples, se tornava tão belo e majestoso em sua mente agora?
Suas lágrimas de emoção coroaram seu sorriso.Havia outro sentido ‘a sua vida agora !
Aquela sim, era a descoberta de sua Vida !
Tornou a descoberta de como desentortar ovos, secreta, ninguém soube dela.
Fez um pronunciamento na sua Universidade, declarando formalmente ser impossível desentortar ovos tortos e que desistia de tentar desentortá-los, para o assombro de todos!
Aposentou-se da Universidade, e passou a dedicar o que lhe restava de sua vida a colecionar avidamente Ovos de Páscoa tortos e a admirá-los como troféus, e com isto um dia, morreu feliz, consciente de que ser torto é natural e belo e não existe para ser corrigido, mas para ser admirado em todas as suas formas e diversidade ! Estava realizado afinal !

FIM

Cristiano Camargo


sábado, 8 de maio de 2021

Episódio 12: Admirer Voyages: Infinity !

 

Dina e o restante de sua comitiva foram até a naveta, da qual partiram da superfície do planeta.

Logo já estavam de volta na velha nave.

Poucas horas depois, outra comitiva, desta vez liderada por Isolda, descia ao planeta para levar os equipamentos a serem presenteados e instalados lá.

Tudo parecia estar bem e tranquilo e o resto do dia assim passou, a equipe voltou horas depois, e a noite, quando Dina já tinha ido dormir:

-Capitã :presença solicitada na Ponte !

Soou pelos alto falantes do quarto dela.

-O que foi agora, Irisa?Eu estou dormindo...

-Mensagem Prioritária Urgente do Governo do Planeta !

-Ah, esta não, o que será agora...

Dina levantou-se da cama, colocou seu uniforme correndo, penteou-se voando e foi direto para a Ponte.

Ao chegar lá, deu de cara com Amber:

-O Governo precisa urgente falar com a senhora, Capitã!

-Eu sei, eu sei...na tela , por favor, Stephanie...

-Capitã Dina Russel Janessay?

-Sim, sou eu...

-Aqui é o Vice-Arcano! Nosso Arcano Supremo foi morto !

-Morto?

-Sim, tudo indica ter sido um assassinato. Há um golpe de Estado em curso, forças ligadas ao Ministro da Indústria estão tentando assumir o poder ! Precisamos da ajuda de vocês !

-Por favor nos perdoem, mas este é um assunto interno da política de vocês, não podemos intervir...

-Vocês já interviram se oferecendo para nos ajudar, e instalando os filtros. O Ministro não aceitou ter sido humilhado em público e nem os filtros e está liderando uma revolução, estamos em Guerra Civil !Os partidários deles estão destruindo seus filtros !

Dina suspirou e pensou:

“-Mais esta agora...”

-Senhor Vice Arcano, eu vou me informar com meu governo e com as minhas oficiais e dentro de quatro IL´s lhes daremos nossa resposta !

-A aguardaremos ansiosos ! Vice Arcano, desligando!

 

-Stephanie, abra um canal com o QG da R-KASF para mim agora, estarei atendendo no meu escritório !

-Sim, Capitã !

Dina deu então uns poucos passos, passou pela porta automática, entrou no seu escritório , onde seu terminal de computador já estava ligado,

-Aqui é a Comodoro Milla Margareth Milwaukee! Pois não, Capitã Janessey, por que nos chama a esta hora da madrugada?

-Excelência, eu vou lhe explicar em detalhes...

-Pois não, estou aguardando.

Dina contou toda a situação.

Ao terminar, o semblante da já severa Comodoro, grisalha e com muitas rugas no rosto, era bem bravo:

-Em primeiro lugar, vocês não tinham de parar neste planeta de jeito nenhum, isto vai contra as ordens que lhe foram passadas !Segundo, vocês interferiram na política interna de um planeta sem autorização oficial ! Saiam imediatamente da órbita deste planeta e vão cumprir suas ordens originais ! Não haverá suporte oficial  algum da R-KASF ligado a este planeta !Fui clara, Capitã?

-Si...sim, senhora, Excelência !

-E não nos chame mais a esta hora da madrugada !Cumpra o que lhe é mandado e restrinja-se ‘as suas ordens ! Ou vai ser rebaixada a Alferes numa corveta  de escolta, entendeu?

Dina engoliu em seco, olhos arregalados, trêmula. Não esperava tamanha brutalidade verbal.

Lágrimas corriam de seus olhos.

 

(Por Continuar)

Episódio 6: As Piratas também Sonham: Sob os desígnios da Manticora !

 

April estava exausta, e achava que a exaustão poderia ter um limite.

Mas cedo descobrira que não tinha.

-Vou te ensinar a limpar os canhões ! Está vendo esta bucha aqui, com um ferro longo no meio. É o limpador de canhões ! Enfie-o dentro das bocas dos canhões e faça assim, movimentos de vai e vem, e vá tirando os restos de pólvora do cano e do fundo, que vão cair neste balde. Aí você joga o balde cheio naquele barril de restos de pólvora , volta e vai limpar canhão por canhão, um por um até não ter mais um restinho de pólvora em nenhum !E depois disto, voce vai usar este pano para dar brilho aos canos dos canhões assim, deste jeito, como estou fazendo. Todos ele, quero todos eles brilhando, entendeu? Não come enquanto não terminar tudo , mandriona !

April tinha vontade de chorar...eram dezenas de canhões !

Mas não havia lugar nem tempo para lágrimas de mocinha em um navio pirata.

Sabendo que desobedecer poderia ser pior, April começou, mesmo exausta, a trabalhar.

Quando já estava quase escurecendo, Laura apareceu e conferiu o trabalho dela.

-Pode ir jantar, fanfarrona , por hoje já basta !Mas amanhã tem mais !

April mal tinha forças para comer, mas seu estômago roncava em fúria.

Foi deste jeito que recebeu sua porção de pão seco e caldo de peixe.

Já era escuro quando ela caiu em sua rede para dormir.

E ainda era escuro quando Laura acordou todas as piratas para trabalhar, sendo que o dia seguinte nem tinha amanhecido direito.

Mas April estava em um sono ferrado.

POW !

April foi acordada com um soco violento na barriga, tão forte que ela achou que seu umbigo fora parar na  espinha !

-Aaaaaaai !

-Acorda, mandriona !Preguiçosa ! Hora de trabalhar, levanta ! Ou vai ser amarrada no mastro e levar dez chicotadas !

-Si, sim, senhora !

April levantou na hora !

Tinha vontade de rolar no chão e se contorcer de dor, mas a cara feroz de Laura não lhe deixava alternativas.

-Raquel, leve-a para as velas, é hora de ela aprender  esta função !

-Sim, senhora !Vem, April !Ah, esta é a minha irmã Suzana, pode chamar ela de Suzy, sempre trabalhamos juntas !

April seguiu as duas e foram ao mastro principal.

-Nossa, é tão alto...

-É alto mesmo, mas com o temo voc~e se acostuma e sobre até o fim e desce rapidinho !

Disse Raquel, subindo no mastro com a destreza de uma macaca.

-Nunca vou conseguir fazer isto!

-Ah, vai sim, April, ô, se vai !Suzy , dê a ela aquele clássico incentivo !

-Pois não , irmãzinha...

-Que incentivo?Suzy, por que você está sacando sua espada?Cuidado, este troço machuca e...

-Defenda-se !

Suzy avançou para cima de April com cara feroz, com tudo.

Apavorada, April subiu correndo pelo mastro, desesperada.

Todas as piratas que estavam por perto caíram na risada.

Quando April deu por si, já estava na barra inferior do mastro, agarrada a ele, a uns bons seis metros de altura!

Suzy também subiue disse

 -Esta é a vela principal. Você controla ela por esta corda aqui.Puxe-a assim !

-Mas se eu soltar as mãos, eu caio !

-Não se tiver equilíbrio !Ande pela barra !

E Suzy sacou sua espada  novamente e a apontou para a barriga de April.

-Anda, corra, vai , gaivota mandriona!

Reforçou Raquel.

Com suas espadas apontadas para sua barriga, capotando de medo, April  caminhou com dificuldades pela barra,  se afastando do mastro.

-Cuidado para não cair na vela ! Se voc~e a rasgar, terá de costura-la !

Disse Raquel, divertida.

-Nem cair no mar, ninguém tem obrigação de ficar te salvando !

Foi a vez de Suzy,

Raquel deu um salto digno de ginasta olímpica e foi parar atrás de April.

-Mas que traseiro bonitinho...não dá vontade de espetá-lo com a espada até o osso?

 

(Por Continuar)