O dia seguinte chegou. Sandrine bateu a porta do quarto de ‘Agatha, que, preguiçosa, ainda estava deitada na cama.
-Bom dia, Majestade !
Bom dia, senhora !
-A festa ontem foi tão animada, tanta gente nos pátios do Castelo !
-Foi mesmo, Sandrine, acabei indo dormir tarde, por isto só acordei agora...
-A senhora é Rainha, não precisa dar explicações a ninguém !
-Eu já fui do povo antes, Sandrine, não esqueço minhas origens humildes, talvez por isto, por detrás dos gracejos dos vassalos e cortesãos, estão a ira e a inveja deles...mas então, ontem fui dormir cedo, depois me lembrei da festa, consegui me levantar e me arrumar a tempo e ir comemorar um pouco com eles, mas não aguentei ficar muito tempo, estava exausta...
-Eu entendo, Majestade, a senhora não quer dormir mais um pouco então?
-Já amanheceu, e eu não consigo dormir de dia, minha amiga. Depois, agora cedo tem a sua sagração como Baronesa, lembra?
-Jura, Majestade?Achei que fosse só uma promessa vazia, que vossa majestade iria esquecer com o tempo...
-Eu sempre cumpro minhas promessas e só prometo o que posso cumprir.Me ajude a me trocar, por favor !
-Pois não, Majestade; agora, fiquei curiosa: por que vossa majestade dorme nua na cama?
-Tenho o costume desde criança. Roupas me embaraçam e incomodam na hora de dormir, não gosto !
-Entendi, Majestade !
Um bom tempo depois, ‘Agatha já estava pronta, com seu vestido volumoso.
A coroa almofadada e pesada, de ouro maciço, com pedras preciosas ela mesma colocou na cabeça.
-Vamos indo, Sandrine !
Sim, Majestade.
‘Agatha tomou seu café da manhã na sala de jantar, enquanto Sandrine se alimentou numa mesa na cozinha, junto com as demais serviçais.
Terminado o desjejum, ‘Agatha ordenou que Sandrine fosse se arrumar, e várias Aias acompanharam a ela ao quarto para prepara-la, enquanto outras acompanharam ‘Agatha ‘a sala do Trono, onde iniciou sua sessão de atendimento ao povo, sob o som das trombetas reais que anunciaram sua chegada.
O povo se curvou respeitosamente diante dela, enquanto ela se sentava no duro e desconfortável trono de ouro maciço.
Depois de duas horas de atendimento popular, as trombetas soaram de novo: era Sandrine chegando, acompanhada de Aias, toda linda e enfeitada, em um belíssimo vestido, presente real.
-Sandrine Sagasse, aproxime-se do trono!
Ela se ajoelhou diante do trono, de cabeça curvada.
Uma Aia trouxe uma coroa de louros prateada em cima de uma almofada.
-Eu, Rainha ‘AgathaI, de SilverLand, a recebo na minha Coorte como Nobre, Sandrine, Sagace!
E ‘Agatha ficou de pé diante dela, e sacou a legendária e poderosa Espada Sagrada de Exfalligur.
-Que recebas agora a graça da Glória de Aço, e que as Fadas a Abençoem, eu a sagro agora, Sandrine Sagace, como Baronesa de Sagace !Receba, pois, a concessão de terras, e o Castelete de Volaux, doravante nomeado Castelete do Baronato de Sagasse, onde , de hoje em dia, tua família morará!Povo, meu povo querido e amado, saúdem a nossa nova Baronesa !
Bradou ‘Agatha, tocando com a ponta da Espada em cada um dos ombros de Sandrine e no alto da cabeça dela. Ela então beijou a lâmina da Espada, que brilhou intensa.
Palmas e apupos irromperam na multidão!
-Doravante, ó povo, tratarão a nova baronesa por “Sua Excelência”
O povo novamente aplaudiu as palavras de ‘Agatha.
O gesto de ajoelhar e beijar a Espada no cerimonial não era a toa, mas premeditado: simbolizava a submissão dos Nobres ‘a Coroa Real, e o fato de Sandrine receber o título de Baronesa, mas permanecer Aia, servindo a Rainha, era outra forma de dar um recado aos nobres do feudo, de quem realmente mandava ali, e de a quem tinham de se submeter sem questionar.
(Por Continuar)
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