-Ah,e Anne Paula, você tem o comando da ponte
enquanto estivermos fora!
Disse Valéria, que, acompanhada de Cecília, pegou
o elevador e foi para a sala de teletransporte.
Lá, Letícia e Rita esperavam por elas.
-Capitã e Imediata no recinto !
Disse Letícia, quando as duas chegaram.
-Dispensadas !
-Capitã, tudo pronto !
-Muito bem, Letícia, já estamos todas na
plataforma da máquina.Energizar !
Letícia acionou o teletransporte, e as três
desapareceram da plataforma e reapareceram instantaneamente a bordo da Belerofonte.
Lá, esperavam
por elas a Capitã Françoise e
mais dois oficiais.
-Sejam bemvindas ‘a KSS Belerofonte ! Eu sou a
Capitã Françoise Louise Soleil, e este é meu Imediato, Charles e meu Engenheiro
Chefe , Stuart McScottland !
-Muito obrigada ! Prazer em conhece-los, Capitã
Valéria Soleil, minha Imediata Cecília e minha Engenheira Chefe Rita !
-Sejam bem vindas ao século XXIII !
-Agradecida
novamente, Capitã Françoise !
-De nada, Capitã Valéria. Por favor, queiram nos
acompanhar!
Cecília ficou impressionada com a semelhança
física do rosto das duas capitãs!Não havia dúvidas de que eram descendentes uma
da outra ! Os cortes de cabelo eram diferentes, penteados idem, mas a testa, os
olhos, pareciam os mesmos !
Elas foram percorrendo os curvos corredores da
nave, já que tinham sido teletransportadas para o globo da nave.
Aquilo para elas parecia uma curiosa viagem no
tempo: tudo ali parecia datado, antigo, mas estava novinho em folha,e era
curioso ver os painéis de comunicações ainda com botões físicos e telas
bidimensionais. Algumas telas em alguns painéis de acesso técnico eram mais avançadas,
com telas soft touch e teclados virtuais, mas ainda bidimensionais e
não-holográficos.
Elas entraram no elevador, que ainda tinha o
velho gancho de comando, com sua manopla enorme, para selecionar o andar
desejado. Nada de falar ao computador o deck desejado !
O elevador parecia também bem mais lento que os
que equipavam a Peregrine.
Finalmente chegaram ao Deck 2, onde, depois
de curta caminhada por um corredor, chegaram
‘a sala de reuniões dos altos oficiais, igualmente curva.Não haviam ali os
grandes janelões retangulares recurvos, mas sim, janelinhas pequenas e
redondas, bem espaçadas. A sala era um pouco apertada, mesmo em comparação com
a da Peregrine.
Sentaram-se ‘a mesa curva, de madeira, nas
curiosas cadeiras fixas de um plástico duro e esverdeado, com apenas a parte de
cima do encosto e com o assento estofados em couro natural preto.O encosto das
cadeiras tinha um formato curiosamente triangular, com a base larga na altura
do assento , afinando-se e terminando em uma ponta estreita e arredondada na
porção para a cabeça. Eram duras e desconfortáveis. Mas ao menos eram
giratórias, embora tivessem o pé fixo.
-Muito bem, sentem-se e fiquem a vontade. Ah, Valéria,
vocês nos colocaram numa situação bem complicada...como poderíamos comunicar ao
QG da R-KASF, que encontramos uma nave do futuro em nosso caminho? Isto é
desconcertante! E confesso que ainda estou sob um certo choque...
-É perfeitamente compreensível, Capitã Françoise,
eu também ficaria se desse de cara com uma nave de 2412...mas se queres uma
sugestão, penso que é melhor não comunicar, pois eles vão querer apreender
nossa nave, estuda-la e isto poderá afetar o futuro, não acho bom eles terem
acesso a uma tecnologia que eles ainda não conhecem e que ainda não apareceu.
-E iriam querer interroga-las também, talvez
prendê-las , para investigações. Você tem razão, Capitã Valéria, não
informaremos ao QG então.
-E não pretendemos ficar aqui muito tempo,
precisamos voltar ao nosso tempo e cumprir nossa missão!
Disse Cecília.
-Tudo bem. Bom, vocês devem estar curiosas para
conhecer nossa nave. Vamos fazer o seguinte:
a Capitã de vocês ficará comigo mais um tempinho, para conversarmos a
sós, e vocês irão com meu Imediato, passear pela nave e conhece-la. Mais tarde,
eu e a sua Capitã iremos dar nosso passeio, digamos “turístico” pela nave. Nos
encontraremos mais tarde na ponte! Charles, por favor, acompanhe-as !
-Sim, Capitã! Vamos indo, senhoritas?
E Rita e Cecília foram com Charles conhecer a
nave. Agora Françoise ficou a sós com Valéria.
-Muito bem, então eu sou a sua bisavó e você é a
minha bisneta!Não pense que não reparei em seu rosto e seu corpo, Valéria...eu
realmente chego ‘a conclusão de que você é parecida comigo, em alguns traços,
mas a consciência de que serei bisavó me faz me sentir muito mais velha do que
sou, e olhe que nem cheguei nos quarenta anos ainda!
Fico algo chateada em pensar que não a verei
nascer, nem crescer, mas você, por outro lado nunca teria tido a oportunidade
de me conhecer se não fosse este acidente temporal. No entanto,a consciência de
o quanto, até que idade viverei e com que idade deixarei o mundo dos
vivos...olha, que te pedir um favor: não me conte de jeito nenhum de que
maneira foi o meu falecimento, não quero saber, o?Já é muito pesado para mim
saber que só viverei mais sessenta
anos...
-Tudo bem, bisa !Posso te chamar assim?
-Bisa?Está me chamando de velha, mocinha? No meu tempo, tenho no máximo a mesma idade
que você !Me chame de Fran !Mas só quando estiver sozinha comigo, na frente dos
outros me chame de Capitã Françoise, por favor! E não me chame de senhora !
-Desculpe, Fran...eu sempre sonhei em um dia poder
te chamar de Bisa...a vovó falava tanto de você...
-O que ela falava de mim?
-Que ainda bem que eu não a tinha conhecido, por
que você era muito brava e tinha um gênio terrível...rsss
-Humpf ! É que ela não deve ter conhecido minha
mãe...aquilo sim era severidade...mas ainda assim, uma mulher admirável !
-A vovó dizia a mesma coisa de você , a chamava
de mulher admirável, de muito valor, uma pioneira, ela a tinha como uma heroína
!
Françoise corou de vergonha.
-Fico feliz em ouvir isto...mas me conta, por
favor, deste Serge com quem vou casar e de quem vou engravidar, me conta da
minha filha...
O tom mudou para curioso e entusiasmado.
O gelo se quebrara, e agora elas pareciam velhas
amigas!
(Por Continuar)
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