-Marlene de Malachetta, eu te odeio !Te odeio !Te
odeio do fundo do meu coração ! você matou minha mãe, meu pai, meus irmãos,
inclusive minha irmãzinha linda que eu amava, matou toda a minha aldeia,
saqueou e roubou tudo, principalmente nossas vidas, você destruiu minha vida e
me deixou sozinha nesta ilha deserta para morrer , desgraçada !Eu te mato ! Te
mato ! Você e suas piratas malditas, nojentas !
Gritou a
jovem Cleópatra, por entre lágrimas abundantes.
Sua sensação de importância diante de tamanha
crueldade era maior que a própria ilha e ela se sentia insegura, deprimida e o
desãnimo e a revolta se abatiam sobre sua alma e seu coração, preenchendo-s de
ódio que a martirizava , rasgando seu ser, sua essência como um tubarão rasga
uma foca viva.
-Eu juro, Marlene, eu juro que vou me vingar de
você e suas piratas pelo que fizeram comigo, pelo que fizeram conosco !Você é
um monstro !Monstro !Monstro impiedoso e insensível, fingida, falsa, nos usou o
tempo todo, se aproveitou de nós, da nossa bondade, nos enganou, nos roubou, nos destruiu, nos matou...não, não
tem perdão, não tem perdão a monstruosidade que você fez, você não é humana,
não é possível, nem animal faz uma coisa destas ! Eu...Eu faço questão de te
matar, te matar com as minhas próprias mãos !Eu vou dar um jeito de virar
pirata e te perseguir pelos sete mares, até te matar !O objetivo da minha
vida agora é te matar !Não me sobrou
mais nada, você em tirou tudo !Tudo! Desalmada, ordinária, não sossego enquanto
não te ver morta !Morta ! A morte vai ser pouco por tudo o que você fez para
mim, para nós !
Pensou consigo a jovem Cléo, que até então era
uma adolescente alegre e risonha, boazinha, prestativa, que adorava agradar as
outras pessoas, fazer o bem, ajudava os idosos e as crianças, a todos que lhe
pediam ajuda, ela estava lá e ajudava com prazer. Ela sempre se preocupava com o
bem estar de todos e fazia de tudo para ver as pessoas mais felizes.
Agora estava cega pela vingança, pelo ódio, pela
raiva e se sentia a pessoa mais solitária do mundo, e uma montanha de saudades
de um mundo de gente lhe percorria o coração e as lágrimas não paravam de cair.
Enquanto isto, no Black Marlin, uma notícia
alegrou , naquela manhã, os corações da tripulação:
-O vento ! O vento voltou ! Voltou ! Que
maravilha ! Viva !
Gritou Bianca, do alto da torre de vigia.
Todas ouviram e ficaram eufóricas !
-Recoloquem as velas, vamos partir !
Disse June, com um sorriso no rosto.
Não demorou muito e o navio lentamente começou a
se deslocar e foi ganhando velocidade.
Pouco depois do almoço, Bianca viu as gaivotas
novamente, e pelicanos também ! Não demorou e ela avistou uma ilha : era a ilha
de Cléo!
O navio de Marcela, no entanto, já estava mais de
sete horas de navegação ‘a frente do
Black Marlin, quando este encostou no cais do porto.
June olhou para o cais e o que encontrou foi uma
jovem vestida com trapos meio queimados, sentada de pernas cruzadas e chorando.
Apiedada, a Capitã mandou descer o pranchão e ela
e varias de suas piratas desceram.
-Ei, ei, o que aconteceu, menina, por que está
chorando?
Cléo notou pelas vestes que quem lhe dirigia a
palavra era uma Capitã pirata, mas não era Marlene, pois as vestes da vilã eram
vermelhas e as de June, pretas.
Cléo finalmente se recompôs, e se levantou: era
bem alta para uma garota adolescente, bem mais que June.
De cabeça baixa, sem conseguir conter as lágrimas
ela contou sua história.
-Piratas?Mulheres piratas? Eu achava que só tinha
a gente e...ei, como ela , a Capitã, se chamava?
-Marlene de Malachetta !
-Ah, desalmada, só podia ser ela ! Ela é nossa
inimiga também e estamos perseguindo a ela !Ah, sim, eu me chamo June, sou a
Capitã do Black Marlin, e esta é a minha Imediata Juliette, esta é a Long Legs
Laura, esta é a Hellen e sua filha adotiva Françoise, e suas amiguinhas Celine e Melissa !
Ah, que gracinha, a Celine me lembra minha
irmãzinha Martina, que foi...foi... morta..queimada viva...ai...ai...eu não
posso nem lembraaaaaaar...
E Cléo voltou a chorar.
Com dó, as crianças correram a abraça-la, o que a
comoveu e tocou seu coração
-Obrigada...obrigada, meninas...eu precisava
tanto disto...
-Olha para cá, Cleópatra, por favor...
June também estava de olhos marejados e de braços
abertos.
Cleópatra a abraçou com força, aos prantos.
-Eu e todas nós do Black Marlin a recebemos em
nossos corações, Cleópatra !
Novamente a aldeã se comoveu profundamente. Tinha
encontrado pessoas boas de verdade, afinal !
Quando se recuperou, disse:
-Capitã, eu...eu quero muito me vingar de Marlene
e as piratas dela !Por favor, me deixe ir com vocês, me transforme numa pirata
também !
-Com toda a certeza ! Seja bem vinda !Posso te dar
um apelido?
-Sim, Capitã, podem me chamar de Cléo !
-Cléo ! Agora você é uma das nossas ! A vida a
bordo é dura, miserável, difícil, mas tem suas diversões também. E te juro,
juro que caçaremos a Capitã Marlene e sua tripulação até encontra-la. Nós também
queremos nos vingar dela e te prometo que você terá sua vingança !
-Muito obrigada, Capitã, você é muito generosa
e compreensiva, sensível...
-Sou humana, só isto, meus defeitos você
descobrirá com o tempo !Bom, mas precisamos de víveres e mantimentos, será que
sobrou alguma coisa?
Cléo fez questão de leva-las ao que restara da
aldeia, e as ajudou a colher frutas e
mostrou-lhes um lago límpido no centro da ilha, onde puderam colher muita água.
Também caçaram os porcos selvagens da ilha, prepararam e salgaram a carne para
a conservação, e no final da tarde, zarparam, com um dia de navegação de atraso
em relação ‘a Marlene, que seguia no mesmo curso, apontado por Cléo, uma nova
perseguição começava agora !
(Por Continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário