terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Episódio 12(Final-Parte 1)-Minissérie-As Piratas também sonham:Pirata x Pirata





Neste ínterim, a Capitã Marlene fazia de tudo para conseguir  navegar com suas pouquíssimas tripulantes. Sabia que com tão pouca gente seria impossível de enfrentar a Capitã June e sua tripulação. Ou de conseguir abordar outros navios. Ela chegou a conclusão de que tinha de contratar mais gente para o navio poder funcionar direito, e para poder colocar seus planos em ação. Consultando seus mapas, encontrou uma ilha que considerou ser perfeita: Záppara !
A ilha de Záppara era um famoso covil de piratas , com vários portos clandestinos (e um oficial) e sua geografia tinha baías e recortes onde era fácil esconder navios grandes, pois as águas em volta da ilha eram profundas.
Ela não queria aportar no Porto Oficial, pois seria facilmente encontrada e os demais piratas não poderia saber que sua tripulação estava tão reduzida.
Ela gostara da idéia de uma tripulação totalmente feminina, então seu plano era raptar dezenas de mulheres da ilha, mantê-las como escravas brancas e treiná-las para serem piratas.
Ela mandou que o seu navio  circulasse em volta da ilha para encontrar uma baía escondida e não ocupada, onde pudesse esconder seu precioso navio.
Assim, tão logo a ilha fora avistada, o navio percorria uma longa rota circular em volta da ilha.
No alto da vigia, no mastro principal, estava Denise, em seu posto solitário. Agora que já tinha avistado a ilha, não tinha muito o que fazer. Porém, ali se revelava  algo de muito especial nela: ela tinha uma estreita relação com as gaivotas, e , virava e mexia, pousavam na borda do cesto. De algum modo elas pareciam atraídas por ela, que conversava com elas. Quem conhece gaivotas sabe que elas são ariscas e de poucos amigos,  costumam se aproximar das pessoas , ainda mais com intenções amistosas.
Sempre que podia, Denise roubava  um ou  outro peixe seco e salgado da dispensa e dava para elas no bico, elas chegavam mesmo a pousar em seu braço.
-Vocês são minhas únicas verdadeiras amigas! Queria ser livre e poder voar como vocês !
Finalmente a baía foi encontrada, era pequena, mas suficientemente grande para fundear um navio daquele tamanho, e bem escondida por traiçoeiros agulhões escarpados e afiados que despontavam aos montes da linha d ´agua. Denise foi orientando a timoneira até chegarem , e pararam ao lado de um paredão rochoso com centenas de metros de altura.Lá baixaram a âncora e desceram um bote, onde as piratas remavam, menos  Marlene, sentada na popa.
Finalmente acharam uma pequena praia escondida, onde esconderam o bote nos arbustos e foram para a cidade.
Ao chegarem lá, viram uma garota sendo expulsa de uma taverna, um homem obeso , provavelmente o taverneiro, gritando:
-E nunca mais roube dos meus amigos piratas ! Ainda bem que vi antes deles perceberem, ou você já teria morrido !

A menina, com não mais que dezessete anos, estava caída sentada no chão de paralelepípedos, com um olho roxo e sangrando, resultado de um soco na cara violento recebido daquele homem.  não sabia, mas aquele olho tinha descolado a retina com a violência do soco e já estava cego.
 -Então você andou roubando os piratas da taverna, han?    
A garota olhou para cima e viu  a Capitã Marlene e suas piratas.
-Por favor, não me matem, não me matem !
-Como você se chama, mandriã?
-Lola, senhora.
-Bom, podemos não te matar nem te bater se você fizer parte de nossa tripulação e arranjar mais mulheres piratas para nós!
Disse Marlene, com um sorriso malicioso em seus lábios finos e delicados.
-Eu aceito !Disse Lola, com entusiasmo. Não via a hora de fugir daquela ilha que odiava. Estava cansada de ser estuprada todos os dias pelos piratas e pelo taverneiro, que fazia festinhas fechadas em sua taverna pelas madrugadas com elas e outras garotas jovens, usando-as como prostitutas, mas nunca as pagando, recebendo em seu lugar e caso se recusasse, espancando-as. O ódio dela aos homens era infinito, e tinha profundas e muito íntimas razões para isto.
Rápidamente Lola chamou suas colegas exploradas sexualmente, nas tavernas  da região dos portos e , não demorou, logo arregimentou mais sessenta  e quatro mulheres, muitas adolescentes, outras adultas.
No dia seguinte, o bote ia e voltava desde a madrugada, levando meia dúzia de garotas de uma vez para o navio. Levou um dia inteiro, mas ao cair da noite, estavam todas no navio.
Todas reunidas  no tombadilho, a Capitã Marlene deu-lhes as boas vindas:
-Muito bem, sejam bem vindas, fanfarronas! Este será de agora em diante o navio pirata em que trabalharão, o  Moréia Negra, e eu sou a Capitã de vocês e me chamo Marlene. Esta do meu lado direito é a minha Imediata, Ariadne, e do meu lado esquerdo está a terceira em comando, Lorena. As outras duas são Rita e Denise, colegas suas mais experientes.
Minha Imediata irá treinar todas vocês na arte da espada e Lorena ensinará a vocês as demais tarefas. Vocês roubaram as espadas dos navios piratas que mandei?
-Sim, senhora, Capitã !
-Muito bem, não temos um minuto a perder! O navio já está bem abastecido, inclusive de pólvora e  vamos zarpar agora, antes que os demais piratas nos encontrem. Ao trabalho, mandriãs !
Lorena foi ensinando as tarefas de regular as velas e preparar o navio para zarpar, e logo estavam saindo, naquela clara noite de lua cheia, numa saída arriscada, com Denise se esforçando muito a enxergar os recifes pontiagudos para desviarem-se deles.
Logo estavam em mar aberto e fugiam a todo pano.

(Por continuar)

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