Já para o Black Marlin, menor, mas com tripulação
experiente, as coisas transcorreram bem melhores. A embarcação sobreviveu
valentemente ‘a tempestade e já era noite quando ela finalmente arrefeceu.
‘A luz de velas e lamparinas, verdes de fome, as
piratas puderam finalmente jantar.
Estavam exaustas depois de tanta luta Após o
jantar, todas foram dormir.
No dia seguinte pela manhã, totalmente alheias ao
que tinha acontecido ao Aranha do Mar e sua tripulação, as piratas retomavam
suas rotinas de trabalho.
-Onde será que estamos agora, Imediata?
-Capitã, pelo que consultei o astrolábio e pela
posição das estrelas, calculo que não estejamos longe do Novo Mundo !
-Nos desviamos da rota tanto assim?
-Sim, Capitã, infelizmente.
-Calcule nos mapas então o curso para nossa volta
‘a nossa rota original, por favor. Nossos suprimentos não vão durar para
sempre.
-Calcularei, Capitã, porém, tenho más noticias: por
favor, molhe seu dedo e o erga ao vento.
-June fez o que Juliette pediu.
-Sem vento.
-Exato, Capitã, estamos numa calmaria!
-Agora fiquei preocupada. Se ao menos tivesse uma
corrente maritma por perto...uma ilha, qualquer coisa...
-Gaivotas ! Estou avistando gaivotas , Capitã!
Gritou Bianca,do alto do cesto de vigia.
-Então há esperanças, Juliette !Onde tem gaivotas,
tem terra por perto !Bianca, consegue perceber mais algum sinal de terra?
-Por enquanto ainda não, Capitã!
-Certo, continue seu trabalho!
June pegou sua luneta monóculo e tentou olhar em
toas as direções. Subiu no teto do castelo de proa, que era bem mais alto e
então viu esguiços de agua ao longe .Como sempre , ela estava acompanhada de
Juliette.
-Baleias ! Eu avistei baleias ao longe ! Estão ‘a
nossa proa !
-Então pode ser outro sinal de terra, Capitã. pode ser que estejamos perto do fim do mundo !
-Não diga bobagens, mandriã !Baleias também nadam
em mar aberto, elas não são um sinal seguro de terra. Bom, reúna a tripulação,
e mande todas se encontrarem no convés,
na popa. Vou ter de explicar a questão da calmaria para elas.
-Sim, Capitã !
E Juliette foi avisar a tripulação, enquanto June
observava as baleias mais um pouco.
Dali a pouco ela foi para a popa, e estava toda a
tripulação esperando por ela.
-Muito bem, marujas ! Infelizmente tenho más
novas para todas nós: estamos numa calmaria, e o quanto ela vai durar, é imprevisível.
Por isto, todas nós vamos ter de racionar água e comida daqui por diante, até voltarmos
a nos mover. Então, nada de fanfarronices com nossa comida e nossa água, nada
de desperdícios, entenderam?
-Sim,senhora ! Responderam todas as piratas em
uníssono.
-Muito bem, temos visto alguns sinais de que há
terra por perto, mas nos desviamos muito da rota por causa da tempestade, e
mesmo quando o vento voltar, estaremos em águas desconhecidas e demoraremos um
pouco a voltar para nossa rota.Podem voltar ao trabalho !
-Capitã, posso fazer uma pergunta?
-Diga, Constance.
-Se não há vento, não tem lógica a gente ficar
ajustando as velas.Então, em que iremos trabalhar?
-Vamos trabalhar na manutenção do navio. Retirem
as velas e as remendem. os cordames.
Cuidem dos mastros. não façam limpeza de
nada, pois gasta muita água.Quem tiver habilidade com pesca, ajudem a Diana a
pescar, quanto mais gente pescando, mais peixe podemos ter para não morrermos
de fome.
-E nós, Capitã?
-Vocês, crianças, vão aproveitar para treinar
esgrima com a Hellen!
-Pode deixar comigo, Capitã!
Disse Hellen num sorriso meigo e doce.
-Sei que posso contar com você, Hellen. Então,
dispensadas, mãos ‘a obra !
Retirar as velas dos mastros era uma operação
complexa, trabalhosa e demorada. E delicada também.
Porém, era bem vinda:as velas estavam bem
castigadas e com diversos pequenos rasgos.
Com agulhas e linhas nas mãos, dezenas de piratas
davam uma de costureiras, e reparavam as velas.
No convés de proa, acima do Castelo e da cabine
de June, Hellen treinava suas pupilas, que não reclamavam do sol quente e do
calor.
(Por continuar)
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