Neste ínterim, a Capitã Marlene fazia de tudo
para conseguir navegar com suas
pouquíssimas tripulantes. Sabia que com tão pouca gente seria impossível de
enfrentar a Capitã June e sua tripulação. Ou de conseguir abordar outros
navios. Ela chegou a conclusão de que tinha de contratar mais gente para o
navio poder funcionar direito, e para poder colocar seus planos em ação.
Consultando seus mapas, encontrou uma ilha que considerou ser perfeita: Záppara
!
A ilha de Záppara era um famoso covil de piratas
, com vários portos clandestinos (e um oficial) e sua geografia tinha baías e
recortes onde era fácil esconder navios grandes, pois as águas em volta da ilha
eram profundas.
Ela não queria aportar no Porto Oficial, pois
seria facilmente encontrada e os demais piratas não poderia saber que sua
tripulação estava tão reduzida.
Ela gostara da idéia de uma tripulação totalmente
feminina, então seu plano era raptar dezenas de mulheres da ilha, mantê-las
como escravas brancas e treiná-las para serem piratas.
Ela mandou que o seu navio circulasse em volta da ilha para encontrar
uma baía escondida e não ocupada, onde pudesse esconder seu precioso navio.
Assim, tão logo a ilha fora avistada, o navio
percorria uma longa rota circular em volta da ilha.
No alto da vigia, no mastro principal, estava
Denise, em seu posto solitário. Agora que já tinha avistado a ilha, não tinha
muito o que fazer. Porém, ali se revelava
algo de muito especial nela: ela tinha uma estreita relação com as
gaivotas, e , virava e mexia, pousavam na borda do cesto. De algum modo elas
pareciam atraídas por ela, que conversava com elas. Quem conhece gaivotas sabe
que elas são ariscas e de poucos amigos, costumam se aproximar das pessoas , ainda mais
com intenções amistosas.
Sempre que podia, Denise roubava um ou
outro peixe seco e salgado da dispensa e dava para elas no bico, elas
chegavam mesmo a pousar em seu braço.
-Vocês são minhas únicas verdadeiras amigas!
Queria ser livre e poder voar como vocês !
Finalmente a baía foi encontrada, era pequena,
mas suficientemente grande para fundear um navio daquele tamanho, e bem
escondida por traiçoeiros agulhões escarpados e afiados que despontavam aos
montes da linha d ´agua. Denise foi orientando a timoneira até chegarem , e
pararam ao lado de um paredão rochoso com centenas de metros de altura.Lá
baixaram a âncora e desceram um bote, onde as piratas remavam, menos Marlene, sentada na popa.
Finalmente acharam uma pequena praia escondida,
onde esconderam o bote nos arbustos e foram para a cidade.
Ao chegarem lá, viram uma garota sendo expulsa de
uma taverna, um homem obeso , provavelmente o taverneiro, gritando:
-E nunca mais roube dos meus amigos piratas !
Ainda bem que vi antes deles perceberem, ou você já teria morrido !
A menina, com não mais que dezessete anos, estava
caída sentada no chão de paralelepípedos, com um olho roxo e sangrando,
resultado de um soco na cara violento recebido daquele homem. não sabia, mas aquele olho tinha descolado a
retina com a violência do soco e já estava cego.
-Então você andou roubando os piratas da
taverna, han?
A garota olhou para
cima e viu a Capitã Marlene e suas
piratas.
-Por favor, não me
matem, não me matem !
-Como você se chama,
mandriã?
-Lola, senhora.
-Bom, podemos não te
matar nem te bater se você fizer parte de nossa tripulação e arranjar mais
mulheres piratas para nós!
Disse Marlene, com
um sorriso malicioso em seus lábios finos e delicados.
-Eu aceito !Disse
Lola, com entusiasmo. Não via a hora de fugir daquela ilha que odiava. Estava
cansada de ser estuprada todos os dias pelos piratas e pelo taverneiro, que
fazia festinhas fechadas em sua taverna pelas madrugadas com elas e outras
garotas jovens, usando-as como prostitutas, mas nunca as pagando, recebendo em
seu lugar e caso se recusasse, espancando-as. O ódio dela aos homens era
infinito, e tinha profundas e muito íntimas razões para isto.
Rápidamente Lola
chamou suas colegas exploradas sexualmente, nas tavernas da região dos portos e , não demorou, logo
arregimentou mais sessenta e quatro
mulheres, muitas adolescentes, outras adultas.
No dia seguinte, o
bote ia e voltava desde a madrugada, levando meia dúzia de garotas de uma vez
para o navio. Levou um dia inteiro, mas ao cair da noite, estavam todas no
navio.
Todas reunidas no tombadilho, a Capitã Marlene deu-lhes as
boas vindas:
-Muito bem, sejam
bem vindas, fanfarronas! Este será de agora em diante o navio pirata em que
trabalharão, o Moréia Negra, e eu sou a
Capitã de vocês e me chamo Marlene. Esta do meu lado direito é a minha
Imediata, Ariadne, e do meu lado esquerdo está a terceira em comando, Lorena. As
outras duas são Rita e Denise, colegas suas mais experientes.
Minha Imediata irá
treinar todas vocês na arte da espada e Lorena ensinará a vocês as demais
tarefas. Vocês roubaram as espadas dos navios piratas que mandei?
-Sim, senhora,
Capitã !
-Muito bem, não
temos um minuto a perder! O navio já está bem abastecido, inclusive de pólvora
e vamos zarpar agora, antes que os
demais piratas nos encontrem. Ao trabalho, mandriãs !
Lorena foi ensinando
as tarefas de regular as velas e preparar o navio para zarpar, e logo estavam
saindo, naquela clara noite de lua cheia, numa saída arriscada, com Denise se
esforçando muito a enxergar os recifes pontiagudos para desviarem-se deles.
Logo estavam em mar
aberto e fugiam a todo pano.
(Por continuar)
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