quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Episódio 3-Minissérie- As Piratas também Sonham:A Vingança de Ariadne!




Como sempre fazia, June quis ir numa taverna, onde , numa tabuleta, se lia “A Barracuda Feliz”.
E lá, quem era o dono na verdade era uma dona, Sofia, uma jovem espanhola que herdara a taverna do pai e era famosa pela comida deliciosa que fazia. Esta taverna era costumeiramente frequentada por piratas, de modo que Sofia estava acostumada a lidar com eles. O pai dela, antes de ser taverneiro, fora pirata também, mas depois que ele teve uma perna decepada numa luta, a esposa dele o fez jurar deixar a pirataria e então ele se estabeleceu em terra e abriu a taverna, de grande sucesso.
Sofia só não fora abusada e estuprada por toda a sua vida por que o pai e seus dois irmãos a protegeram, e eles a ajudavam, servindo as mesas. O pai por anos   a ensinou a gerir e cuidar de uma taverna, mas a ferida da amputação reabriu e gangrenou e ele morreu de septicemia.
Havia seis meses que ela e seus irmãos enterraram o pai. Já a mãe contraiu uma doença que a levou dois meses após o marido. Na época, Século XVII, ninguém sabia, mas fora câncer.
Assim, os três irmãos tocavam seus negócios.
Até que June e suas piratas chegaram em sua taverna.
As piratas se sentaram todas numa imensa mesa, que os irmãos de Sofia tiveram de providencial juntando várias mesas.
A taverna estava, no entanto , coalhada de homens, todos piratas também.
Logo começava um burburinho:
-Olhem, é a Capitã Firehair June , do Black Marlin, filha do Capitão Barba Branca !
Sim, a fama de June já percorrera todas as ilhas da região e já começava a se tornar lendária por suas façanhas!
-Capitã, está todo mundo olhando para nós !
-Deixa eles, Juliette, não queremos encrencas aqui.
-O olhar deles me dá medo, Capitã, parece até que nos coitam com os olhos !
-Sim, Bianca, é a sem vergonhice deles, mas se formos nos alterar com algo a que estamos sempre sujeitas, nunca vamos ter paz, melhor ignorarmos.
Disse June.
Logo um dos irmãos de Sofia apareceu e foi anotando os pedidos. Depois se retirou.
Não demorou, um pirata forte, musculoso e bigodudo se levantou e foi até a mesa delas:
-A donzela aqui não gostaria de subir comigo para meu quarto na estalagem ao lado?Muito me agrada sua graça e seus encantos !
Hellen, o alvo da cantada, nem respondeu. Sequer olhou na cara dele.
-Ei, moça, estou falando com você ! Você é surda por acaso?
June sussurrou alguma coisa no ouvido de Long Legs Laura.
Hellen continuou o ignorando.
-Eu estou falando com você, cadela prostituta! Quando o Cão fala, a cadela levanta as cadeiras !
Foi quando o pirata sentiu um cutucar algo violento no ombro e olhou para trás.
Era Long Legs Laura, que lhe deu um soco violentíssimo na cara, e ele caiu com o rosto na mesa.
-Ei, o que é...
Laura nem o deixou falar. Com sua mão poderosa, empurrou  a cara dele contra  a mesa de madeira maciça várias vezes, até que ele quebrou o maxilar e uma poça de sangue se fez na mesa.
O capitão deste pirata viu o acontecido e gritou:
-Esta provocação não vai ficar assim ! Homens, ataquem !É guerra ! Agora é guerra !
Ao que June respondeu:
-Garotas, postos de batalha !Atacar !
Os piratas e as piratas se levantaram e sacaram sua espada, e iniciaram uma batalha sangrenta !


A luta se seguiu feroz, e cadeiras e mesas voavam para todos os lados, inclusive para cima do balcão, e Sofia e seus irmãos entraram em desespero !
Para piorar, parte dos demais piratas ficou do lado dos atacantes e parte ficou do lado de June, e no fim da batalha, a taverna ficou completamente destruída. Dezessete homens morreram e outros tantos ficaram feridos.
Mas as meninas foram incríveis. Mesmo lutando com homens mais musculosos e experientes, elas, mais jovens  e com mais agilidade e energia, os derrotaram, com quatro mortas e oito feridas sem gravidade.
June e sua tripulação foram embora dali, assim como os demais piratas e na taverna vazia, Sofia chorava. Estava arruinada, sua taverna, que fora da família por tantos anos, estava destruída e ruíra, só sobraram escombros, e ela não tinha dinheiro para construir outra. Pior ainda: seus irmãos foram atingidos por estilhaços de madeira durante a confusão e morreram.
Agora estava sozinha no mundo, sem proteção, falida, arruinada, sem destino, sem lugar sequer para dormir. Só sobraram as roupas do corpo, em frangalhos, ela agora mais parecia uma mendiga, uma indigente.
-Eu te mato, Capitã June Ashton, eu te mato !Eu juro ! Juro pelo meu pai, minha mãe, meus irmãos, minha taverna !Você me tirou tudo o que eu tinha, você me destruiu !Eu te odeiiiiooo!
Bradou Sofia, ajoelhada, erguendo a cabeça e as mãos para os céus.

(Por continuar)

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