domingo, 8 de março de 2015

Depois daquela fria manhã de Outono-Episódio 38



Enquanto isto, Kaede tentava se acostumar á dura vida de paraplégica.
Se antes ela era histérica, agora ela era depressiva, e pensamentos  suicidas lhe perpetravam a mente.
Com Maki, Hideo, Kuome e Tetsuo na escola, ela se sentia sozinha e abandonada. Sua auto estima estava extremamente baixa, sua vaidade chegou a zero e ela não mais se cuidava. Muito disto se devia ao fato de que Tetsuo não estava mais fazendo amor com ela e não mais lhe dava banho,muito embora agora o banheiro estivesse inteiramente adaptado a ela e ela já tivesse condições de tomar banho sozinha, mas não o fazia.
Por vezes Kuome a levava ao banho, mas não era isto que ela queria.
O complexo de inferioridade rugia em sua mente e a dominava com o chicote da desesperança  e as garras afiadas da falta de perspectivas e planos para o futuro. Ela estava firmemente convencida de que mais cedo ou mais tarde Tetsuo a abandonaria, e de que agora seria ainda mais fácil ele traí-la.
Seus delírios imaginavam a ele fazendo amor até com Maki e Kuome!
Mas ela não ficava sozinha na casa. Midori se revezava com Kuome para tomar conta das meninas de Maki, mas ficava no quarto do casal com as crianças, enquanto Kaede vagava sem rumo pela casa, sem ter o que fazer.
Ela perdera sua liberdade e independência e até para pegar alguma coisa nos armários da cozinha ou pegar um livro para ler na biblioteca ela precisava de ajuda.
O tédio era seu companheiro, e seus pensamentos seguiam cada vez mais sombrios. Até o choro das bebês a irritava, e ela passou a se recusar a cuidar delas.
Ela amava cozinhar, mas agora não havia mais como. Faxina da casa , nem pensar.
Na verdade, estas tarefas, de cozinhar e limpar a casa tinham sido passadas para Kuome , que estava sobrecarregada.
Naquele dia, quanto todos chegaram da aula, Kaede estava calada.
Suas lágrimas tinham secado de tanto chorar, mas o que mais lhe doeu é que todos naquela casa passavam por ela quase como se ela não existisse , ou fosse invisível, e quando a ajudavam em alguma coisa, a prestatividade deles a irritava. Ela se sentia ignorada e humilhada, e sofria em silêncio, perguntando a si mesma até quando ela aguentaria aquela vida.
Mas Maki , ao contrário seguia feliz. Todos os dias, sempre que podia, conversava com suas filhas, procurando sempre repetir  o máximo possível a palavra “mamãe”, já havia meses.
Naquele dia, porém, ela tinha acabado de trocar as fraldas das meninas e as colocado no cercadinho, quando, falou para elas:
-Mamãe está muito feliz que vocês estão crescendo, e ficando cada dia mais lindas !Mamãe ama vocês de paixão! Mamãe quer ver vocês sempre felizes !
Ela pegou Asami no colo e deu-lhe um beijinho no rosto, e a colocou de volta e foi pegara Manami, quando uma débil voz se ouviu:
-Mama !
Maki parou na hora,surpresa.
Asami tinha falado ! E logo depois foi a vez de Manami, imitando a irmãzinha:
-Mama !
Lágrimas abundantes rolaram do rosto de Maki, por entre um largo sorriso, seu sonho se realizava !Suas filhas tinham falado pela primeira vez !
Ela chamou por Hideo, que veio correndo, e Maki as incentivou de novo e elas novamente falaram:
-Mama !
Também Hideo se emocionou, e Maki abraçou as duas filhas  com carinho, e depois Hideo a abraçou também !
Ambos não cabiam em si de felicidade !
Neste meio tempo, porém, Tenka recebeu alta. Com Akane viajando, ela voltou ao apartamento da oficial, ainda deprimida pela perda do filho. Traumatizada, dizia a si mesma que nunca mais faria amor com homem nenhum na vida dela e nunca mais engravidaria.
Naquela tarde, porém, recebeu a visita de uma colega de classe.
-Oi, Amaya-san, entra !
-Oi, Tenka-san, vim te visitar, soube que você recebeu alta hoje!
-Ah, obrigada, senta, fica a vontade.
-Que cara de enterro é esta, Tenka-san? Seus olhos estão vermelhos !
Tenka abriu seu coração para a amiga, e expressou tudo o que sentia, e chorou aos cântaros no ombro dela.
Foi quando ela sentiu a amiga acariciar-lhe as costas enquanto a abraçava: Tenka se sentia reconfortada, aninhada, quentinha, e sentia o coração da amiga batendo.
O abraço se desfez, e Tenka olhou Amaya nos olhos, depois seu olhar baixou para os lábios, e subitamente seu coração acelerou: sentiu um desejo profundo, intenso, quente, irresistível.
Do nada agarrou Amaya com força e beijou-lhe a boca de língua, em um beijo sensual, profundo, erótico.
Amaya arregalou os olhos e se debateu, surpresa, mas gostou do beijo e acabou por se entregar a ele. Não demorou  e ambas estavam nuas no sofá da sala, fazendo amor entre elas.
Só terminaram de madrugada, quando, depois de mais um beijo, Tenka disse:
-Namoradas?
-Namoradas !
A paixão de Tenka por Amaya era avassaladora e agora ela não conseguia mais pensar em mais nada!
Já não sentia mais desejo por homens, mas a partir de agora, somente mulheres a atraíam sexualmente, especialmente sua nova namorada!

(Por continuar)

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