Alguém estava mentindo, Rina bem o sabia. Mas também sabia que por ser uma criança, não seria levada a sério. Isto a preocupava.
Em tese, Sayuka nunca existira, nem a família dela. Mas o jornal tinha reportagem sobre o suposto assassinato dela, com foto e tudo.E os policiais tinham dito para ela que a senhorinha morrera de AVC na praça, não em casa.
Mas, e se ela tivesse morrido na praça e não na casa, e se não tivesse sido uma facada?
Novamente Rina pesquisou na internet, desta vez nos necrotérios da cidade, procurando pelo laudo pericial da polícia científica.
Algum registro poderia ter da necrópsia!
E ela pesquisou, e pesquisou, até que enfim, teve uma revelação intrigante e perturbadora:
Sim, havia um laudo pericial no nome de Sayuka !
Mas não havia atestado de óbito em nome dela ! Como poderia ser?
Mais surpreendente ainda: o laudo era claro: não havia registro de perfurações no corpo, mas havia sim sinais de envenenamento !
Agora a suspeita da menina de que a senhorinha teria sido assassinada em casa, mas lentamente e teria morrido no parque começava a tomar forma!
Mas por que esconder a morte dela, não registrar, e se queriam encobrir todas as pistas, não ofizeram direito, por que havia a ficha de entrada no necrotério , o registro da autópsia e seu laudo pericial.Alguma coisa estava muito errada ali !
E por que a notícia no jornal dizia que fora facada?
Quis a família forjar a morte dela para enganar a polícia, ou tiveram ajuda da própria polícia para forjar aquela morte?
E por que forjariam? Sayuka não era uma figura pública, não era famosa nem poderosa, então, por que tanto mistério?
Então, logo após o registro da entrada de Sayuka no necrotério, o registro seguinte também era de um homem de sobrenome Miyagi.
Kenzo Miyagi, mais precisamente.
Rina abriu nova aba no navegador de internet e pesquisou sobre ele, e , não demorou, descobriu que ele era sobrinho-neto dela. E que ele era policial!
Pesquisa vai, pesquisa vem, ela descobriu que Kenzo trabalhou na investigação da morte dela, e morreu poucas horas depois, no mesmo dia, misteriosamente.
E que ele trabalhava na segurança do parque do Castelo de Osaka !
Sim, ele era um dos policiais que faziam a segurança lá, e, segundo o boletim policial, teria morrido após um galho de árvore bater em sua cabeça e perfurar a base do crânio, entrando pela nuca !
Aquilo era definitivamente muito suspeito. Galhos de árvores não caem deste jeito, e dificilmente são afiados naturalmente assim, ainda mais no ângulo certinho para matar.
Mais suspeito ainda é que, na hora da morte dele, as câmeras de vigilância daquele setor tinham sido todas desligadas !
Mas aquele era outro caminho para investigação.
Resolveu então buscar a ficha médica de Sayuka para descobrir se ela realmente tinha Alzheimer mesmo. Ou se tinha algum diagnóstico psiquiátrico.
Acabou achando registros dela, mas novamente teve uma surpresa:
Havia um registro de uma tal Sayuka Miyagi há doze anos atrás, em um hospital psiquiátrico, por Esquizofrenia grave.
Só que a Sayuka que fora hospitalizada não era uma senhora de idade, era uma garota, de vinte e oito anos de idade, uma jovem, portanto !
Quando mais parecia que as peças do quebra cabeças estavam se encaixando, agora pareciam não se encaixar mais !
Seriam duas pessoas diferentes com o mesmo nome e sobrenome?
Ou uma farsa finamente montada por alguém?
Rina, intrigada, estava mais determinada do que nunca a continuar tentando desvendar este mistério, as dificuldades não a faziam esmorecer !
(Por Continuar)
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