segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Episódio 106- Depois daquela fria manhã de Outono



-Mas não pode ser, Onee-san !O que mais ele iria fazer aí então?
-Também não entendi esta !Muito misterioso...mas se ele já saiu daqui, para onde foi agora, Maki-nee-chan? Esta é a pergunta que não me sai da cabeça !
-Eu lá vou saber, onee-chan? Bom, eu vou tentar ligar em casa de novo...
Enquanto isto, a lustrosa Mercedes de Tetsuo chegava na mansão dos Amagawa.
Ele foi direto para o quarto dele, e teve dificuldades para subir a escada, pois até para andar estava difícil, posto que dolorido.
Ele trancou a porta e entrou para o banho, e nem percebeu que falara em voz alta:
-Nem eu acredito que fui capaz de fazer isto !
O banho fora mais cuidadoso e abrangente do que o normal. Depois , um pouco mais tarde, ele se vestiu, e ficou, calado no computador.
As imagens que ele procurava no buscador de internet ele não queria que ninguém visse, e as que ele baixava para seu computador, ele escondeu em uma sub pasta do sistema, muito escondida. Depois, com o auxílio de um programa, criptografou a pasta, e só quem tivesse a senha conseguiria acessar.
Ele escutou a extensão de telefone de seu quarto tocar, e quando parou de tocar, teve a certeza de que alguém tinha atendido.
-Craaaá ! Craaaaá !
Susto !
Era o corvo de estimação de Kaede grasnando na janela aberta e seu aspecto parecia feroz!
Detalhe: Já fazia tempo que o corvo o estava observando e ele vira tudo !
Em um átimo, ele voou para cima de Tetsuo, e o atacou no rosto com tudo !
-Ai, ai, desalmado, pássaro miserável, eu te mato, seu infeliz !
E recebeu diversas bicadas no rosto, que começaram a sangrar.
O Corvo tinha seu bico tinto de sangue, e lambeu o bico, sorvendo sangue humano, e pela expressão de seu olhar, gostara do sabor !
Tetsuo se levantou da cadeira e abriu uma gaveta onde tinha um punhal, mas o pássaro fugiu, em um grasnar sinistro que mais parecia a risada de um psicopata.
Ao se olhar no espelho, Tetsuo viu que tinha bochechas e nariz ensanguentados, bastante feridos, e orelha direita também.
Furioso, bateu com os punhos na mesa tão forte que o mouse do computador veio ao chão.
Instantes depois, no átrio da casa, o corvo pousou no pulso de Kaede.
-Que bom que você voltou, meu amiguinho !Pelo visto a briga foi boa ! Então, me conta, me conta, me conta os segredos de meu marido!Aproveita que eu te ensinei a falar !
- Tetsuo ! Homem ! Homem !
-Ele é homem, meu amigo, isto eu já sei...
-Não ! Homem !Homem !
E o olhar do corvo transmitiu certa sensualidade.
-Sério ! Tem certeza?
-Sim ! Sim ! Traição ! Traição ! Castigo !
-Entendi, entendi! Disse Kaede, em um risinho, e depois continuou:
-Então este será um segredo que ficará entre nós. Mas um dia posso ter de usar isto contra ele, mas se precisar eu te aviso, mas até lá , não revele a ninguém, certo!
-Certo ! Certo! Kraaaá !
-Bom menino, é tão bom poder confiar em você !
O pássaro esfregou sua cabeça no rosto de Kaede com carinho. E ela sabia muito bem o que isto significava.
-Prepare-se, meu amigo...os dias de mulherengo inveterado, tarado viciado e viciante, traidor irresistível, do Tetsuo estão de volta ! Ele fará de tudo para tentar apagar o que fez! Mas...ahahahahah, quem disse que preciso ser fiel a ele? Eu também vou aproveitar, se ele pode me trair, eu também posso ! Ah, a campainha tocando ! Devem ser meus equipamentos de última geração que devem ter chegado! A cadeira de rodas que mexe o assento e me faz ficar de pé, e o exoesqueleto eletrônico !Vamos lá ver ! Chame minha cuidadora, por favor !

(Por continuar)

sábado, 12 de dezembro de 2015

Episódio 53: Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP


No apartamento de Takeo, o telefone celular tocava sem parar.. Mas ninguém atendia, para sofrimento de Lune, sofrimento este que novamente beirava ao desepero.
Idéias loucas passavam pela cabeça dela, como, por exemplo, Takeo ter se suicidado em seu apartamento.
O som do celular ecoava pelo apartamento escuro e sobriu enquanto um vulto acocorado em um canto, abraçando as próprias pernas, permanecia em seu pranto, que mais parecia de luto.
-Takeo-kun, atenda, por favor...por favor...por favor...atende!
Mas nada, só o sliêncio profundo e espectral respondia a seus chamados exasperados.
Lune então tomou uma atitude: Foi até seu carro, e saiu em disparada, correndo como nunca antes, e foi ao apartamento de Takeo.
Ela tinha uma cópia da chave do apartamento dele e lá entrou.
Então ela divisou o vultou enfurnado nas sombras, em meio ao silêncio de um  convulso choro interno que não conseguia ganhar o ar, em meio ‘a sua angústia.
Lune se ajoelhou e o abraçou com carinho e chorou ao lado dele.
-Desculpe....desculpe...desculpe...me perdoa...Takeo-kun...eu...eu..eu amo !E não quero te ver assim, isto me machuca demais...eu...eu nunca podia ter feito isto com você...
Takeo ainda permanecia em silêncio e suas lágrimas adentraram pela boca de Lune, que beijavam seu rosto machucado.
Ao retirar sua boca do rosto dele, ela sentiu na língua o horrendo sabor do sangue...
-Takeo-kuuuuuun !
Lune estava agora desesperada, mais fragilizada do que nunca, mais arrependida do que nunca, pois se lembrara que ela nunca tinha sido tão violenta com ele antes em sua vida, nem com ninguém.
Mas ele estava agora com o rosto enterrado entre os joelhos molhados de lábrimas e sangue dos ferimentos. Havia um corte pouco apaixo da pálpebra inferior do olho direito, que ainda sangrava.
Lune tocou em seu queixo com as mãos e com muito esforço, virou a cabeça para ele e disse:
-Me perdoa, por favor...eu e meus ciúmes desvairados...eu te machuquei tanto, tanto, e você nem tinha culpa...eu não consigo me perdoar por ter te machucado, ter te traumatizado, ter te magoado tanto assim, perdoa, por favor...
Os olhos dele finalmente se abriram, muito vermelhos e inchados. Ele a abraçou e se jogou por cima dela, que caiu de costas no chão , com o ventre para cima.
Ela também o abraçou, e o beijo na boca saiu.
Certas súplicas não precisam de respostas verbais, mesmo por que não haviam palavras que pudessem expressar os sentimentos dos dois um pelo outro.
Estava claro que ele respondera ao perdão dela com seu próprio perdão, que lhe custara tamto a sair, que lhe fora tão dolorido para conceder, que lhe fora de tal maneira traumatizante tentar esquecer!

Um pouco depois, já recuperados, o gelo começou a se quebrar.
Eles trocaram carícias nos rostos e cabelos entre si, e olhares doces e emocionados.
-Sobrevivi...eu...eu achei que não sobreviveria, mas você mais uma vez me salvou...minha vida não teria sentido, não valeria a pena viver sem você...você é preciosa demais para mim, como poderia ficar eu sem voc~e, sem teu amor?Ainda preciso dizer que a amo?
-Sempre é preciso dizer que se ama. Sempre vai ser um prazer para mim dizer que me amas...faço minhas tuas palavras, eu não poderia nem pensar em te perder, eu enlouqueceria, daria cabo de minha própria vida,não sobreviveria se não tivesse a ti para me salvar...
Disse Lune, tão comovida quanto ele.
Novo beijo na boca se deu, mas não durou muito, pois Lune logo disse:
-Que este seja o último beijo nosso em que eu tenha de sentir o gosto de seu sangue, meu bem...
-Será, querida...
Takeo se levantou e foi escovar os dentes.
Depois ele se sentou em uma cadeira enquanto Lune carinhosamente cuidava de seus ferimentos, com dedicação e encanto, com a delicadeza de quem cuida de um passarinho ferido.

-Minha linda, obrigado, muito obrigado por me perdoar...eu sinceramente achei que você nunca mais voltaria...
-Eu que te agradeço por me perdoar também, meu querido! Sabe, até eu pensei isto, mas depois de conversar com minha mãe, eu vi que estava errada e tinha exagerado na minha reação, e como posso acusar a Rina, se ela nem está mais entre nós para se defender?
-Ainda bem que você voltou...sua mãe é uma graça,e muito sábia também...
-Olha lá, heim?Ela é casada com meu pai, não é para este seu bico sedutor !
Disse Lune em um risinho meigo.
-Bobinha, eu não quero a ela, quero você !
-A mim você já tem ! E eu o possuo para mim também !
-Esta é a velha Lune-san de sempre !
-Está me chamando de velha, é?
-Imagine, meu bem, foi só uma força de expressão...
-Estou brincando com você, seu bobo. Vamos logo na cozinha fazer alguma coisa para comer, estou com fome !

(Por continuar)