Os dois então, mais conformados, embora tristes,
foram até o restaurante de Hina-san e explicaram a situação.
-Claro, claro, vocês podem trabalhar aqui comigo,
será um prazer ! Você sabe cozinhar, Lilia-san?
-Sim, sei sim, senhora!
-E você, Rito-san, no que poderia ajudar?
-Posso lavar a louça, senhora !E também posso
ajudar na faxina !
-Muito bom, então ficarão aqui comigo. Quanto ‘as
acomodações, tenho um quartinho de despejos lá no fundo, onde vocês podem
morar. E Rito-san, vou precisar também que você me ajude a carregar as compras
!
-Sim, senhora, com prazer, senhora !
-Mas que menino bonzinho !Ah, e nada de namorar
no trabalho, nem em público, entenderam? Se quiserem fazer suas coisas, façam a
noite, trancados no quartinho de vocês, depois do expediente! Muito bem,
Rito-san, a louça espera por você !E você Lilia-san, venha me ajudar na cozinha
!
Os dois obedeceram e começaram a trabalhar.
Os dias foram se passando com tranquilidade, e de
vez em quando Hina acudia Lilia, com seus enjoos.
Quando a barriga de Lilia começou a ficar grande,
Hina a dispensou de trabalhar em pé, e ela passava a trabalhar sentada numa
cadeira, descascando e partindo alimentos. O grosso e o mais pesado ficava com
Hina e as demais cozinheiras.
Nove meses se passaram e uma parteira foi chamada
‘as pressas para fazer o parto de Lilia.
A menina nasceu e o casalzinho lhe deu o nome de
Aya.
Tendo de amamentar, Lilia foi dispensada do
trabalho, assim como tinha sido nos últimos meses de gravidez.
Tudo rumava para que ambos permanecessem juntos e
com a filha para sempre. Mas não seria bem assim !
Todos os dias ambos rezavam para Ayakata, para
que desse boa saúde a eles e para a filhinha, que crescia a olhos vistos.
Dois longos anos se passaram e Aya crescia, já
falava alguma coisa e andava.
Rito e Lilia eram pais amorosos e dedicados e
brincavam muito com ela.
O povo meio que tinha esquecido da antiga
presença dos demônios e dos feitos de Ayakata, Lilia e Rito, que já não eram
mais famosos.
Mas Rito se ressentia muito da falta de seu mundo
e seu tempo, e a vida dura, de ganhar pouco e trabalhar muito era desgastante e
pesada.
Ele então uma noite rezou para a Deusa do Tempo Ikanata,
rogando a ela fervorosamente para que ela o levasse de volta ao seu tempo e seu
mundo.
Para sua surpresa, ela desceu dos céus e apareceu
na frente dele.
Lilia, que dormia, acordou com o brilho da Deusa iluminando
o quarto.
- O que me pedes é muito caro ! O que tens a
oferecer para que em troca eu conceda sua dádiva?
Disse a Deusa, flutuando no ar.
-Eu...
Mas não houve tempo para a resposta !
Outro brilho iluminou a sala e outra Deusa
aparecia: Era Ayakata !
-Mais um que você está enganando, Ikanata-san?
-Ora, cale a boca, só quero ver se ele merece a
minha dádiva !
-Você sabe muito bem que é impossível até para
você desfazer este encanto, sua farsante !
-Ora, Ayakata-san, não interfira nos meus
negócios ! Você é a Deusa do Amor, e eu sou a Deusa do Tempo, então cada uma no
seu ramo !
-O rapaz aqui e a esposa dele são meus
protegidos, e não vou deixar você roubar as almas deles !
-Ah, não vai? Então toma !
Disse Ikanata, soltando um raio.
-Toma você sua prostituta divina !Pensa que não
sei que você abre as pernas para tudo quanto é devoto? Sem falar para outros
deuses também !
(Por continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário