domingo, 16 de agosto de 2015

Episódio 43- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



Logo Sakuya já estava sentada no sofá da sala, conversando com a Família Tamasuki:
-Mas que linda casa vocês tem !
-Muito obrigada, Sakuya-san !
Disse Momiji, constrangida, pois por educação teria de elogiar a convidada e dizer que ela era bonita, mas ela não conseguia ver beleza naquele corpo musculoso e nas feições delicadas do rosto ornadas por um cabelo extremamente curto, cortado em estilo militar .Para ela, mais parecia que a filha tinha trazido um soldado para dentro de casa.
-Sakuya-san, eu estou achando que você está tão bem, está bonita !
Disse Lune, e o restante da família, ao contrário de Lune, que estava a vontade e fazia um elogio sincero (como sempre eram os poucos elogios que ela fazia) ,constrangida, concordou com movimentos de cabeça por educação.
Na verdade, Lune era a única ali que achava Sakuya bonita!
- E você é militar, Sakuya-san?
-Não, mas eu me identifico com o visual deles, acho que combina comigo, Kazuo-dono !Eu sou uma fisiculturista, uma atleta dos músculos e ganho dinheiro com o meu esporte que tenho como profissão!
-Ah,então você deve gostar de homens fortes, musculosos, tipo Arnold Swarzenegger !
-Sabe que não, Ruri-san? Na verdade eu não fui sempre assim, e quis ficar assim justamente por causa de um namoro malfadado, um relacionamento que me fez sofrer muito !
-Onee-san, só porque ela tem músculos definidos ela teria de gostar de caras musculosos também? Comentário preconceituoso o seu !
Disse Lune, censurando a irmã.
Ruri corou de vergonha, inclinou o torso e disse:
-Desculpe ! Desculpe !
Momiji olhou feio para Lune e depois para Kazuo, com ar de reprovação.
Neste ínterim de clima de constrangimento, Sartre , o gato, apareceu ,e foi se enroscar nas pernas de Momiji, que não teve como abrir um sorriso, aliviando a tensão no ar.
Lune pegou o gato nas mãos e o levou até o colo de Sakuya.
Mas ele não gostou e se arrepiou todo e saltou dali, não sem antes arranhar o braço dela !
-Mas que gato feio ! Vem, Sakuya-san, eu vou fazer um curativo no seu braço ! Papai, o senhor pode por favor levar as malas dela para o quarto de hóspedes, por favor?
Acudiu Lune, aflita.
-Claro, filha, pode deixar !
Lune levou Sakuya ao lavabo da sala, onde lavou o ferimento, saiu e depois voltou com a caixa de primeiros socorros para fazer o curativo.
-Não precisa não, Lune-san, daqui a pouco sara, não foi nada demais...
-Sakuya-san, amigas de verdade cuidam das amigas, deixe comigo !
Lune pegou o spray cicatrizante e passou no ferimento, depois de lavá-lo, e colocou um band aid em cima.
-Obrigada, você é muito gentil !
-É o mínimo que eu podia fazer por você, minha amiga.
-Ah, Lune-san, eu fico tão feliz de ter uma amiga legal como você, viu?
Lune corou de vergonha, toda tímida:
-Imagine, amiga, eu é que fico sem graça da recepção da minha família a você...eles ainda não aceitam direito pessoas que não são do padrão convencional a que estão acostumados!
-Ah, não esquenta, eu não ligo, estou acostumada a estas coisas. Agora, os gatos, por outro lado , ao contrário dos humanos, mostram claramente de quem não gostam ou não foram coma cara !
Disse Sakuya, em um risinho.
-Aquele Satre-san não tem jeito, só apronta,viu? Se ele não gostou de você, ele tem mau gosto !
As duas se riram a valer.
-Bom, vou te levar ao seu quarto agora, você deve estar cansada e louca por um banho agora ! Acho que meu pai já deve estar levando suas malas para o seu quarto !
Elas saíram do banheirinho, no qual Sakuya mal cabia, e foram subir as escadas, quando viram que Kazuo e Momiji sofriam barbaridades para conseguir carregar uma das malas escada acima!
-Ai, desculpem, por favor ! Estas malas tem meus halteres, pode deixar que eu mesma carrego !
Disse Sakuya.
O que Kazuo e Momiji não conseguiam nem levantar com os dois braços juntos, Sakuya levantou com um braço só e levou escada acima como se estivesse carregando um travesseiro !
Lune deixou o banho pronto para a amiga, e se despediu dela, fechando a porta enquanto Sakuya tirava as roupas para entrar no chuveiro.
Ela desceu as escadas e encontrou a mãe logo que pisava no último degrau:
-Você não tem vergonha não, menina? Será possível que você é burra e ainda não aprendeu até hoje a não colocar sua família numa situação constrangedora?
-Eu, ao contrário de vocês, não tenho preconceitos. Com licença, mãe?
-Tem horas que não suporto sua arrogância, sabia?
-Sim, eu sei que você interpreta erroneamente meus comportamentos como arrogantes e isto te irrita. Mas não vou mudar o jeito que sou por sua causa nem por ninguém. Eu não me encaixo nas fôrmas sociais suas onde quer me limitar, desculpe, mas não sou assim !
-Além de tudo é egoísta e individualista!
-Por que não mudam vocês então, mamãe? Por que só eu quem tenho de mudar?
-Por que nós estamos certos e você está errada, será que não entende? Nós somos maioria e você minoria, pombas !
-Ah, sim, belo discurso ditatorial e autoritário o seu ! Depois a egoísta e individualista sou eu! Pois eu penso o contrário ! E quer saber, certas unanimidades são burras !
Aí foi demais para Momiji !
Este insulto ela não suportou e o tapa dela na cara da filha fez Lune cair da escada e se esborrachar no chão.
Lune, porém, não se entregava e deu uma rasteira na mãe, que também caiu!
Desta vez, no entanto, ao invés de se engalfinhar com a filha, Momiji se ajoelhou no chão e começou a chorar. Subiu as escadas correndo e se trancou em seu quarto, onde o seu pranto se intensificou em um choro convulsivo, entrecortado por soluços angustiantes, e a depressão lhe vinha em ondas que lhe rasgavam o coração.
Lune se levantou, e voltou a seu quarto serenamente, como se nada tivesse acontecido.
Foi quando Kazuo entrou no quarto do casal e encontrou a esposa em estado deplorável.
Ele a abraçou com ternura e afagou seus cabelos e distribuiu carinhos nas costas dela.
Ela o abraçou forte, e ainda chorando, disse:
-Está difícil...está difícil demais...por que fomos ter ‘a ela? Por que fomos ter uma filha assim?Eu não aguento mais, Kazuo-kun, eu não aguento mais...francamente...eu...meu coração rasga ao dizer isto, mas eu fico aliviada dela ir estudar em outra cidade e não conviver mais comigo...não dá, não tem jeito...eu não aguento...eu estou velha demais para estas coisas, será que ela não entende? Ela não cansa de me provocar, me enfrenta, me desobedece, não aprende, sei lá...nem parece minha filha...onde foi que eu errei? O que eu fiz de errado? O que foi que fiz para tudo isto acontecer comigo?

(Por continuar)

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