Takeo
ainda jazia surpreso, sem ação.Após os tapas, aproveitou-se que estava caído
sentado no chão, abraçou as próprias pernas, colocou a cabeça entre os joelhos
e ficou aos prantos.
Mas
não havia compaixão por parte de Lune.
-Mas
é um inútil mesmo !Só sabe ficar pedindo desculpas, ficar pedindo perdão, chorando como um bebê...nem
parece que é um adulto barbado ! Escuta
aqui, moleque, até quando você acha que eu vou ficar te perdoando, heim?Por
acaso você está achando que eu vou ficar te perdoando sem parar só por que
estou grávida de você e casada contigo, senhor machinho de uma figa? Não
entende que estes seus tiros no pé, estas suas trapalhadas e falhas desgastam a
nossa relação? Pombas, eu chego exausta do trabalho e ainda tenho que aguentar
uma coisa destas?Caramba , ninguém merece! Quando você vai deixar de ser menino
para ser adulto?Olha, cansei, viu?Cansei ! Eu vou é dormir, pois até perdi a
fome uma hora destas, e você, seu trouxa sem noção, vai dormir no sofá hoje, como
castigo ! E trate de jogar os restos de comida no lixo e lavar a louça antes de
dormir, entendeu? Fui !
E
Lune saiu da cozinha e foi para o quarto do casal, onde bateu a porta do quarto
com estardalhaço.
Mas
Takeo não conseguiria dormir, depois deste novo trauma a enfrentar.Sua auto
estima estava em frangalhos, sua autoconfiança caíra por terra.
Ficou
ali, no canto da cozinha, na mesma posição por horas e horas, aos prantos.
Só se levantou dali, cheio de olheiras e com os
olhos vermelhos as três da manhã, quando lembrou das ordens da esposa.
Tratou
de correr com os restos de comida e a louça, e já deixou a mesa do café da
manhã pronta.
Resolveu
então ir para o escritório, onde se sentou na poltrona ao lado da escrivanima e
ficou ali sentado, pensativo e triste.
Só
agora entendia a burrada que fizera, e deu razão para Lune.
Lembrou-se
então dos conselhos do sogro e ficou a pensar neles.
Súbitamente,
ouviu ruídos vindos do quarto do casal.
Era
Lune, que abria a porta, de pé, meio inclinada para a frente, regurgitando sem
parar, passando mal, completamente tonta e mal se equilibrando, tentando se
escorar na parede.
Takeo
correu até ela e a amparou. A levou ao lavabo do corredor e a fez colocar para
fora tudo o que tinha direito.
Buscou
uma cadeira correndo na cozinha e a colocou para que despejasse tudo o que
tinha no estômago na pia, sentada. E só então correu a buscar o remédio para
enjoos e o copo de água.
Ele
foi massageando as costas e pescoço dela para evitar que ela se engasgasse com
a própria bile.
Como
ela ainda estava meio tonta, ele segurou o torso dela pelos ombros para evitar
que ela caísse para o lado.
Só
então, depois que a regurgitação terminou, ele limpou o rosto e o pescoço
dela, e deu a água e o remédio.
Depois
a ajudou a se levantar e a amparou até o
quarto do casal, mas a cama estava imunda, o chão do quarto idem, então ele a
levou ao divã do escritório e a deitou lá, de um modo que a cabeça ficasse bem
alta em relação ao corpo e tornou tudo mais confortável com travesseiros.
Depois buscou uma roupa de cama limpa e um cobertor idem, e a cobriu com
carinho.
Deu
um beijinho na testa dela e disse:
-Procura
descansar,queridinha, já já o remédio faz efeito e você vai ficar melhor.Eu vou
ficar sentado aqui a seu lado até você ficar boa.
-Você
está pegando na minha mão...com tanta delicadeza, com tanto carinho...agora
sim, você está agindo como um adulto...está vendo?Não dói nada...
Ela
disse, com a voz fraca.
-Obrigado,
querida, mas é melhor você se poupar agora...
-Você
não está fazendo tudo isto só para que eu lhe perdoe, só para me impressionar,
está?
Takeo
a olhou firme nos olhos e ela viu no olhar dele uma doce convicção, uma
espontânea sinceridade natural e espontânea , típica dele. Também ali havia uma
gentil determinação, e muito amor e carinho.
-Não,
não precisa dizer nada, não há nada de intencional em teus olhos, você só está
sendo a si mesmo e seguindo sua identidade e natureza...é tão belo ver isto...é
por olhares como este que continuo casada com você te amando...
Lune
abriu os braços, e ele a abraçou.Líquidos olhares ali, lágrimas que se
encontravam e se uniam, e palavras não eram necessárias, os gestos expressavam
tudo !
Era,
enfim, daquele sentimento tão profundo, tão sensível, tão sagrado, que era
feito o Amor dos dois, aquilo tudo, aquele turbilhão de sentimentos e
sensações, aquilo era o mais puro e singelo Amor !
(Por Continuar)
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