Episodio
15 : Presunção
Céu cinzento , carregado, vento
frio, cortante, atmosfera ferina e pesada. Vou andando pelas ruas, as pessoas
são só vultos, sombras que vem e que passam.
Aqui não há folhas para cair, só o
cinzento dos prédios e o escuro do concreto discreto e sem vida. Passo pelas
ruas, aguardo parada nos sinais, aqui só existem sombras, não reflexos, refletindo
tristes complexos , pensamentos convexos, sem nexo. Não existem semblantes nos
rostos errantes, faces que nada me dizem, indiferença que perpetua em moto
continuo a impessoalidade da cidade. As conversas na multidão misturam-se em
uma turba ciclônica de ruídos
distorcidos sem sentido, para sim soam como simples ruídos, poluição sonora.
Ar carregado, pessoas anônimas
como gado, anômalas nas tentativas desesperadas de afirmação de sua normalidade, sociedade de imposição.
Poses em cartazes qual sereias em
gritos de convicção, sociedade em convulsão.
Pedintes famintos, miseráveis
aprofundando-se no gargalo cíclico e ciclônico do crime que jaz avantajado como
câncer na sociedade,irônico em contraste com a falsa imagem de riqueza das
propagandas coloridas de neon, sociedade em convulsão, agora regurgitando a
miséria pelas vias marginais da cidade,
margeando a incompreensão e impiedade da sociedade.
Tudo isto vejo, assisto, contemplo
e analiso. Já fui assim. Não sou mais.
Sou mais. Agora sou mais. Sou diferente
para melhor. E daqui do alto do mais alto dos edificios, me sinto acima da
sociedade. Meu nome é Uthuu .
(Por Continuar )
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