E assim, desceram o bote e as quatro entraram nele.
Logo o bote estava na água e começava a se afastar do navio.
April, como fora mandado, começou a medir a profundidade, mas ela por enquanto só ficava mais rasa.
Ciente das medições de April, Hellen disse:
-Melhor mudarmos de rota então, senão vamos acabar encalhadas.
-Este lugar me dá arrepios...
-Calma, garota, relaxa, já estivemos em lugares e situações piores, até em navios fantasmas já estivemos !
-Cruuuuzes !
-Agora chega de conversas e vá medindo, April !
-Sim, senho....oooooraaaaaah !
De olhos vidrados e esbugalhados, April apontou para boreste:
Em uma ilhota, April, tremendo de medo, vira uma montanha de ossos humanos, com uma pilha de crânios no alto !
-Mas...o que é aquilo...
Exclamou Hellen espantada!
-Vamos embora daqui, por favor !
Gritaram Suzy e Raquel .
-Temos ordens a cumprir, marujas! E vocês sabem bem qual a punição para motim ! Querem terminar como a Helga?
-Mas este lugar é maldito....
-Raquel, somos piratas ou ratazanas? Covardia não combina conosco !
April, mesmo mortificada de pavor, engoliu em seco e disse:
-Esta rota é profunda o suficiente para o navio passar...
-Está dizendo isto para a gente voltar ou está falando a verdade, mocinha? Olha a responsabilidade, heim? Se o navio passar por aqui e encalhar ,você será a culpada!
April mostrou a corda molhada e a mediu com o braço.
-Tudo bem, vamos voltar então. Curva de cento e oitenta graus, marujas !
-Sim, senhora !
Voltaram então para o navio.
Jáa bordo do Black Marlin:
-A rota mais segura é a borestes, Capitã !
-Muito obrigada, Hellen. Você ouviu, Josie, rota, boreste !Todas aos seus postos ! recolher âncoras, enfunar velas, vamos seguir viagem !
Mas April não conseguira resistir ‘a tentação, e, corajosamente contou o que vira.
-Estão tentando nos desencorajar, se for verdade. Você tem certeza do que viu? Preciso lembrar a punição por mentir?
-Eu juro que é verdade, ma...Capitã ! E as outras viram também !
-Ahaaam, isto veremos, April. De volta ao seu posto, no mastro principal !
Ela nem discutiu, subiu o mais rápido que pôde no mastro e foi para as velas.
O Black Marlin voltou a navegar, agora na direção boreste, e não demorou, passou pelo ponto em que April, Hellen Raquel e Suzanna viram a ilhota dos ossos.
Só que agora, bem naquele ponto, uma densa neblina se fez.
-Que droga, não se enxerga um palmo adiante do nariz !
-Isto está ficando perigoso, Capitã... aqui está cheio de escarpas e ilhotas, e podemos encalhar...
-Sim, o vento está aumentando muito, e com ele, nossa velocidade. E olhe todos estes raios no céu, sem trovões, nem chuva !Juliette, ordene a parada totale chame as marujas dos mastros de volta para o convés e mande a Long Legs Laura baixar a âncora !
-Sim, senhora, Capitã !
Assim foi feito, e novamente o navio parou. Bem a tempo: a não mais que vinte e cinco metros de distância, a ilhota dos ossos jazia impávida.
-April, meça a profundidade novamente!
-Sim, senhora ,Capitã!
E ela jogou o cordame na água.
-E aí?
-Apenas duas braças a mais que nosso calado,Capitã!
-Então paramos bem a tempo. Mas você disse que esta rota dava para a gente passar...
-É que medi até umas cinquenta braças atrás, Capitã...
-Tudo bem, então, vamos ter de achar outra rota...
Repentinamente, Juliette gritou:
-Que barulho foi este?
Uma espécie de cântico rouco, de coral de vozes sinistras entoava uma tétrica canção. Não era possível distinguir que língua era aquela.
Então, como em um passe de mágica, a neblina afinou.
E aí todas foram testemunhas: esqueletos humanos vivos, empunhando espadas, e com trajes medievais.As órbitas nos crânios brilhavam vermelhas.
E por todo lado, em volta da ilhota, dezenas de velhos navios encalhados, em ruínas!
(Por Continuar)
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