Voltando
ao escritório do tio de Kotomi, eis que ele voltou e disse:
-Ainda
estão aí?
-Sim,
senhor, e espero que tenha valido o meu esforço neste teste de admissão!E que
me pagues o devido, afinal, cumpri minha parte !
Disse
Rio.
-Claro,
claro que pagarei, só espero que valha a pena admití-la e que não falhes nem
comigo, nem com sua missão.O meu objetivo é o extermínio total das famílias
Soryu e Tamasuki, e conto com vocês duas para cumprir esta missão. Lógico que a
morte de Lune faz parte do pacote, mas antes, terão carta branca para
tortura-la, estupra-la e mata-la do jeito que quiserem, contanto que a matem!E
contanto que primeiro a tragam para mim, para eu usufruir dela na cama também!
-Sem
problemas, senhor !
-Assim
que se fala, garota !
Enquanto
isto, Lune e Mercedes já dormiam no Hotel.
O
dia seguinte chegou e elas rapidamente se arrumaram e colocaram tudo nas malas
e trataram de sair correndo daquele hotel, pois sabiam que poderiam ser expulsas de lá a qualquer
momento.
Foi
com alívio que os funcionários fecharam a conta e receberam o pagamento.
Elas
colocaram as malas no carro e ganharam as ruas, procurando por outro
hotel.Depois de mais de uma hora dirigindo pela cidade, acharam um outro, que
Lune aprovou.
-Ah,
mas tem certeza que quer este?O outro era quatro estrelas e este é três!
-Ah,
é só por um dia, amanhã vamos embora, lembra, Mercedes-san?
-Tudo
bem então.
Assim,
deram entrada no novo hotel, agora mais simples, guardaram o carro na garagem e
foram para o quarto delas.
-Bom,
ainda temos mais um dia aqui, o que faremos, Lune-san?
-Bom,
não sei quanto a você, mas eu irei procurar a livraria mais próxima nas redondezas
e pesquisar uns livros !
-Huuum,
para você pode ser um programa atraente, para mim é sem graça. Acho que vou
ficar na piscina do hotel !
-Tudo
bem então, só trate de não arrumar confusão, por favor, nossa situação já é
complicada...
-Pode
deixar comigo !
Disse
Mercedes piscando seu único olho.
Lune
então saiu do quarto, pegou o elevador e ganhou as ruas.
Como
queria evitar assédio, tinha colocado um camisão cuja barra ia até abaixo do
fim das nádegas, para que estas, realçadas pela calça jeans, não fossem objeto
de desejos masculinos. E o camisão também não tinha decote algum.
Seguiu
caminhando pelas ruas, curiosa, até que encontrou, no fundo de uma galeria, uma
pequena e charmosa livraria.
Animada,
Lune lá entrou e começou a fuçar, até que achou um pequeno livro que ainda não tinha lido:A
Desobediência Civil, de Henry D. Thoreau!
O
livrinho do filósofo anarquista americano do século XIX logo a encantou e lhe
despertou a paixão literária. Ela o comprou, e depois foi a uma lanchonete
vizinha, onde pediu um hot dog e um refrigerante e enquanto comia, devorava o
livro vorazmente.
Lune
tinha uma habilidade rara: era capaz de ler muito rápido, mas ao mesmo tempo
assimilar, aprender e memorizar absolutamente tudo o que lia, palavra por
palavra.Sua habilidade de memorização era tamanha que bastava ler uma única
vez, para decorar um livro inteiro e citá-lo!
Uma
frase lhe chamou particular atenção e a deixou pensativa, imersa em suas
filosofices:
“
...Tenho origem nobre demais para me submeter a outros, para ser subordinado ao
comando, um serviçal e instrumento útil , a qualquer estado soberano mundo
afora...”
Ela
sentiu na alma e no coração a imediata identificação dela com estas palavras, que
lhe calaram fundo no inconsciente.
Sim,
ela era uma rebelde por natureza e não gostava de ter de obedecer a ninguém,
não por se achasse superior a ninguém, mas por sua própria natureza ,
naturalmente rebelde e independente.
Ela
gostava de provar sempre a si mesma e a todo mundo que era capaz de fazer tudo
sozinha e não precisava da ajuda de ninguém,por isto mesmo odiava ter de pedir
ajuda a quem quer que fosse.
Depois
do livro terminado e do lanchinho tomado, colocou o livro dentro da bolsa e
ganhou as ruas ainda tomando o refrigerante, com a lata numa das mãos e
sorvendo o líquido refrescante pelo canudinho.
Ela
não estava nem aí se chamava a atenção negativamente, dos outros , por
isto.Seguia anônima no meio da multidão urbana, os poucos quarteirões até seu
hotel.
Neste
ínterim, Mercedes estava com seu decotadíssimo bikini azul na espreguiçadeira
na beira da piscina, tomando um sorvete de tiramissu.
Já
queimada de sol, finalmente se cansou e já ia se levantar quando viu Lune
chegar.
-Uh,
Mercedes-san, não sei como voc~e não fica corada de vergonha quase pelada deste
jeito, os homens aqui estão todos olhando para você e dá para ver o excitamento
deles daqui !Não sei como ninguém te atacou ainda...
-Ah,
Lune-san, pessoas civilizadas respeitam as mulheres. A obrigação é deles de não
avançar...
-Se
eles fossem civilizados e respeitassem as mulheres, não olhariam no corpo
delas...vamos subir, Mercedes-san! Daqui a pouco vamos sair para almoçar !
(Por Coontinuar)
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