No Black Marlin, era questão de tempo a moral das
piratas começar a cair e o desãnimo e a monotonia tomarem conta.
As crianças continuavam cada vez mais avançadas e
melhores na arte da espada, mas mesmo elas, depois das duras e longas aulas, começavam a ter sua criatividade para novas brincadeiras
cansada e seu arsenal de brincadeiras acabando.
A fome era minorada pelos peixes pescados, mas
não demorou para que eles desaparecessem. Também as baleias sumiram, assim como
as gaivotas.
A vista era sempre a mesma e o navio jazia
absolutamente parado num mar tranquilo sob um céu azul e sem nuvens e não demorou para que o marasmo de
acabarem-se os trabalhos e não ter nada a fazer chegasse, o que muito
preocupava June.
Por fim, o rol de tarefas a distribuir para as
piratas acabou e elas ficavam jogadas, espalhadas pelo navio, a toa.
-Não sei mais o que fazer, Juliette !Uma semana
assim, e nossos víveres acabando, e agora acabaram os peixes e deste jeito logo
vamos ficar fracas e doentes e passaremos fome. Se ao menos aparecesse um
vento, um ventinho só, nos ajudaria tanto...
-É desestimulante não ter mais ordens a dar, e não ter o que fazer, e as marujas jogadas
por aí, é questão de tempo para começarem a dar nos nervos e começarem a brigar
entre si, e como estão todas armadas...
-Acaba com a autoridade, também. Estou até
estranhando que a Léa anda muito quieta nos cantos, evita conversar com todo
mundo, fica em silêncio o tempo todo, fico preocupada em o que ela está
tramando, Capitã !
Disse Long Legs Laura.
-Se o vento não voltar logo vamos todas morrer...
-Nem me fale uma coisa destas, Imediata ! Vamos
manter a calma, o vento vai voltar !
Disse June, mas seu tom de voz não convencia
muito.
Enquanto as três conversavam entre si na amurada de bombordo da popa, lado estibordo da proa estava Léa, pensativa e
maquinando como sempre um plano de vingança. Ela começava a achar que não tinha
mais nada a perder, e que, se morresse, ao menos não sofreria mais.
Enquanto isto, na ilha, as piratas comandadas por
Marlene já tinham chegado na pequena aldeia que ficava do outro lado da ilha e
sido apesentadas á pequena população de lá. A maioria eram velhos e crianças, e
poucos adultos e adolescentes em condições de trabalhar.
De vez em quando aportava um navio perdido que os
encontrava, por isto o pequeno porto virava e mexia tinha algum navio a vela
encostado, fora algumas minúsculas embarcações dos pescadores locais, que
provinham comida para o povo. Não havia um chefe e o povo se auto regulava e
todos se conheciam muito bem. Mas a população estava em declínio com o seu
envelhecimento e a falta de pessoas em idade reprodutiva, e não eram muitas as
crianças que sobreviviam ‘a vida dura e ‘as doenças.
Mas eram um povo alegre e festivo e também
ingênuo, e recebiam a todos que lá chegavam com alegria.
As piratas foram recebidas com peixes assados com
abacaxis , cocos e mangas e se refastelaram com sofreguidão.
Marlene, porém, viu neles uma massa de manobra
perfeita, uma vítima maravilhosa para sua cobiça, e fingiu ser bacana e boazinha
com eles por um tempo, para ganhar a confiança deles.
Ingênua, Cleópatra , mostrava a ilha inteira, e
detalhes que ela nem se tocavam que eram
importantes: muitos navios naufragavam lá, carregados de jóias, ouro, prata,
especiarias e madeiras nobres.E o povo lá vivia usando as jóias encontradas e
acumulavam os tesouros numa cabana rústica central.
O que tinha ali dava para comprar uma cidade
inteira, o que deixou Marlene quase louca de felicidade e ansiedade para se
apossar daquilo.
No porto, encontrou um enorme navio pirata, com
quarenta canhões, cujos marujos tinham morrido de febre ao aportar. Ele está lá
quase que de enfeite, parado e ninguém o usava
pois os ilhéus gostavam d viver naquela ilha, e também não sabia navegar
nem conduzir um navio.
Marlene viu nele uma oportunidade perfeita para
fugir dali, e por várias vezes inspecionou-o e viu que ele estava em perfeitas
condições de uso.
Começou a traçar seu plano maligno enquanto
desfrutava da amizade e hospitalidade de Cléo e seu povo.
A Capitã via as poucas crianças, sobretudo as
menininhas, como se fossem comidas e lambia os beiços imaginando-se
colocando-as em um espeto para serem assadas
e as devorando.
Na segunda noite, uma menininha subitamente desapareceu
de madrugada.
Na verdade, Marlene tinha ordenado a Ariadne, que
capturasse a menininha e a levasse para uma caverna que elas tinham achado
escondida na mata, e a estrangulasse com suas próprias mãos.
A Imediata cumpriu suas ordens e matou a
menininha, que não obstante ter lutado pela vida inutilmente, faleceu com muito
sofrimento depois de vários minutos de
agonia.
Marlene apareceu na caverna logo depois e elas
improvisaram uma fogueira, onde a assaram, e a Capitã devorou o quanto pôde. O
que restou, Ariadne levou em um saco até o mar, e o jogou aos tubarões, de
posse de um bote, para se assegurar que ninguém acharia o corpo.
Os aldeões procuraram por toda a ilha
insistentemente e não acharam a menina.E a tristeza se abateu sobre a aldeia,
com a mãe da menina abalada, chorando muito. Por incrível que pareça, quem
fingiu que a acolheu foi a própria Marlene.
Nas noites seguintes outras menininhas foram
desaparecendo e nunca eram encontradas, e agora, apenas três restavam. Pensando
tratar-se de algum animal predador, os aldeões passaram a colocar as três,
muito assustadas, a dormirem juntas cercadas por um círculo de mulheres para
evitar novos desaparecimentos, e quem colocaram como vigia?
Rita, uma das piratas !
Depois de uma semana que estavam na ilha, Marlene
chegou a conclusão que seu tempo lá era findo e estava tudo pronto para
fugirem. Durante a madrugada , ela e suas piratas roubaram os tesouros
guardados, que nem vigilância tinham, e os levaram para o navio, além de,
durante aqueles dias, o terem abarrotado de víveres e águae o deixado pronto
para zarpar.
Depois de roubarem as jóias, ouro e prata,
colocaram fogo na aldeia e fugiram correndo. pessoas que correram para elas pedindo por
socorro, foram todas mortas a sangue frio, trespassadas por suas espadas.
Logo zarparam e fugiram.
Somente uma pessoa da aldeia sobreviveu ao
massacre: Cleópatra !
Setenta e quatro pessoas foram mortas, entre as
assassinadas ‘a espada e as pelo fogo, sendo cinco crianças, dois meninos e
duas meninas, mais de vinte idosos e idosas e o restante adulto ou adolescente.
E vendo do costado de seu navio a aldeia em
chamas, Marlene gargalhava !
Do porto, Cléo via o navio se afastar, e chorava,
enquanto o sol nascia...
(Por continuar)
(Por continuar)
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