Após o agradarem por uns minutos, percebendo que a fera estava ficando sonolenta, elas pararam, e April voltou ao trabalho.
Rápidamente o Tigre se recuperou e urrou:
-É aquela escarpa ali ! Ali que vamos nos esconder !
-Juliete, já sabe as ordens que tem que dar...
-Sim, Capitã, imediatamente !
Não demorou, o navio estava escondido atrás da alta escarpa, parado, com as velas arriadas e a âncora firmemente presa no fundo do mar, mantendo o navio no lugar.
Agora o véu da noite a tudo já encobria.
A presença do Tigre fez com que as piratas tivessem de pescar muito mais que o necessário para elas, por que o apetite dele parecia não ter fim!
Após o jantar, como sempre , todas foram dormir, e o Tigre ficou na popa, no meio das cordas, que ele fizera de seu ninho.
No dia seguinte, ao alvorecer, todas já tinham acordado.
Juliette acordara antes de sua capitã, e já foi dando as ordens:
=Recolher âncora! Soltar velas ! Ajustar a bujarrona !Inflar a vela mestra ! Inflar todas as velas! Timoneira, tudo a boreste ! Zarpar !
Com todas as velas infladas, e âncora recolhida, o navio logo pegou velocidade e se encaixou em uma corrente marítma e já singrava velozmente para a ilha de destino.
Não demorou, June apareceu,ficou na amurada da popa e falou com o Tigre:
-Agora será uma viagem curta!
-Nem tanto. Há muitas escarpas e farpas submersas , que podem afundar um navio facilmente.
-Ô, Long Legs Laura, vem cá, fica de olho nas farpas debaixo da água e ajude a timoneira, vai falando quando ela tem de desviar !
-Sim, Capitã !
Quarenta minutos depois, a vigia do cesto no alto do mastro principal gritou:
-Terra ‘a vista ! É uma ilha !
June pegou sua luneta, e o que ela viu, a deixou preocupada:
-Esta ilha é uma perfeita armadilha natural ! Tem uma baía estreita em forma de ferradura, com uma ilhota no meio , e toda a superfície interna da baía tem escarpas altas , impossíveis de escalar, mas perfeitas para pessoas com cordas pularem para dentro do navio e o invadirem !
-É um risco que teremos de correr...
-Não há outro local da ilha onde possamos aportar, Tigre?
-Não, infelizmente, não. O resto da ilha não tem calado suficiente para navios e não tem praias, só paredões rochosos muito íngremes e altos!
-Droga, é uma armadilha em forma de ilha mesmo !E quem garante que eles não tenham vigias no alto das escarpas?
-Se tiverem, já nos viram, e agora já estamos quase entrando na baia, não há mais espaço para manobrar mais.
-Tigre, se você está nos conduzindo para uma armadilha , para me trair, eu te mato!
-Capitã, a minha vingança pessoal é contra a Manticora e seus fanáticos, não contra vocês...
-Sei, sei... bom, tudo bem, vamos entrar então. Juliete, mande as marujas se armarem e ficarem em alerta, podemos ter de entrar em batalha a qualquer momento !
-Sim, senhora, Capitã !
E o Black Marlin entrou na baía.
Oclima era de apreensão. A vigia do cesto do mastro mais alto tinha ordens de tentar encontrar inimigos no alto dos penhascos , para prevenir e alertar sobre uma possível invasão do navio.
Mas esta não ocorreu.
Aliviada, mas desconfiada, June deu a ordem de aportar na extremidade oeste do cais.
Como já discutido antes, ela deixou 20 de suas marujas no navio, e após a aportagem, desceu com sessenta e seis marujas , pela rampa junto ao cais.
Diferentemente de outros portos em ilhas, porém, aquele porto não tinha armazéns, tavernas, cidade, nada. Era apenas uma faixa de pedras tipo paralelepípedos, com mourões de pedra para fundeamento de navios e mais nada. Para além da faixa de pedra, que se estendia de um lado a outro da parte mais interior e recurvada da baía, havia só um gramado, e depois dele, uma densa floresta.
A exceção era bem no centro da baía, no centro da faixa de grama, uma gigantesca estátua de uma Manticora, com cerca de 21 metros de altura.
-Que bicho feio, que horror ! Como podem idolatrar uma besta destas?
-É ainda mais cruel do que feia, Capitã, é mortal !
Respondeu o Tigre.
(Por Continuar)
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