sábado, 22 de agosto de 2015

Episódio 97- Depois daquela fria manhã de Outono



Enquanto isto, Maki estava em seu quarto. Estava triste, mas desta vez não conseguia chorar. Nem dormir. Achou que seria melhor tentar se distrair um pouco e ligou a televisão de seu quarto.
Lá passava um filme de desenho animado, “Em busca do vale encantado”, um filme sobre um grupo de filhotes de dinossauros que tinham se perdido de seus pais após um terremoto, em busca de um lugar melhor para viver, onde pudessem reencontrar seus pais novamente, mas um deles era órfão e buscava pelos avós.
Então uma cena do filme lhe chamou a atenção: o dinossaurinho tinha acabado de perder a mãe, e ele olhou sua própria sombra projetada na montanha, e a sombra aumentava de tamanho quanto mais ele se aproximava da parede da montanha. Ele achou que a sombra era da mãe dela, e ficou com esperança de que fosse a mãe ainda estivesse viva. Porém, ao se afastar , percebeu que era sua própria sombra e não a da mãe, e a consciência da morte da mãe dele lhe sobreveio com toda a força e ele chorou.
Ao ver aquela cena, alguma coisa tocou profundamente a alma e coração de Maki.
Chocada e traumatizada, ela desandou a chorar desabaladamente, em um choro convulso, entrecortado por soluços angustiantes!
Agora as lágrimas corriam como as águas de cachoeiras, de modo incontrolável, e a depressão lhe vinha em ondas temerárias, e rasgavam sua alma como as garras de um leão descontrolado, e sua pobre mente torturava gritava agônicamente  as dores das chagas de suas mágoas , o desespero do ressentimento de suas perdas, o peso monstruoso, sufocante e esmagador do sentimento de abandono e rejeição, que rugia célere, destroçando seu coração !
Nem ela mesma percebia, mas berrava seu pranto convulso e tonitruante a plenos pulmões.
Repentinamente, a porta de seu quarto se abriu. Era Tetsuo, que assustado com os gritos dela, correu a vir abraça-la!
-Ai, papai, papai...
Foi só o que ela conseguiu dizer, e continuou a chorar enquanto o pai lhe afagava os cabelos com carinho, tentando acalmá-la.
-O que fiz da minha vida? O que as pessoas fizeram da minha vida? Papai, nem eu sei mais, andei fazendo tanta coisa errada, ai, papai, paizinho...
Disse Maki, após recuperar um pouco de fôlego.
Os gritos dela puderam ser ouvidos até no andar de baixo, e Akane e Kaede escutaram.
-Por favor, Akane-san, me leve até minha filha, depressa !
Akane levou a cadeira de rodas e colocou Kaede na cadeira  deslizante elétrica e acionou o botão de subir, e enquanto isto, recolheu a cadeira de rodas e a levou escada acima, onde colocou Kaede na cadeira de rodas e foram direto para o quarto de Maki.
-Mamãe...ai, mamãaaaaaeeee...
Disse Maki, abraçando a mãe adotiva, que a abraçou com carinho.
Só então seu coração pareceu se acalmar e as lágrimas diminuíram seu ritmo. Finalmente depois de alguns minutos abraçada aos pais, percebeu a presença da policial, emocionada como ela.
-AKane-san, quantas saudades, quanto tempo !Você, que sempre me ajudou, sempre me protegeu, sempre esteve ao meu lado, não poderia ter amiga melhor!
Eternecida, Akane a abraçou também. Era uma das raríssimas vezes em que Maki se sentia amada, querida, protegida, aninhada!
Agora feliz e recuperada, Maki sorriu.
Mas apesar de sua felicidade, todo aquele sentimento poderoso, agora reprimido e enterrado novamente, ainda jazia sob a máscara do sorriso, e ansiava por sair novamente: aquela era a verdadeira Maki, ainda irresolvida, a velha Maki interior, que era a verdadeira Maki por trás da Maki, que urgia de amadurecer e se libertar, que desesperadamente voltava ‘a sua prisão, no limbo das catacumbas de seu inconsciente !
Aquela sua herança, com seus traumas e mágoas , chorava em sua prisão mental enquanto Maki voltava a sorrir como criança, dirigindo a todos aquele velho e conhecido olhar meigo, doce, infantil e sensível, que todos conheciam e adoravam. Por um breve, breve momento, eles acharam que Maki teria regredido e retornado ‘a velha Maki de antigamente, que tanto lhes agradava.
Mas no fundo, com excessão de Akane, eles a amavam por que a queriam manipular , dominar e controlar para seus próprio interesses:
Tetsuo, apesar de seu trauma e de seu novo comportamento, no fundo (em seu inconsciente) queria de Maki apenas o corpo dela e a utilização sexual deste, e, reprimido no fundo de sua psique, o desejo sexual por ela continuava ardente. Sua verdadeira vontade ,que ele reprimia e refreava violentamente dentro de si, era o de desnudar Maki e fazer sexo selvagem com ela e transformá-la em sua escrava sexual pelo resto da vida dela.Era um segredo que ele manteve por muito tempo, e no tempo em que a teve como esposa pôde liberar, mas agora o guardava para dentro de novo, graças a seus traumas e sentimentos de culpa.
Kaede, também em seu íntimo, queria mesmo a manipulação da menina para seus interesses financeiros. O que lhe interessava, em sua ganãncia, era a parte dela da fortuna dos Amagawa!

(Por continuar)

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