Tais notícias eram desalentadoras para Valéria, enfurnada no seu quarto, agora como simples passageira. Para quem estava acostumada a comandar, dar ordens, isto era um ultraje, uma humilhação.
Todas as antigas tripulantes da Peregrine ficaram alojadas em alojamentos no mesmo corredor, no mesmo deck, o deck 12.
Mas voltando ‘a Valéria, o que mais lhe pesava mesmo eram o arrependimento e o remorso pelas 84 tripulantes mortas. Ela não se conformava, e a culpa a consumia, e ela chorava de modo convulso, em onda contrínuas, puro desespero !
Seu sonho era um dia chegar a Almirante e comandar um destróier como o Decider, mas agora, seus sonhos pareciam destruídos, enterrados , como suas tripulantes.
Ela olhava para suas mãos e só conseguia ver sangue nelas, sentia-se a pior e mais cruel das criaturas!
Foi então que Cecília tocou a campainha e entrou, pois distraída com suas angústias, Valéria não trancara a porta.
-Capitã?
-Não sou mais capitã, sou só uma criminosa, uma demônia, uma assassina, genocida, sou perigosa, só faço mal ‘as pessoas...eu quero morreeeeeeeer !
A reação de Cecília foi de espanto: olhos arregalados, boquiaberta, olhos marejados.
-Não é verdade, Capitã, não é verdade !
E Cecília deitou-se na cama com Valéria e a abraçou, começou a fazer carinhos nos cabelos dela e lhe dar beijinhos no rosto.
Valéria nem respondia, mortificada que estava, em absoluta depressão.
Cecília então deitou-se em cima dela, tirou seu uniforme, o uniforme dela, beijou-a na boca de língua em um beijo profundo e cheio de desejo, e sua mãos atolaram-se nos seios e nas nádegas dela, e adentraram o sexo dela também e começou a fazer amor com ela.
E assim ficaram a noite toda.
No dia seguinte pela manhã, a Decider chegava na Estação A 68.
Já vestidas, Valéria e sua antiga tripulação desceram da nave e entraram na Estação, onde as notícias j´tinham chegado. Parecia que a Estação inteira olhava feio para elas, especialmente para Valéria.
Após se ajeitarem em seus quartos, Valéria e sua tripulação foram tomar o café da manhã juntas na Cafeteria da Estação.
O clima, já fúnebre, foi ainda mais estragado quando apareceu uma oficial da Estação:
-Meu nome é Mônica Monaro, Tenete Comandante , Oficial Jurídica da Estação.Vim informa-las de que todas, menos a Capitã Valéria, foram realocadas para servirem na KSS Golden City-B, uma nave estelar categoria cruzador pesado, Classe Squalo, que partirá em missão hoje as 22 horas. É mandatário que se apresentem até as 20 horas na Squalo, sem atrasos!
-Esta não, uma nave de uma nacelle só, como a Solitaire, ninguém merece...
-Vocês tem sorte da Squalo admitir vocês, dez outras naves as recusaram !Então, não reclame , Imediata Cecília !Ah, sim, ao abordarem a Squalo, irão servir ‘a Capitã Greta Hausenstein !Agora, quanto ‘a senhora, Capitã Soleil, sua primeira audiência judicial se iniciará as 16 horas, então terá de se apresentar no recinto de Corte Marcial pontualmente as 15 horas. A senhora ficará aqui na Estação até o final do julgamento.
Mõnica retirou-se.
As garotas então viram, pelos janelões da cafeteria, a Decider zarpar e sair da estação sem elas.
Valéria permanecia calada, mal segurando o choro, intensamente deprimida, e a duras penas se forçando a comer o delicioso café da manhã, que , para ela, não tinha gosto de nada.
Apiedadas, as garotas ao ver ela se levantar pouco depois, a abraçaram e choraram com ela, apoiando-a.
Mas Valéria não reagia. A filha lhe tinha caído e era pesada demais!
Pensamentos suicidas chegaram a lhe atormentar, mas ela simplesmente não tinha coragem.
Sua tripulação procurou ficar com ela o quanto pôde, até próximo da hora do julgamento.
Agora Valéria sabia por que fora requisitada a comparecer com uma hora de antecedência: em uma saleta a parte, sua advogada veio orientá-la e conversar com ela.
-Olá, Capitã, meu nome é Comandante Reiko Sashigawa, sou a advogada nomeada pela Comissão de Corte Marcial para a senhora!
Reiko era uma japonesa de nacimento, baixinha, magra de profundos olhos negros e cabelos idem, recortados em um penteado Chanel com franja .Tinha nádegas achatadas, seios chapados, realmente pequenos, pouco violão.
(Por Continuar)
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