domingo, 28 de março de 2021

Poesia: O Ordenador de Mundos

O Ordenador de Mundos

 

O Ordenador de Mundos,

Tão contemplativo em seus pensamentos

Tão profundos,

Com tantos sentimentos,

Do coração oriundos,

Eis que pois constrói seus Mundos,

Viajando freneticamente,

Da Consciência ao Inconsciente,

Meandros complexos e sencientes,

Da Realidade até suas próprias Dimensões,

 

O Ordenador de mundo assim o faz sem dúbias intenções,

Faz por gosto e prazer,

Seguindo sua própria Natureza,

Buscando e encontrando em si

Uma miríade de Belezas,

 

Que por estarem de fora e não compreenderem,

As demais pessoas deixam passar despercebidas,

Com elucubrações descabidas,

Reprovando o que sequer conhecem,

Ainda mais difícil entenderem,

Que toda aquela ordem tão organizada,

Aquela lógica tão impecável,

Não é doença nem transtorno,

 

Só que enquanto o Ordenador de Mundos,

Vai a seus Mundos e logo está de retorno,

Vislumbrando tanta vastidão,

Os explorando com tamanha sofreguidão,

Os demais só percebem seu próprio entorno,

 

Qual sinfonia orquestrada,

Tal melodia em sintonia,

Com assombrosa precisão,

Detendo a fúria dos elementos

E os submetendo a uma exuberante harmonia,

Com cativante disciplina e tenacidade,

Com admirável determinação,

Com a potência de um vulcão em erupção,

Faz de sua obra prima criação,

Usando como tijolos em sua construção,

Sua prodigiosa Imaginação !

 

Para quem olha de fora,

E só vê o aqui -agora,

Pensa que o Ordenador de Mundos

Esteja se sentindo sozinho e chora,

Estaria ele preso nestes mundos,

E agora?

 

Não, não é isto o que ocorre,

O Ordenador de Mundos assim não se sente,

Com seus personagens sempre presentes,

Ele nada tem de angústia ou solidão,

É na Solitude que ele está com si mesmo,

Em comunhão,

Fervorosamente trabalhando em sua criação,

Passo a Passo,

Com ritmo e compasso,

Ele vai construindo e ordenando seus Mundos,

Seu espaço,

Discreto e sem estardalhaço,

Tem em si sua própria Ciência,

Com tamanha eficiência,

Tal a grandiosidade e magnificência,

Tão previsível, mas pura quintessência,

Se sente Criador,

Onipotência!

 

Vivendo  o que a outros parece um Caos,

Na verdade toda esta imensidão está sob seu controle,

Quem está de fora não percebe,

Invisível ‘a razão,

Clara e cristalina para a Subjetividade,

Não sem motivo,

O Ordenador de Mundos é um Ser Subjetivo,

Por incrível que pareça,

É dentro dele que está ser objetivo,

Inenarráveis Mundos a perder de vista,

Quem não vê e está de fora,

A chama-lo de Louco talvez insista,

Pode o Ornenador de Mundos explicar,

Até ficar rouco,

Não importa,

Nele não irão acreditar,

 

Por que são incapazes por estar de fora,

Destes lindos Mundos que ele com tanta dedicação,

 

Constantemente aprimora,

Em cíclica dedicação,

Em infinita paixão,

A construir sonhares,

Para ele isto é Viver,

Viver o Ser,

Como quer e deveria ser,

 

Há quem o observe,

Desatento, e o veja com desalento,

Desconhecendo tanta emoção,

Sensibilidade e Sentimento,

Veja nele um Diagnóstico,

Uma doença,

Uma Síndrome,

Um transtorno,

Uma desordem,

Uma fuga da realidade,

Uma inocência angelical,

Alguem a ser superprotegido,

Sensação de dever não cumprido,

Estão todos errados !

Para o Ordenador de Mundos

O que vive em si mesmo é bem real,

Faz parte dele afinal,

O que estas pessoas ficam tentando imaginar,

Tentando inutilmente advinhar,

É que tudo isto que o Ordenador de Mundos

É e vive não o prende,

Não o isola,

Não é doença, nem transtorno nem síndrome

Ou outros termos psiquiátricos a seu dispor,

O que não sabem é que ,

Com certeza,

Seguindo firmemente sua própria Natureza,

O que é,

O quem é,

O que vive,

O Ordenador de Mundos,

É ser Diferença,

É fazer a Diferença,

É enfim ser...

AUTISTA !

 

FIM

 

Cristiano Camargo



 

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