sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Episódio 53- Sensibilidade de Viver:Gestação


Kazuo continuou aconselhando Takeo pelo telefone:
´-Então, Takeo-san, não adianta pedir desculpas. Não é isto que a Lune-san quer. Não fique achando que o casamento de vocês tenha acabado, ou que ela não te ame mais. Por incrível que pareça, o que ela está fazendo é por amor.É o jeito dela, buscar o amadurecimento do companheiro é uma forma de amar. Então, apenas se mostre seguro e a respeite, e não cometa mais o mesmo erro, mostre que aprendeu com o seu erro, e respeite a vontade dela, respeito é tudoo que ela quer, e qualquer relação sem respeito se esvazia e morre.Mude a atitude, não para agradar, o que soaria falso, mas por ela e pelo relacionamento de vocês, sobretudo por você, Takeo-san! Olha, eu sei que se colocarno lugar dela vai te trazer sentimento de culpa, mas se não enfrentamos as nossas culpas e não nos perdoamos, envenenamos nossas mentes e psiquês, sem falar em nossos relacionamentos.Então se perdoe e se dê uma chance, pois assim você estará dando uma chance a ela e ao relacionamento de vocês, ok?Bom, você tem sorte, rapaz, fosse outro chefe, você estaria despedido..por hoje vou te conceder uma folga, mas ela será descontada como falta de seu salário no fim do mês.Procuredescansar e pensar bastante em tudo o que eu lhe disse, certo?
-Sim, senhor, Kazuo-sama.Muito obrigado !
-De nada, até mais !
-Sim, senhor, entendi, Kazuo-sama !
Agora a ficha caia  para Takeo e ela era pesada, pesada demais !
O clima estava muito pesado naquele apartamento, de um modo que ele resolveu nem almoçar em casa, mas fora.
Sem cabeça sequer para dirigir, desceu pelo elevador, saiu pela portaria e ganhou as calçadas caminhando pensativo no meio da multidão.
Acabou por encontrar um restaurante  especializado em Temakis, e resolveu entrar, se sentar e comer lá.
E lá ficou, se empanturrando de temakis de todos os sabores possíveis e imagináveis.
Por fim, pagou a conta e saiu pelas ruas, meio sem saber o que fazer.
Faltavam ainda vária horas, na verdade, a tarde toda, para Lune voltar do trabalho, e Takeo nem sabia o que esperar dela em termos de comportamento para com ele quando ela chegasse.
Embora Takeo fosse culto e gostasse de ler, ele não tinha a predileção pela filosofia como ela, e estudou muito menos filosofia, história, sociologia e política do que ela, embora ele tivesse um nível cutural e filosófico acima da média japonesa.Sua vida, na verdade, era desenhar, e amava ler mangás e assistir animes.
Nas ruas não encontrou nada que o interessasse, então resolveu voltar para casa.
Lá,sentou-se na sua prancheta de desenhos e passou a fazer o que amava de paixão: desenhar!
E ficou ali a desenhar furiosamente.
Para ocupar sua mente, resolveu tentar desenhar como ele achava que pudesse sair a sua futura filha Rina.
E fez diversos sketches um atrás do outro, representando fases da vida, de bebê a adolescente, mas nada saía bom, até que, exausto, adormeceu em cima da prancheta.
Ao dormir, sonhou com Rina  desenhada nascendo e crescendo.
Acordou e voltou a desenhar de novo, praticando o desenho que viu no sonho de memória e agora sim deu certo, estava perfeito !
Só então escutou a porta da sala se abrir: Lune tinha chegado !
Agora era a hora do “vamos ver” !
Será que ela estava brava, séria, nervosa, triste, alegre, deprimida?
Bateu um pavor nele, receio de ela ainda estar furiosa e de ter colocado o relacionamento a perder.
Enquanto isto, na sala, Lune colocava sua bolsa em cima do aparador e começou a procurar por Takeo. Na verdade, estava estranhando que ele não tivesse ido até ela, e mais ainda, o silêncio sepulcral daquele apartamento.
Chegou em fim no estúdio de Takeo e o encontro, meio encolhido  sentado em frente a mesa.
-Boa noite, meu amor !Está desenhando?Quem é esta personagem?
-Nossa futura filha, a Rina-chan !
-Bom, eu não sei se ela vai sair assim, mas está bonitinha! Me ajude  com o jantar, por favor!
O alívio de Takeo foi grande, ela parecia absolutamente normal, como todos os dias!
Ele então resolveu disfarçar e secomportar normalmente, como se nada tivesse ocorrido naquela manhã.
Tiraram a comida do freezer, esquentaram no micro-ondas  e se serviram, começando a comer.
Foi então que Takeo resolveu contar sobre o telefonema do pai dela.
Até então ela estava serena e alegre, mas quando ele terminou de falar, o semblante dela era absolutamente colérico, assim como seu olhar de fera:
-O quêeee?Você contou para o meu pai, em detalhes, a nossa relação sexual? Justo para o meu pai?Para o meu pai? Não, Takeo-kun, eu não acredito que você teve coragem  de fazer uma coisa destas!
-Mas bem, é que eu precisava desabafar...
-Mas não com o meu pai, seu idiota !Idiota !Estúpido ! Não se conta a um pai o relacionamento sexual dela  com o marido, sendo que quem conta é o próprio marido, pior ainda !
Lune levantou da cadeira com tanta fúria, que sua cadeira caiu num estrondo, com as mãos em punho cerrado sobre a mesa e braços esticados.
-Imbecil ! Como que eu vou encarar meu pai agora ?Como eu vou conseguir olhar para a cara dele agora, seu...seu...canalha !
SPLAAAFT !
Soou o tapa na cara de Takeo!
E outro, outro e mais outro, e ele, de olhos arregalados e vidrados,surpreso, sem ter caído a ficha ainda do por quê ela estar brava!

(Por Continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário