Enquanto isto, Kaede tentava se acostumar á dura
vida de paraplégica.
Se antes ela era histérica, agora ela era
depressiva, e pensamentos suicidas lhe
perpetravam a mente.
Com Maki, Hideo, Kuome e Tetsuo na escola, ela se
sentia sozinha e abandonada. Sua auto estima estava extremamente baixa, sua
vaidade chegou a zero e ela não mais se cuidava. Muito disto se devia ao fato
de que Tetsuo não estava mais fazendo amor com ela e não mais lhe dava
banho,muito embora agora o banheiro estivesse inteiramente adaptado a ela e ela
já tivesse condições de tomar banho sozinha, mas não o fazia.
Por vezes Kuome a levava ao banho, mas não era
isto que ela queria.
O complexo de inferioridade rugia em sua mente e
a dominava com o chicote da desesperança
e as garras afiadas da falta de perspectivas e planos para o futuro. Ela
estava firmemente convencida de que mais cedo ou mais tarde Tetsuo a
abandonaria, e de que agora seria ainda mais fácil ele traí-la.
Seus delírios imaginavam a ele fazendo amor até
com Maki e Kuome!
Mas ela não ficava sozinha na casa. Midori se
revezava com Kuome para tomar conta das meninas de Maki, mas ficava no quarto
do casal com as crianças, enquanto Kaede vagava sem rumo pela casa, sem ter o
que fazer.
Ela perdera sua liberdade e independência e até
para pegar alguma coisa nos armários da cozinha ou pegar um livro para ler na
biblioteca ela precisava de ajuda.
O tédio era seu companheiro, e seus pensamentos
seguiam cada vez mais sombrios. Até o choro das bebês a irritava, e ela passou
a se recusar a cuidar delas.
Ela amava cozinhar, mas agora não havia mais como.
Faxina da casa , nem pensar.
Na verdade, estas tarefas, de cozinhar e limpar a
casa tinham sido passadas para Kuome , que estava sobrecarregada.
Naquele dia, quanto todos chegaram da aula, Kaede
estava calada.
Suas lágrimas tinham secado de tanto chorar, mas
o que mais lhe doeu é que todos naquela casa passavam por ela quase como se ela
não existisse , ou fosse invisível, e quando a ajudavam em alguma coisa, a
prestatividade deles a irritava. Ela se sentia ignorada e humilhada, e sofria
em silêncio, perguntando a si mesma até quando ela aguentaria aquela vida.
Mas Maki , ao contrário seguia feliz. Todos os
dias, sempre que podia, conversava com suas filhas, procurando sempre
repetir o máximo possível a palavra “mamãe”,
já havia meses.
Naquele dia, porém, ela tinha acabado de trocar
as fraldas das meninas e as colocado no cercadinho, quando, falou para elas:
-Mamãe está muito feliz que vocês estão
crescendo, e ficando cada dia mais lindas !Mamãe ama vocês de paixão! Mamãe
quer ver vocês sempre felizes !
Ela pegou Asami no colo e deu-lhe um beijinho no
rosto, e a colocou de volta e foi pegara Manami, quando uma débil voz se ouviu:
-Mama !
Maki parou na hora,surpresa.
Asami tinha falado ! E logo depois foi a vez de
Manami, imitando a irmãzinha:
-Mama !
Lágrimas abundantes rolaram do rosto de Maki, por
entre um largo sorriso, seu sonho se realizava !Suas filhas tinham falado pela
primeira vez !
Ela chamou por Hideo, que veio correndo, e Maki
as incentivou de novo e elas novamente falaram:
-Mama !
Também Hideo se emocionou, e Maki abraçou as duas
filhas com carinho, e depois Hideo a
abraçou também !
Ambos não cabiam em si de felicidade !
Neste meio tempo, porém, Tenka recebeu alta. Com
Akane viajando, ela voltou ao apartamento da oficial, ainda deprimida pela
perda do filho. Traumatizada, dizia a si mesma que nunca mais faria amor com
homem nenhum na vida dela e nunca mais engravidaria.
Naquela tarde, porém, recebeu a visita de uma
colega de classe.
-Oi, Amaya-san, entra !
-Oi, Tenka-san, vim te visitar, soube que você
recebeu alta hoje!
-Ah, obrigada, senta, fica a vontade.
-Que cara de enterro é esta, Tenka-san? Seus
olhos estão vermelhos !
Tenka abriu seu coração para a amiga, e expressou
tudo o que sentia, e chorou aos cântaros no ombro dela.
Foi quando ela sentiu a amiga acariciar-lhe as costas
enquanto a abraçava: Tenka se sentia reconfortada, aninhada, quentinha, e
sentia o coração da amiga batendo.
O abraço se desfez, e Tenka olhou Amaya nos
olhos, depois seu olhar baixou para os lábios, e subitamente seu coração
acelerou: sentiu um desejo profundo, intenso, quente, irresistível.
Do nada agarrou Amaya com força e beijou-lhe a
boca de língua, em um beijo sensual, profundo, erótico.
Amaya arregalou os olhos e se debateu, surpresa,
mas gostou do beijo e acabou por se entregar a ele. Não demorou e ambas estavam nuas no sofá da sala, fazendo
amor entre elas.
Só terminaram de madrugada, quando, depois de
mais um beijo, Tenka disse:
-Namoradas?
-Namoradas !
A paixão de Tenka por Amaya era avassaladora e
agora ela não conseguia mais pensar em mais nada!
Já não sentia mais desejo por homens, mas a
partir de agora, somente mulheres a atraíam sexualmente, especialmente sua nova
namorada!
(Por continuar)
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