Em compensação, as piratas da Capitã Marlene
reclamavam sem parar:
-Viemos parar
aqui no meio do nada !
-Sem falar neste sol escaldante, Verônica !Será
que fomos parar na África ?
-Ai, Lorena, eu nem sei, mas eu sei é que as
minhas roupas estão aos farrapos, estou parecendo uma mendiga ! E estou
morrendo de fome !
-Eu também estou com uma fome daquelas ! E quer
saber, estou com medo...ouvi falar que a Capitã é antropófaga, come criancinhas
assadas!
-Haaan, quem te contou isto, Rita?
-Foi a Ariadne, Verônica!Já pensou se ela resolve
matar uma de nós para comer?
-Que os céus me livrem, nem brinca, ela é
baixinha, mas é perigosa , Rita!Eu tenho medo dela, viu? Você já notou como os
dentes dela são afiados? Parecem dentes de foca!
-Jura?Nossa, nunca tinha notado , Verônica !
-Suas bobas, vocês não sabiam que a carne salgada
que a gente comia no navio era carne humana?Vocês comeram e ninguém deu um pio
!
-Haaan, sério, Lorena?Ai, acho que vou vomitar...
-Larga de ser fresca,Rita, sua fanfarrona !
-Falou a baixinha arrogante !
Disse Rita para Lorena !
-Arrogância você vai ver quando eu te cortar com
o fio da minha espada, idiota !
-Querem parar, vocês todas aí?Já não basta a
situação que estamos passando?
Disse Ariadne.
A Capitã Marlene parou de caminhar e disse:
-Acho melhor mesmo vocês calarem a boca, por que
se não acharmos comida nesta maldita ilha, uma de vocês vai ser morta e
devorada !Por mim !
As três fofoqueiras pararam e se calaram na hora, olhos arregalados,,
amedrontadas, pálidas e trêmulas.
Os caninos de Marlene brilhavam ao sol e sua
espada para fora também brilhou, afiadíssima.
-Imediata, estou cansada, me carregue nos ombros
!
-Sim, senhora, Majestade !
Ariadne se
ajoelhou e Marlene montou nos ombros dela como se fosse uma criança de sete
anos.
Horas e horas caminhavam e a ilha se revelava
maior do que pensavam, e ainda não tinham achado nada para comer. Ariadne já
fraquejava e começava a dobrar as pernas, ameaçando cair.
-Anda, anda, continua, escrava, vai !
Gritou Marlene , chutando os seios de Ariadne com
seus calcanhares.
Mas a Imediata estava cada vez mais fraca e
continuava a fraquejar.
Marlene não teve dúvidas: tirou do bolso do
casaco sua chibata e chicoteou com violência as costas de Ariadne, que gritava
de dor.
-Aaaai ! Aaaaai !
-Vai, escrava, anda, cavalgadura, você nasceu
para sofrer mesmo, sua preguiçosa de uma figa, não presta para nada, sua fraca
ordinária imunda !Vadia ! Vagabunda ! Prostituta barata de bordel !
E o chicote zunia , arrancando fios de sangue.
Foi quando Marlene de repente avistou ao longe
uma figura humana.
-Pare, Imediata !Me coloca no chão!
E acertou com o calcanhar direito na boca do
estômago da Imediata, que urrou de dor, e se abaixou para a Capitã descer.
A imediata estava quase desfalecendo.
Finalmente a figura humana se revelou uma garota
adolescente, já quase adulta, magrinha, com pouquíssimo seio. tinha olhos marrons muito bonitos e cabelos
pretos curtos , e um sorriso meigo e simpático no rosto.
-Ei, menina, você fala minha língua?
-Eu já trabalhei no porto, falo um monte de
línguas diferentes ! me chamo Cleópatra,
mas pode me chamar de Cléo !
-Somos piratas e nosso navio naufragou aqui.
Fomos as únicas sobreviventes e estamos morrendo de fome !Meu nome é Duquesa de Malachetta e Capitã
destas piratas , mas pode me chamar de Capitã Marlene.
-Ah, pois não, prazer em receber todas, vocês,
venham comigo, são nossas convidadas !
(Por continuar)
(Por continuar)
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