quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Episódio 6-Minissérie- As Piratas também Sonham: A Vingança de Ariadne !




-Então vamos deixar esta conversa boba para lá e trabalhar, Imediata !
-Sim, senhora !
-O treinamento das crianças já terminou?
-Sim, Capitã, a Hellen me disse que considera as três já bem treinadas e hábeis na espada !
-Muito bom, quanto mais mulheres ativas tivermos em nossa tripulação, melhor. Agora só precisam perder o medo de matar!
-Mas Capitã, será que devemos mesmo ensinar isto a elas?
-Eu aprendi com menos que a idade delas, e sem ninguém me ensinar, aos dez anos de idade, Imediata.Felizmente ou infelizmente que seja, elas estão a bordo de um navio pirata e são piratas e todo pirata tem de aprender a matar para não morrer.Não podemos poupar elas disto, ou elas nunca se protegerão sozinhas, e teremos de protegê-las pelo resto de nossas vidas.Para o Bem ou para o Mal, elas terão de ficar adultas rápido, se quiserem sobreviver e não colocarem a tripulação em risco!
Escondida atrás do mastro principal, Françoise escutou as palavras duras de June, e foi ter com as outras crianças, contando o que ouviu.
-Vamos ter de aprender a matar? Mas matar quem?Será que vão nos colocar para lutar na próxima abordagem?
-Não sei, Celine...
-Eu ouvi falar que piratas aprendem a matar capturando uma foca e a colocando no tombadilho e acertando a ela com a espada, até matá-la!
-Será possível, Melissa? Mas por aqui não existem focas!
-Ou talvez pesquem um golfinho para a gente matar, Fran...
-Ah, não, um golfinho  eu não tenho coragem de matar...golfinhos são tão bonitinhos, espertos, brincalhões...
-Pois é, nem sei,Celine, sei lá, viu...
Disse Françoise.
Só que tinha alguém escutando a conversa delas e elas, distraídas no papo, nem perceberam...
-Eu ouvi tudo o que vocês disseram, crianças...
-Mamãe ?
Gritou Fran.
-Hellen?
Gritaram as outras duas.
-Não precisam ficar preocupadas. Não vamos mandar vocês matarem nem uma fofa, nem um golfinho. E não seria muito esperto colocar vocês para matar logo durante um assalto.
-Mas então, como vai ser, mamãe, conta !
-É, conta, conta, Hellen.
-Nós faremos o próximo assalto ainda sem a participação de vocês. Depois que terminar o assalto, levaremos um dos moribundos, quase morto, para nosso navio e o amarraremos no mastro principal. Aí cada uma de vocês terá de usar suas espadas e enfiar na barriga dele para mata-lo de vez e não o deixar sofrendo tanto.
Apesar da intensa naturalidade com que Hellen falou, os olhos arregalados de espanto das meninas e sua expressão de horror , era tudo bem nítido.
-Por que este espanto todo, crianças? Depois de algumas mortes nas costas, você se acostuma e vira coisa corriqueira, pois matar faz parte de nosso ofício,  assim mesmo. Quando você está numa situação de matar ou morrer, você perde os escrúpulos de matar rapidinho !
As três correram a abraçar Hellen com lágrimas nos olhos.
-Sim, eu sei, eu sei que é duro, crianças, especialmente nas primeiras vezes não é fácil, mas a gente também não pode nos deixar morrer, não é mesmo?A vida , especialmente a vida de pirata é uma vida cruel e nada fácil, nada sofrida, de modo que até matar vira uma vitória e uma alegria- a alegria de ser o outro a ter morrido e não nós!Mas fiquem tranquilas, eu e as outras piratas vamos apoiar vocês e consolá-las sempre que for preciso !Não é por que matamos que somos desumanas, afinal, nossos inimigos matam tanto quanto a gente também, e eles não terão dó de nós, por que poderíamos ter dó deles?Agora tenho de subir no mastro da mezena e trabalhar.Vão falar com a Capitã e a Juliette que com certeza haverá algum trabalho para vocês fazerem!
E Hellen seguiu seu caminho, enquanto , pensativas e tristes, as crianças foram ter com June, que ordenou que as três fossem arrumar e limpar sua cabine e trocar a roupa de cama.
Neste meio tempo, o navio Barracuda Feliz seguia seu curso, sempre em frente.Ariadne, diferente de Marlene, era uma Capitã mais humana e compreensiva, menos autoritária, menos ditadora, sem castigos constantes, sem chicotes para exigir eficiência da tripulação.Com isto, ela era mais reconhecida e amada por sua tripulação, que odiava Marlene. Não que Ariadne não fosse temida, ela o era; mas não era tanto quanto a feroz Marlene.

(Por continuar)

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