As
Piratas também sonham:A Vingança de Ariadne
Episódio
1
Não, não iria ser nada fácil para Ariadne romper
os grilhões da dependência emocional e
do amor intenso que tinha por Marlene. A visão de sua rainha e capitã tombando
morta com o crânio esfacelado em dois pedaços era como uma adaga lhe rasgando o
coração, que não parasse de esfaqueá-lo.
Mesmo amarrada ao mastro da mezena, na popa do
Black Marlin, sendo forçada a olhar para trás, era como se sua vida também
voltasse de marcha a ré, e ela não conseguia parar de chorar.
Ela queria morrer, sumir.Tinha sido derrotada,
humilhada e teve seu coração pisoteado mais uma vez, mas desta feita, não por
sua amada.
O beijo na praia nunca mais aconteceria. Aquele
beijo inesquecível que ela guardava com devoção no coração. E a consciência
disto lhe era pesada demais, era desumana a tortura de sua mente. Ela parecia
enlouquecer a olhos vistos e grunhia e uivava como um animal selvagem,
impossível entender o que soava de sua boca espumosa e lânguida por um novo
beijo apaixonado que nunca mais ocorreria.
A miríade de sensações e lembranças tonitruantes
que povoavam sua mente qual fantasmas não lhe deixavam um minuto de paz, em
meio ‘a intensa e contínua tormenta de sentimentos que não a deixava e lhe
dilaceravam a alma como tubarões ferozes despedaçando um golfinho vivo.
Por várias vezes ela tentara morrer, parando de
respirar, mas seu corpo não deixava, insistia em viver.
Aos poucos, tomou conta e se sobressaiu um
sentimento: Vingança!
Não, ela não podia morrer enquanto não vingasse a
morte de sua amada!
Ela já era Imediata , e agora se tornaria Capitã
e tentaria fugir dali para arrumar outro navio, pegar a tripulação restante e
conseguir mais gente, para
Então perseguir seus algozes e tentar
destruí-los. Este era seu plano, pois em sua cabeça, somente uma estrondosa
vitória naval com as cabeças de June Ashton e Cléo arrancadas , penduradas em
suas mãos pelos cabelos, poderia gerar o perdão de Marlene e fazer com que a
morta se orgulhasse dela.
Enquanto Long Legs Laura jogava o corpo de
Marlene no mar, e também o braço e o que restou dos miolos dela, aos tubarões,
este fora o sentimento dominante de
Ariadne:
-Todas elas vão pagar muito, muito caro por isto
!
Ela pensara na hora.
O Black Marlin se aproximava então da Ilha de
Mistral.
Na sua cabine, June conversava com Juliette:
-Não sei se fiz bem em trazer para cá a Ariadne
e as marujas de Marlene.
Ela parece ainda um tanto revoltada e
inconformada e temo uma traição se a soltarmos. As outras, pelo que você me
diz, também estão gerando confusões a bordo e não estão se dando bem com as
nossas, não é?
-Sim, senhora. Eu, com todo o respeito, a
aconselharia a aproveitar que estamos chegando na Ilha de Mistral e deixar elas
lá, acho que com elas a bordo, o perigo
de um motim incontrolável é iminente !
-Então está decidido, Juliette, ao chegarmos na
ilha, as desembarcaremos e as deixaremos lá para se virarem!
-Por outro lado, Capitã, corremos o risco de elas
arrumarem mais tripulação e um novo navio e nos perseguirem para se vingarem!
-É um risco que teremos de correr, Imediata, mas
é menos arriscado do que termos um motim de grandes proporções em nosso navio
!Porém, eu me sinto um pouco constrangida de ter de explicar a elas..
-Pode deixar comigo, Capitã, eu explico !
-Que bom ! Muito bem, muito obrigado, Juliette!
Bom, então, quando aportarmos, peça para a Long Legs Laura libertar a Imediata
Ariadne, e descer até o cais, desamarrá-la de vez, e mandar as
tripulantes da Marlene descerem também; e entrar no navio de novo. Nem vamos
desembarcar aqui. Vamos deixar para desembarcar na ilha vizinha, Macaira !
-Sim, senhora !
Assim, o Black Marlin aportou, desceu o pranchão,
e Long Legs Laura desceu com Ariadne com ferros nos pulsos. As demais piratas
da tripulação da Capitã Marlene desceram também. Laura estava acompanhada de
uma escolta de uma dúzia de piratas de sua confiança.
As piratas de Marlene ficaram, as demais subiram
a bordo novamente após Laura libertar Ariadne, e subiram de volta.
Logo o Black Marlin zarpava para a ilha seguinte.
Ariadne desabou nos braços das companheiras, que
a ampararam.
A levaram para a sombra de uma árvore, onde ela
descansou. Tinha sido deixada com elas uma pequena soma de moedas de ouro para
se virarem nos primeiros dias.
Algumas horas depois, Ela acordou, cercada por
suas comandadas.
-A senhora está bem, Imediata?
-Sim, Lorena, agora estou melhor, acho que já
consigo ficar de pé.Mas estou com muita fome!
-Vamos naquela taverna ali perto e vamos comer
então, depois resolveremos o que faremos, senhora.
-Vamos sim !
(Por continuar)
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