April continuou se esforçando. Seus braços frágeis e finos estavam doloridos, seus ombros mais ainda, suas pernas já tinham câimbras, e suas mãos estavam em carne viva.
Ela puxava e puxava, mas a corda parecia ensaboada e escorregava fácil da sua mão, até que...
Zzzzzrrrrrr !
A âncora caiu no mar e se afundou, arrastando April consigo.Ela bateu violentamente na amurada, na altura do peito, e seus seios pareceram que iam explodir, de tão violentamente prensados contra a madeira. Ela tentou apoiar os calcanhares na amurada em desespero, mas o peso da ãncora a puxou.
SPLAAASH !
-Mulher ao Mar ! Mulher ao mar !
Foi o grito que se ouviu dos mastros.
Hellen voltou correndo, acompanhada de Carmen.
A primeira puxou o cordame, mas April já tinha largado dele.
Ela tentava boiar e manter suas mãos sangrentas fora da água, pois a dor lhe era insuportável.
Carmen pegou outra corda e a jogou para a menina.
-Segure na corda que vamos te puxar, April !
-Nãao, minhas mãos estão sangrando, eu não vou conseguir agarrá-la !
Carmen e Hellen se entreolharam atônitas- aquilo era inacreditável para elas !
-Deixa que dou um jeito nisto !
Disse Carmen, pulando da amurada para o mar. Ela abraçou April com um dos braços e com o outro pegou a corda que ela mesma tinha jogado, e agarrou-se nela.
Súbitamente viram tubarões chegando, só com suas barbatanas dorsais acima da água.
-Aaaaaaaah ! Tubarão ! Tubarão !
Gritou April em desespero.
Foi quando Long Legs Laura chegou para ajudar Hellen. As duas puxaram a corda em um arranco e tiraram Carmen e April da água. Estavam salvas !
Foi quando June chegou, acompanhada de Juliette.
-O que está acontecendo aqui?
Hellen explicou.
June olhou feio para a filha adotiva, que baixou os olhos.
-Já agradeceu a Carmen, Hellen e Laura?
Vermelha de vergonha e em silêncio, April não teve coragem de falar nada. O olhar e o tom de voz terrível de June a fuzilavam, ela nunca tinha olhado nem berrado para ela daquela maneira, naquele tom, naquela altura, e fez que não com movimentos da cabeça.
SPLAAAAFT !
Explodiu o tapa na cara de April , que a jogou ao chão, sentada.
June nunca tinha lhe batido antes. Nem parecia a que tinha conhecido !
-Pois então levante-se ! E agradeça já ! A boa pirata é grata as demais !Isto é uma ordem, maruja !
April mal continha suas lágrimas. Ela se levantou e de olhos raros , humilhada, implorou:
-Muito...muito obrigada, Carmen, Hellen, Laura ! Por favor, me perdoem, me perdoem por minha falha....me perdoa, Capitã, por favor...
O olhar de June era de fúria!
-Cale esta maldita boca, verme ! Você não tem orgulho não, camarão repugnante?Piratas não se prostam, nem pedem clemência !Piratas não rogam, nem suplicam por perdão !Levem-na para a solitária ! Vai passar a noite lá, sem água nem comida, como castigo !
Laura, na maior sem cerimônia, agarrou April e a carregou debaixo do braço até o porão do navio, onde havia uma cela minúscula, feita de ferros trançados, a jogou la dentro, e fechou a porta e o ferrolho,
A jaula era tão pequena, que só dava para ficar em pé, e a escuridão era total, poiso o porão não tinha janelas. Não havia como saber se era de dia ou de noite.
April chorou desabaladamente, de modo convulso. Todo o seu corpo doía, moído, mas o pior estava ainda por vir!
Ratos ! Baratas !
Podia senti-los em suas pernas , em seu corpo, andando em cima dela, e ela berrava de pavor e nojo!
Gritava e chorava sem parar, mas ninguém a ouvia, e pedia por socorro, e nada!
Foi uma noite de terror, que parecia não acabar nunca !
Quando o dia seguinte amanheceu, April estava quase sem voz de tanto gritar, e suas lágrimas tinham secado, de tanto chorar.
Long Legs Laura apareceu, abriu a porta e a tirou de lá.
April desmaiou de exasutão, caindo aos pés dela.
Recebeu pontapés e tapas e enfim acordou, toda machucada.
Laura a pegou pela gola da camisa e a colocou de pé, na marra.
-Venha ! Tem trabalho esperando por você, mandriona !
(Por Continuar)
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