quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Episódio 54- Senibilidade de Viver:Gestação




Takeo ainda jazia surpreso, sem ação.Após os tapas, aproveitou-se que estava caído sentado no chão, abraçou as próprias pernas, colocou a cabeça entre os joelhos e ficou aos prantos.
Mas não havia compaixão por parte de Lune.
-Mas é um inútil mesmo !Só sabe ficar pedindo desculpas, ficar  pedindo perdão, chorando como um bebê...nem parece que é um adulto barbado !  Escuta aqui, moleque, até quando você acha que eu vou ficar te perdoando, heim?Por acaso você está achando que eu vou ficar te perdoando sem parar só por que estou grávida de você e casada contigo, senhor machinho de uma figa? Não entende que estes seus tiros no pé, estas suas trapalhadas e falhas desgastam a nossa relação? Pombas, eu chego exausta do trabalho e ainda tenho que aguentar uma coisa destas?Caramba , ninguém merece! Quando você vai deixar de ser menino para ser adulto?Olha, cansei, viu?Cansei ! Eu vou é dormir, pois até perdi a fome uma hora destas, e você, seu trouxa sem noção, vai dormir no sofá hoje, como castigo ! E trate de jogar os restos de comida no lixo e lavar a louça antes de dormir, entendeu? Fui !
E Lune saiu da cozinha e foi para o quarto do casal, onde bateu a porta do quarto com estardalhaço.
Mas Takeo não conseguiria dormir, depois deste novo trauma a enfrentar.Sua auto estima estava em frangalhos, sua autoconfiança caíra por terra.
Ficou ali, no canto da cozinha, na mesma posição por horas e horas, aos prantos.
  se levantou dali, cheio de olheiras e com os olhos vermelhos as três da manhã, quando lembrou das ordens da esposa.
Tratou de correr com os restos de comida e a louça, e já deixou a mesa do café da manhã pronta.
Resolveu então ir para o escritório, onde se sentou na poltrona ao lado da escrivanima e ficou ali sentado, pensativo e triste.
Só agora entendia a burrada que fizera, e deu razão para Lune.
Lembrou-se então dos conselhos do sogro e ficou a pensar neles.
Súbitamente, ouviu ruídos vindos do quarto do casal.
Era Lune, que abria a porta, de pé, meio inclinada para a frente, regurgitando sem parar, passando mal, completamente tonta e mal se equilibrando, tentando se escorar na parede.
Takeo correu até ela e a amparou. A levou ao lavabo do corredor e a fez colocar para fora tudo o que tinha direito.
Buscou uma cadeira correndo na cozinha e a colocou para que despejasse tudo o que tinha no estômago na pia, sentada. E só então correu a buscar o remédio para enjoos e o copo de água.
Ele foi massageando as costas e pescoço dela para evitar que ela se engasgasse com a própria bile.
Como ela ainda estava meio tonta, ele segurou o torso dela pelos ombros para evitar que ela caísse para o lado.

Só então, depois que a regurgitação terminou, ele limpou o rosto e o pescoço dela,  e deu a água e o remédio.
Depois a ajudou a se levantar e  a amparou até o quarto do casal, mas a cama estava imunda, o chão do quarto idem, então ele a levou ao divã do escritório e a deitou lá, de um modo que a cabeça ficasse bem alta em relação ao corpo e tornou tudo mais confortável com travesseiros. Depois buscou uma roupa de cama limpa e um cobertor idem, e a cobriu com carinho.
Deu um beijinho na testa dela e disse:
-Procura descansar,queridinha, já já o remédio faz efeito e você vai ficar melhor.Eu vou ficar sentado aqui a seu lado até você ficar boa.
-Você está pegando na minha mão...com tanta delicadeza, com tanto carinho...agora sim, você está agindo como um adulto...está vendo?Não dói nada...
Ela disse, com a voz fraca.
-Obrigado, querida, mas é melhor você se poupar agora...
-Você não está fazendo tudo isto só para que eu lhe perdoe, só para me impressionar, está?
Takeo a olhou firme nos olhos e ela viu no olhar dele uma doce convicção, uma espontânea sinceridade natural e espontânea , típica dele. Também ali havia uma gentil determinação, e muito amor e carinho.
-Não, não precisa dizer nada, não há nada de intencional em teus olhos, você só está sendo a si mesmo e seguindo sua identidade e natureza...é tão belo ver isto...é por olhares como este que continuo casada com você te amando...
Lune abriu os braços, e ele a abraçou.Líquidos olhares ali, lágrimas que se encontravam e se uniam, e palavras não eram necessárias, os gestos expressavam tudo !
Era, enfim, daquele sentimento tão profundo, tão sensível, tão sagrado, que era feito o Amor dos dois, aquilo tudo, aquele turbilhão de sentimentos e sensações, aquilo era o mais puro e singelo Amor !

(Por Continuar)

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