Assim que se sentiu melhor, April procurou o esfregão e os panos que Joanna lhe indicou. Limpou sua sujeira e quando se dirigia ao barril de água potável para nele limpar o esfregão e os panos, Joanna deu-lhe uma reprimenda:
-Ai, não, menina ! Esta é nossa agua de beber, nada pode ser limpo nela!
-Onde lavo então?
-Vem comigo no deck inferior!
April seguiu Joanna e ambas desceram a escada. O que ela viu ali foram duas fileiras de canhões e suas janelas, no centro as balas, e demais apetrechos.
-As janelas daqui são as mais próximas do mar. Pendure-se numa delas e lave as coisas no mar, e cuidado para não deixar cair, e para você não cair ao mar e virar comida de tubarão !
-E onde vou me segurar, Joanna?
-Está vendo estas duas alças de bronze no peitoril desta janela.?
-Sim...
-Então passe seus pés nelas e os prenda lá, assim:
E Joanna, com agilidade de macaca, demonstrou como prender os pés nas alças e se pendurar do lado de fora da janela.
Na primeira tentativa, a cozinheira ajudou e ficou de olho.
Era difícil lavar qualquer coisa assim, de cabeça para baixo, com a cabeça tão perto do mar: muitas vezes as ondas batiam na sua cabeça e molhava seu cabelo, seu rosto, seus olhos, nariz e até sua boca.
Mas ela finalmente conseguiu. E aprendeu, que quanto menos sujeira fizesse, menos teria de se sujeitar a tão tremendo e desagradável esforço.
Ao terminar, April fez uma pergunta sussurrando no ouvido de Joanna, que prontamente respondeu, depois de umas risadinhas:
-Para defecar e urinar, coloque seu traseirinho macio e fofinho na janela de um dos canhões, e faça o que tiver de fazer. Se você estiver naqueles dias, terá de lavar os panos grossos no mar, do mesmo jeito que você limpou o esfregão e os panos agora. Não precisa ter vergonha, não vai haver ninguém olhando, e as garotas daqui estão acostumadas a verem uma a outra peladas e ninguém liga. E só tem mulheres neste navio.
-Entendi, Joanna, obrigada pelas informações.
Nisto, chegou Hellen.
-April, é hora da sua lição de puxar cordame !
-Sim, senhora...
-Hellen, sou a quarta em comando aqui. Vem comigo para o convés !
-Sim, é para já, senhora!
-Não me chame de senhora, não sou tão velha assim, vem !
-Confie nela, April, ela é outra das mais boazinhas do navio !
-Joanna, Joanna, sei, sei...
Respondeu Heelen, piscando um olho para a cozinheira.
As duas subiram para o convés.
-Não estou vendo a Capitã nem a Juliette...
-As duas estão reunidas nas acomodações da Capitã. Me deixe ver suas mãos,,,
April as mostrou para Hellen.
-Aaaaah, mas que mãozinhas delicadas, mãos de fada....sinto muito, mas terão de ficar calejadas...
Hellen pegou uma ãncora, onde havia um cordame grosso amarrado nela.
-Eu vou jogar esta ãncora ao mar, você vai agarrar este cordame com as duas mãos e vai puxar a ãncora de volta para o navio.
E ela assim o fez.
-Ai, ai, é muito pesada, está escorregando, está esfolando minhas mãos!
-E é para esfolar mesmo, até sangrar ! Força ! A boa marinheira tem de ser mestra em puxar cordame, vai ! Força, garota !
-Uuuugh, uuuugh...está difícil, não estou conseguindo segurar!
Hellen pegou na corda e a puxou com a maior facilidade do mundo, numa velocidade que fez o queixo de April cair.
-Vá puxando e recolhendo, e quando a ãncora estiver na amurada, jogue-a ao mar novamente e vá puxando de novo, quantas vezes for necessário, até você ter minha velocidade !E eu vou ficar de olho em você, e nada de reclamar mais !
(Por Continuar)
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