Kazuo
continuou aconselhando Takeo pelo telefone:
´-Então,
Takeo-san, não adianta pedir desculpas. Não é isto que a Lune-san quer. Não
fique achando que o casamento de vocês tenha acabado, ou que ela não te ame
mais. Por incrível que pareça, o que ela está fazendo é por amor.É o jeito
dela, buscar o amadurecimento do companheiro é uma forma de amar. Então, apenas
se mostre seguro e a respeite, e não cometa mais o mesmo erro, mostre que
aprendeu com o seu erro, e respeite a vontade dela, respeito é tudoo que ela
quer, e qualquer relação sem respeito se esvazia e morre.Mude a atitude, não
para agradar, o que soaria falso, mas por ela e pelo relacionamento de vocês,
sobretudo por você, Takeo-san! Olha, eu sei que se colocarno lugar dela vai te
trazer sentimento de culpa, mas se não enfrentamos as nossas culpas e não nos
perdoamos, envenenamos nossas mentes e psiquês, sem falar em nossos
relacionamentos.Então se perdoe e se dê uma chance, pois assim você estará
dando uma chance a ela e ao relacionamento de vocês, ok?Bom, você tem sorte,
rapaz, fosse outro chefe, você estaria despedido..por hoje vou te conceder uma
folga, mas ela será descontada como falta de seu salário no fim do
mês.Procuredescansar e pensar bastante em tudo o que eu lhe disse, certo?
-Sim,
senhor, Kazuo-sama.Muito obrigado !
-De
nada, até mais !
-Sim,
senhor, entendi, Kazuo-sama !
Agora
a ficha caia para Takeo e ela era
pesada, pesada demais !
O
clima estava muito pesado naquele apartamento, de um modo que ele resolveu nem
almoçar em casa, mas fora.
Sem
cabeça sequer para dirigir, desceu pelo elevador, saiu pela portaria e ganhou
as calçadas caminhando pensativo no meio da multidão.
Acabou
por encontrar um restaurante especializado
em Temakis, e resolveu entrar, se sentar e comer lá.
E
lá ficou, se empanturrando de temakis de todos os sabores possíveis e
imagináveis.
Por
fim, pagou a conta e saiu pelas ruas, meio sem saber o que fazer.
Faltavam
ainda vária horas, na verdade, a tarde toda, para Lune voltar do trabalho, e
Takeo nem sabia o que esperar dela em termos de comportamento para com ele
quando ela chegasse.
Embora
Takeo fosse culto e gostasse de ler, ele não tinha a predileção pela filosofia
como ela, e estudou muito menos filosofia, história, sociologia e política do
que ela, embora ele tivesse um nível cutural e filosófico acima da média
japonesa.Sua vida, na verdade, era desenhar, e amava ler mangás e assistir
animes.
Nas
ruas não encontrou nada que o interessasse, então resolveu voltar para casa.
Lá,sentou-se
na sua prancheta de desenhos e passou a fazer o que amava de paixão: desenhar!
E
ficou ali a desenhar furiosamente.
Para
ocupar sua mente, resolveu tentar desenhar como ele achava que pudesse sair a
sua futura filha Rina.
E
fez diversos sketches um atrás do outro, representando fases da vida, de bebê a
adolescente, mas nada saía bom, até que, exausto, adormeceu em cima da
prancheta.
Ao
dormir, sonhou com Rina desenhada nascendo
e crescendo.
Acordou
e voltou a desenhar de novo, praticando o desenho que viu no sonho de memória e
agora sim deu certo, estava perfeito !
Só
então escutou a porta da sala se abrir: Lune tinha chegado !
Agora
era a hora do “vamos ver” !
Será
que ela estava brava, séria, nervosa, triste, alegre, deprimida?
Bateu
um pavor nele, receio de ela ainda estar furiosa e de ter colocado o
relacionamento a perder.
Enquanto
isto, na sala, Lune colocava sua bolsa em cima do aparador e começou a procurar
por Takeo. Na verdade, estava estranhando que ele não tivesse ido até ela, e
mais ainda, o silêncio sepulcral daquele apartamento.
Chegou
em fim no estúdio de Takeo e o encontro, meio encolhido sentado em frente a mesa.
-Boa
noite, meu amor !Está desenhando?Quem é esta personagem?
-Nossa
futura filha, a Rina-chan !
-Bom,
eu não sei se ela vai sair assim, mas está bonitinha! Me ajude com o jantar, por favor!
O
alívio de Takeo foi grande, ela parecia absolutamente normal, como todos os
dias!
Ele
então resolveu disfarçar e secomportar normalmente, como se nada tivesse
ocorrido naquela manhã.
Tiraram
a comida do freezer, esquentaram no micro-ondas e se serviram, começando a comer.
Foi
então que Takeo resolveu contar sobre o telefonema do pai dela.
Até
então ela estava serena e alegre, mas quando ele terminou de falar, o semblante
dela era absolutamente colérico, assim como seu olhar de fera:
-O
quêeee?Você contou para o meu pai, em detalhes, a nossa relação sexual? Justo
para o meu pai?Para o meu pai? Não, Takeo-kun, eu não acredito que você teve
coragem de fazer uma coisa destas!
-Mas
bem, é que eu precisava desabafar...
-Mas
não com o meu pai, seu idiota !Idiota !Estúpido ! Não se conta a um pai o
relacionamento sexual dela com o marido,
sendo que quem conta é o próprio marido, pior ainda !
Lune
levantou da cadeira com tanta fúria, que sua cadeira caiu num estrondo, com as
mãos em punho cerrado sobre a mesa e braços esticados.
-Imbecil
! Como que eu vou encarar meu pai agora ?Como eu vou conseguir olhar para a
cara dele agora, seu...seu...canalha !
SPLAAAFT
!
Soou
o tapa na cara de Takeo!
E
outro, outro e mais outro, e ele, de olhos arregalados e vidrados,surpreso, sem
ter caído a ficha ainda do por quê ela estar brava!
(Por Continuar)
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