sexta-feira, 18 de março de 2022

Episódio 89- Sensibilidade de Viver: Adendos Finais !


Porém, o que ela mais temia:

O telefone tocava , tocava e ninguém atendia. Até que a ligação caiu.

Foi só então que ela se deu conta do quão tarde da madrugada era, que provavelmente ele estava dormindo.

Ao mesmo tempo, outro temor se agigantava;

E se a mãe dela atendesse?

Claro que Momiji iria querer saber por que a filha estava ligando ‘a aquela hora, e logo imaginaria que alguma muito grave tivesse acontecido e com certeza iria exigir saber o que fora.

Mas como Lune teria coragem de encarar Momiji, mesmo ao telefone?

Lune claro que sabia o quanto a mãe dela era brava e tradicionalista.

Então, como ela reagiria ‘a notúicia? De que a filha dela traíra o marido com outra mulher, e tendo duas filhas, sendo uma delas um bebê?

Aí é que estava ! Momiji não podia saber de jeito nenhum do que acontecera !

Era um medo infantil, Lune bem o sabia. Afinal, ela era mulher feita, balzaquiana, independente, como poderia ainda ter medo de apanhar da mãe?

Mas, e se Momiji contasse para Takeo o ocorrido? E exigisse a separação?

E se sua chefe no trabalho soubesse?Ela perderia o emprego? Seria malvista por todo mundo, iria ser execrada publicamente?

Lune jazia em posição fetal na poltrona cheirosa de couro, imersa em todas estas dúvidas, toda esta insegurança, todos estes remorsos, todos estes arrependimentos, todas estas preocupações, todos estes temores, todas estas angústias, chorando convulsivamente de modo irrefreável.

Foi então que...

-Triiiiiiiiiim !

O telefone fixo do escritório tocou !

Lune ficou lívida, sua espinha gelou, a tremedeira tomou conta de seu corpo, ela parecia que ia entrar em convulsão, mas o telefone insistia, e ela acabou, de olhos arregalados, esgugalhados e lotados de lágrimas, atender.

Ela conhecia aquela voz: era Kazuo, o pai dela !

-Filha?

Lune corou de vergonha na hora ! Seu rosto estava roxo !

-O...o....o...oooooooi, papai...

-Eu escutei o telenone tocar, fui no identificador de chamadas e era você ! O que foi, filha? Por que está gaguejando deste jeito?

Era agora ou nunca ! Não havia mais escapatória ! Agora ela tinha de contar, por mais envergonhada e constrangida de falar de sexo com um homem, não um homem qualquer, mas o próprio pai dela !

Lune engoliu em seco e começou a contar, sem detalhes íntimos, claro.Mas relatou tudo o que estava sentindo e como estava sentindo o que ela estava sentido, da maneira que pôde.

Como era previsto, Kazuo corou de vergonha e arregalou os olhos , espantado. Mas ele sabia que a filha estava fragilizada, e que necessitava desesperadamente de seu apoio, de sua atenção, de seu amor.

Seguiu-se uma angustiada pausa, um inquietante sil~encio de alguns segundos, mas que para Lune pareceram horas a fio.

-Filha, não fique assim...olha você fez uma experiência, teve uma experiência diferente, e não gostou...e eu entendo seus sentimentos, o que você está sentindo filha, mas, querida, preste atenção: a meu ver, você não traiu o Takeo-san, pois você não correspondeu, e quis parar, e se arrependeu, entende filha? Não houve traição alguma!

Aquelas palavras calaram fundo no coração de Lune- era o alívio que ela tanto precisava, era o que ela precisava ouvir!

Mas responder?

Só o que saiu foi:

-Muito obrigada, Papai, eu te amo muito...

-Eu também de amo muito, filha, de coração, e nada me fará deixar de amá=la, viu?

Lune ficou emocionada: desta vez não conseguira responder, só chorar.

Kazuo, com dor no coração, a esperou pacientemente, e quando ela silenciou , ele disse:

-Filha, olha, pode ficar tranquila, não contarei ‘a sua mãe. Direi que você me ligou por que teve um pesadelo.

-Como o senhor sabe, papai?

-Eu te conheço desde que nasceu, filha e conheço a esposa que tenho á décadas também. Eu sabia que era esta a angústia e preocupação que lhe restava. Olha, para todos os efeitos, esta conversa nunca existiu.Agora vá dormir antes que seu marido e suas filhas desconfiem. Fique tranquila, seu segredo está bem guardado comigo. Tome um remédio para dor de cabeça e vá dormir.

Lune agradeceu e se despediu de Kazuo. Foi a cozinha, tomou outro leite com chocolate, tomou um remédio para dor de cabeça, foi ao seu quarto e deitou na cama ao lado de Takeo.

Aliviada e mais tranquila, logo adormeceu.

 

(Por Continuar)

 

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