Chorando, Kristopher
a abraçou com uma força que ela nunca vira antes, e balbuciou:
-Vo...você não
entende?...Eu...eu te amo! Eu te amo, puxa vida, sempre te amei...desde que vi
pela primeira vez seus olhos verdes...como esmeraldas...
Emocionada, ela
respondeu:
-Eu sei que você me
ama como amiga, meu amigo. E é como amigo que eu te amo também...não fica
triste, eu não vou te abandonar...a gente se fala pelo e-mail, cartas, chat, você
vai poder me ver pela cam, vamos nos falar pelo telefone...
-Não é a mesma coisa!
Você não me entende, não me entende e eu...eu...ai, que dor, que dor...eu...eu
me sinto rejeitado por você, não entende?
Aquela declaração
dele foi um choque para ela, que espantada, disse:
-Rejeitado? Como assim?
Não entendo, Kris, te juro, não estou entendendo...
-Eu achava que você
fosse mais inteligente! Você me decepcionou, rejeitou meu amor e vai
embora...certamente vai arrumar um namorado lá e vai se esquecer que eu existo,
enquanto eu nunca, nunca a esquecerei...e estarei sempre sonhando em namorar
você...mas você não me entende, não me entende mesmo!
E Kristopher saiu
correndo, aos prantos, e deixou Krystal sozinha na lanchonete, embasbacada, sem
conseguir entender e acreditar no que ouvira.
Na cabeça dela, ele
só a via como amiga e ela não conseguia ver a ele de maneira alguma que não
fosse só como amigo e se julgava incapaz de amá-lo romanticamente! Achou que
ele estivesse enganado, que estivesse confundindo carência afetiva com amor, e
que ele não tinha maturidade para amar de verdade.
Então, o dia da
viagem finalmente chegou e ela desembarcou do táxi no aeroporto.
Mas voltando um
pouco no tempo, durante todo este intervalo de semanas, eles ficaram brigados e
não mais compareciam fisicamente na casa um do outro e não mais se falavam ao
telefone.
Ele vivia deixando
recados no chat dela, lá deixando suas juras de amor, mas ela não respondia,
firme que estava em não acreditar que aquilo fosse sincero, fosse amor, e não
passasse de uma simples carência emocional.
Ele ficava pensando
nela todas as noites, se recriminando por amá-la e dizendo a si mesmo que não
deveria, que iria se machucar, que iria sempre ser recusado, que mulher alguma
jamais o amaria e que ninguém nunca corresponderia a seus sentimentos, dizendo
a si mesmo que as mulheres eram más, cruéis e todas iguais, enfim, lutava
contra este sentimento que, apesar de tudo, em seu coração só crescia!
E ela, nestas mesmas
noites, pensava nele, se preocupava como ele iria se virar sozinho, o que seria
dele sem ela, mas ao mesmo tempo, que não era justo ela deixar de fazer a vida
dela por causa dele. Queria desesperadamente acreditar que os sentimentos dele
fossem apenas carência afetiva, e tinha medo de se apaixonar por ele e isto matar,
estragar a bela amizade que eles tinham. Na verdade, ela pensava consigo, era
muito melhor e mais cômodo para ela se permanecessem só como amigos e ela
preferia manter o relacionamento deles assim. Mas muitas noites lhe assaltava a
idéia de que talvez, apenas talvez, supreendentemente ele estivesse sendo
sincero, e ela se sentia culpada, as palavras dele ressoavam na cabeça dela,
especialmente quanto à ela ter quebrado a promessa e estar fazendo mal a ele.
Mas ele também não estaria fazendo mal a ela?
Porém, apesar de
todas as dúvidas e sentimentos conflitantes (que aumentavam nela quanto mais a
data de viajar se aproximava), ela decidiu ir mesmo.
E naquela noite,
deixou um recado para ele, na secretária eletrônica dele, se despedindo friamente,
e falando o nome da empresa aérea, o número do voo e o horário do voo. Uma
ligação que lhe doeu muito e para a qual ela teve de fazer um esforço
monstruoso para não chorar enquanto falava. Ao desembarcar daquele táxi, ela
estava fragilizada e insegura como nunca...
Ela fez o check in e
foi para a sala de espera. Em seu coração, ela tinha esperanças de que ele
viesse busca-la, apesar de continuar insistindo para si mesma que ela só o amava
como amigo e ele idem.
Angustiada, ela
passou pela polícia federal e foi para a sala de embarque, enquanto consciência
e sentimento batalhavam duramente dentro de si, e aquela pontinha de esperança
permanecia.
O avião já estava no
finger, e a aeromoça começou a fazer a chamada para as filas de embarque.
Já a fila, Krystal
ainda se debatia, um desespero se abatia dentro dela, e ela ficava cada vez
mais triste, deprimida.
Ela deu sua passagem
para a aeromoça e adentrou o finger, quando então ouviu um reboliço, verdadeiro
escândalo, e ouviu também alguém subindo a escada externa da pista para o
finger em desabalada carreira.
Ela já estava na
porta do avião, pronta para entrar na aeronave, quando a porta lateral do
finger se abriu, e apareceu um homem esbaforido e quase sem fôlego: era Kristopher!
(Por continuar)
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