--Capitã, preciso que sejas muito sincera e honesta comigo, pois preciso saber de tudo para poder tentar defende-la o melhor possível, já que seu caso é bastante complicado e difícil. Por favor me conte tudo sobre o que aconteceu !
Os olhos profundamente azuis piscina de Valéria não brilhavam, estavam inchados de tanto chorar, e seus cabelos louros estavam pálidos. Seus lábios, que sempre foram sensualíssimos, sedutores e irresistíveis, estavam rachados, ressecados, contrastando com o vermelhíssimo batom da advogada, que tinha uma boca realmente minúscula.
Pausadamente, e desanimadamente, com muitas interrupções para gaguejos, choros, soluços, suspiros, Valéria foi contando tudo de novo.
-Entendi. Como se declara?
-Culpada...
-Huum, assim fica difícil a sua defesa, a senhora não tem nenhum atenuante, nenhuma prova a mais, nada?
-Não...
-Bom, já está na hora de entrarmos no tribunal. Venha comigo, por favor.
E entraram no recinto do tribunal. Valéria sentou-se no lugar da ré, defronte o tribunal. Estava cabisbaixa, olhando para baixo e deprimida.
-Muito bem, está aberta a sessão! Eu su a Comodoro Honória Toughheart e serei a juíza deste tribunal, o qual presidirei, daqui por diante, até o final do julgamento. Do meu lado direito está o Comodoro Dalton Dillinger e a Comodoro Silvia Shaftner, Do meu lado esquerdo da bancada está o Comodoro Hayao Sataguchi e a Almirante Zelda Zenstrom. No púlpito direito está o promotor, Almirante Helmut Scharzennegger, e no púlpito esquerdo, a Advogada Comandante Reiko Sashigawa.Primeiramente, convoco a relatora do caso, a Comandante Alicia Werner para apresentar o caso !
Alícia, que estava na primeira fila da platéia, subiu ao púlpito central, apareceu um telão holográfico 3 D e ela começou a relatar o caso em detalhes.
Foram duas horas de descrição detalhada e pormenorizada de cada momento do evento.
Novamente, a Juíza retomou a voz, após dispensar e agradecer a Alícia:
-Muito bem, agora podemos iniciar o julgamento. Com a palavra, o Promotor Scharzenegger !
Ele se aprumou no seu púlpito, empostou a sua voz poderosa e trombeteante, extremamente grave, e começou seu discurso de acusação:frio, cruel e repleto de ódio insano. Ele tinha excelente retórica, carisma de um líder nazista, e enorme talento para a eloquencia desvairada. Ao ver dele, Valéria era uma criminosa , assassina, genocida, descontrolada, uma vilã descontrolada , paranóica e maníaca. Até mesmo os supostos antecedentes criminosos dos antepassados dela na Segunda Guerra Mundial, no ´seculo 20 ele “lembrou”, e colocou em dúvida não só a sanidade mental dela, como a sanidade moral dela, insinuando-a de ser lésbica, prostituta e promíscua. Usou um antigo caso em que, ainda na Academia, iniciando sua carreira, fora estuprada selvagemente pelo seu instrutor, acusando-a de ter seduzido a ele e conseguido sua aprovação na Academia por ter tido relações sexuais com ele!Tudo sem a menor prova ou embasamento nos fatos. Usou ainda, de modo perverso, a “teoria do fato” alegando que ela tinha que saber que o poderio do planeta era muito maior do que sua nave. Acusou-a de negligência criminosa, e de destruir a nave de propósito. E mais ainda: relatou que não foram encontradas provas do tal planeta e que tudo não teria passado de armação para destruir a Stegodon e destruir sua própria nave e matar sua tripulação premeditamente. Pediu 70 anos de prisão para ela.
Depois a juíza, que parecia feliz e satisfeita, passou a voz , com muita má vontade, para a Advogada.
Esta começou a fazer a defesa de Valéria, mas era constantemente interrompida por intervenções irônicas e maldosas do promotor, que ao contrario da advogada, que escutou o promotor até o fim, sem interrompê-lo, ele em nenhum momento respeitou a vez dela, aproveitando toda chance possível para contradizê-la e a humilhar publicamente.
Isto foi estressando a advogada, levando-a a esquecer detalhes, horários, etc e prejudicando muito a sua já dificílhima defesa.
Pio: toda a bancada dormiu de roncar durante seu discurso e só acordava com as falas indevidas do promotor.Ninguém, nem mesmo a platéia, prestava atenção ou se importava com a fala dela.
Por fim, a Juíza conclamou as testemunhas.
Novamente, toda a atenção e concentração para as testemunhas da acusação, e nenhuma para as testemunhas de defesa; a bancada da Junta Militar de Corte Marcial parecia ter sono seletivo !
Por fim, era a vez do interrogatório das testemunhas pelo promotor e pela advogada.
Mais uma vez as falas das testemunhas de defesa eram frequentemente interrompida e flagrantemente era claro que o promotor manipulava as perguntas de modo incriminatório. As testemunhas de acusação nunca tinham perguntas constrangedoras e nunca eram interrompidas.
Já a advogada era frequentemente interrompida com protestos do promotor e quase todas as suas perguntas as testemunhas foram anuladas pela juíza, cerceando flagrantemente o direito de defesa da ré.
Tudo já parecia perdido, e o promotor já até exigia prisão perpétua, quando houve uma reviravolta no julgamento:
Novas provas chegando !
O relato documentado Do almirante da nave estelar KSS Surpriser- D, uma battleship Classe Sensation, relatando ter encontrado o planeta nas coordenadas relatadas por Valéria, que teria enfrentado o poderio bélico do planeta e o vencido, colocando as armas de defesa planetária fora de combate, com fotos e vídeos.
Com isto, para a raiva do promotor e desalento da juíza, ficou provado que Valéria dissera a verdade.
Por fim, saiu a sentença:Muito ao contrário do que o promotor queria, foi instituída pena de 2 anos de prisão, e perda do título de Capitã , regredindo para Imediata.
(Por Continuar)
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