Este conto romântico meu é bem recente,como é grande (11 páginas) vou postá-lo em 4 partes, uma ao dia.
Não
posso mais lutar contra este sentimento!
Parte
1
Kristopher era um
rapaz tímido, que embora fosse adulto, tinha olhar de criança. Por isto, talvez
apenas por isto, quem o conhecia, ou mal o conhecia, o via como um ser ingênuo,
inocente, infantil, e que não poderia ser levado a sério.
Calmo, tranquilo,
mas às vezes ansioso, era sempre gentil e prestativo com as pessoas e tinha
prazer em ajudar.
E isto só aumentava
as suspeitas das pessoas de sua suposta imaturidade, e as levavam a acreditar
que ele seria incapaz de amar a alguém de maneira romântica.
Ele perdera os pais
em um acidente de carro, mas herdara seu apartamento e uma boa renda da pensão
que eles lhe deixaram.
Ele era muito conhecido no bairro onde
morava e as pessoas muitas vezes o cumprimentavam, mas estavam acostumadas a
serem muitas vezes ignoradas por ele. Ou ao menos as pessoas sentiam-se
ignoradas.
Mas, secretamente
Kristopher estava em uma busca. A busca por alguém para amar.
Passava dias e
noites no seu computador vasculhando as redes sociais e os sites de
relacionamento, sempre sem sucesso. Seu olhar de criança e a conservação
excepcional para sua idade, fazendo com que ele não aparentasse já ter passado
dos trinta anos, mas parecesse ser adolescente ainda, parecia a ela minar todas
as suas chances, pois as pessoas o tratavam com condescendência, absolutamente
convencidas de que estivessem conversando com uma pessoa assexuada e incapaz de
amar e que deveria ser tratada como criança e não ser levada a sério.
Mas dentro dele, as
carências afetiva e sexual gritavam e ficavam a cada dia, cada noite, mais
profundas.
Ele passeava pelas
ruas de seu bairro a pé e as turminhas de garotas adolescentes ou jovens adultas
faziam troça dele, não raro faziam jogos com ele, desafiando-o a tentar
beijá-las e o fazendo de bobo e o deixando revoltado e frustrado.
De vez em quando ele
ia nas lanchonetes de fast food comer seus sanduíches e olhava desejosamente
para as mulheres, que se horrorizavam ao ver a cara dele sempre lambuzada de
catchup e maionese, com modos que elas consideravam mal-educados na mesa. Ao
perceberem o olhar dele aos decotes delas, e, ao mesmo tempo, como ele parecia
uma criança crescida, elas riam na cara dele e algumas até apontavam para ele,
o que o magoava e machucava muito, mas elas nem percebiam. Ou se percebiam, nem
ligavam, em total insensibilidade.
Uma vez algumas das
garotas foram se sentar na mesa dele e o assediaram com falsos carinhos, rindo
dele e esparramaram catchup e maionese na sua cabeça, rindo dele até não poder
e fugiram correndo.
Tudo isto ia-lhe
criando traumas sérios, causando-lhe pesadelos e ele não via perspectivas, o
que lhe causava uma depressão cada vez maior. O seu sonho de namorar pela
primeira vez e sua necessidade de ter alguém para amar eram-lhe muito caras, profundas,
densas, e ele as cultivava com carinho, apesar de todos os seus fracassos.
Um dia, porém,
quando mais uma turma de meninas zoava com ele novamente, uma outra jovem
mulher que passava na rua viu suas lágrimas e parou.
Intrépida, espantou
as demais e lhe disse:
-Ei, ei, não fica
assim, calma...elas já foram embora, ok?
Ela acariciava seus
cabelos com carinho sincero e ele olhou em seus olhos.
A moça espantou-se:
a princípio ela parecia ver no olhar dele o olhar de uma criança chorona, mas
por trás daquele olhar, outro pranteava: era um olhar que revelava uma meiguice
e uma doçura que ela nunca vira antes na vida!
-Olha, meu nome é Krystal!
Prazer em te conhecer! Como você se chama?
-Kristopher.
-Que lindo nome!
Olha, Kristopher, eu quero muito ser sua amiga, posso? Quer ser meu amigo? Eu
te prometo te proteger destas idiotas que ficam te fazendo de bobo!
-Você não me acha
bobo, ridículo, nojento? As mulheres sempre me chamam assim, e acham que eu sou
criança...
Krystal olhou para
ele com carinho e disse, sorrindo:
-Claro que não, você
é um doce, eu gostei de você! Então, aceita ser meu amigo?
-Aceito! Disse ele
em um sorriso desengonçado. E completou:
-Posso te dizer uma
coisa?
-Claro, à vontade!
-Você...você é linda!
Tão linda...
Os verdes olhos dele
brilhavam e verdes também eram dela os olhos.
-Obrigada, você é
muito bonito também, só as meninas bobas que ficam te atormentando é que não percebem!
-Então você não é má
como elas? Promete que nunca me fará mal?
-Não, eu não sou,
sou sua amiga e prometo sim!
(Por continuar)
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