Agora a tripulação da nova Capitã Ariadne já era
de sete marujas, mas ainda assim era pouco.
Lorena explicou para as novas integrantes a crise
pela qual passavam, e foi aí que Débora
disse que sua família tinha ligações com gente poderosa das duas ilhas e que
tinham muitos amigos ricos de seu pai, que lhe deviam favores.
Ariadne então encarregou Débora e Sofia de cobrar
estes favores destes amigos do pai dela e com isto conseguir recursos para que
pudessem arrumar uma nova tripulação.
Com uma parte do que as garotas de Ariadne (e a
própria também) conseguiram se prostituindo, elas compraram roupas decentes
para ir visitar estas pessoas, inclusive a tia dela. E também puderam comer
alguma coisa numa taverna, já que estavam verdes de fome.
Só então se iniciou a peregrinação em busca de
recursos, víveres, munições e, principalmente um navio.
Um destes amigos do pai de Débora também era
amigo do pai de Sofia, e era um Almirante aposentado, cujo velho navio de
guerra, uma galeota, acabara de ser descomissionado e estava em péssimas
condições, e teria de ser reformado para se tornar navegável de novo.
Ao saber da morte de seus amigos e de quem os
matou, ele não teve dúvidas e ofereceu seu velho navio a elas de graça. Porém,
não tão de graça assim, pois a reforma teria de ficar ‘as custas delas, e não
seria barata.
Ele também conseguiu para elas, no nome de Ariadne,
uma nova Carta de Corso, para evitar que militares as prendessem.
Depois, em contato com vários outros amigos, não
tão prestativos, conseguiram valiosas somas de empréstimos ‘as custas de eles
se deitarem com elas como condição para o pagamento.
No dia seguinte, chegaram na estalagem onde suas
colegas piratas estavam e apresentaram os resultados.
Animadas, elas foram até o porto e encontraram
seua nova belonave:
-Mas...mas...mas ...isto aí...é...uma velharia
!Como que este troço ainda flutua? Olha o estado desta coisa !
Disse Ariadne.
-Nós vamos navegar...nisto aí?Não, vocês só podem
estar brincando, não é possível !
-Mas temos o dinheiro para a reforma !É a única
coisa que temos !
-Débora tem razão. Vamos ter de trabalhar duro
para colocar esta encrenca flutuante de volta ao mar, e ele será o nosso lar
daqui por diante. Vamos lá comprar os materiais , munições, víveres e tudo o
mais e vamos arregaçar as mangas e trabalhar !
Disse Ariadne.
E assim o fizeram. Levaram uma semana trabalhando
noite e dia, mas por fim, deixaram o naviozinho em condições navegáveis.
Enquanto isto, Débora, Sofia e Denise ficaram
encarregadas de arranjar novas tripulantes para o navio.
Mas onde arranjariam?
Elas já sabiam que era só procurar as vítimas de maridos violentos que não tivessem
filhos, as prostitutas que tinham cansado desta vida, as que eram perseguidas
por terem se revoltado contra o machismo e contra a servilidade doméstica, as
que tinham cometido algum tipo de crime e eram pobres demais para arranjar
marido, enfim, todas as exclusas da sociedade, que não eram poucas.
Com dinheiro na mão, as três conseguiram em poucos dias,mais cinquenta e três mulheres
mal amadas e desprezadas pela sociedade, as excluídas, e logo Ariadne as
contratou e as colocou para trabalharem na reforma do navio.
Por fim, instalaram as velas e estava tudo
pronto.
Débora costurou novas roupas de Capitã para
Ariadne e para ela mesma e Sofia, e agora não pareciam mais civis. Estavam
todas a caráter, com calças compridas e camisas, lenços na cabeça, etc. E
acabou tendo que costurar para todas as outras, para que estas abandonassem
seus vestidões esfarrapados.Até espadas novas foram compradas !
-Muito bem, agora sim, podemos iniciar nossa
jornada de vingança !Vamos zarpar !
Disse a
nova Capitã, orgulhosa em seu casaco púrpura e seu chapéu glamouroso.
-E como vai se chamar nosso navio, Capitã?
- Vai ser uma homenagem ‘a taverna da Sofia, “Barracuda
Feliz” !
Sofia ficou emocionada com a homenagem, e
agradeceu ‘a sua Capitã.
Agora se iniciava uma nova jornada, em que
Ariadne pessoalmente treinaria Débora e Sofia para serem piratas, e para
aprender a manejar a espada também.
Neste meio tempo, o Black Marlin já ia longe.
Singrando os mares azuis e aproveitando uma
corrente oceânica, seguia veloz.
A tripulação seguia sua rotina, mas June, como
muitas ali, estava entediada.
-Ah, Juliette, não gosto muito quando as coisas
estão tão tranquilas assim...queria mais ação !
-Como lutar contra uma serpente marinha, um
monstro do mar?
-Ah, estas coisas não existem, Imediata !
-A senhora falou a mesma coisa sobre o Kraken, há
uns anos atrás.
-Era apenas uma lula gigante, não um monstro,
e a vencemos.
-Ah, sim, acertamos a bala de canhão bem no olho
dela, me lembro direitinho !
-Pois é, mas isto já é passado, Juliette...
-No entanto, a senhora já virou uma lenda, já
está famosa!
-Há, fama !Pouco me importa a fama, quero mais é
ação !Precisamos de novos tesouros , já estamos quase sem dinheiro agora !
-Bem podíamos encontrar um galeão espanhol cheio
da prata da Argentina, ou do Ouro do Brasil !
-É, não seria má idéia não...nunca estive no Novo
Mundo !Só ouvi falar !
-Poderíamos ir explorar lá, de lá saem muitos
navios carregados , Capitã!
-Sim, saem. Mas os ingleses estão de olho lá,
querem o ouro e prata dos portugueses e espanhóis para eles. Isto sem falar nos
franceses, alemães...onde tem abundãncia de metais preciosos, sempre tem
abundãncia de navios militares !
-Verdade, Capitã.É por isto que nunca vamos para
a Europa também?
-Exato !Somos um navio só, os militares são
muitos, não vale a pena arriscar. Não quero morrer enforcada !Prefiro morrer
lutando !
-Nem fale nestas coisas, Capitã! Atrai coisas
ruins para a gente, vamos mudar de assunto...
(Por continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário