quinta-feira, 29 de março de 2018

Episódio 190- Sensibilidade de Viver :Interlúdio ETP



-Entendo sim, Lune-san !Bom, mas já está na hora de voltarmos para a classe, vamos?
-Vamos sim, Mercedes-san!
O restante do dia de aulas e a volta para a hospedaria foi tranquilo, sem incidentes.
Lune e Mercedes estavam no quarto delas, se distraindo em seus novos computadores, quando  alguém bateu na porta:
-Quem é?
-A Asuza, Lune-san ! Preciso falar com vocês !
Lune se levantou e abriu a porta:
-Pois não?
-Oi, boa noite, Lune-san !
-Boa noite...
-Então, amanhã a noite vai ser o aniversário da Françoise-san, e vocês duas estão convidadas ! Vai ser no Clube Francês da Associação França-Japão ‘As nove da noite, o endereço está no convite que estou entregando a vocês agora !
-Olha, Asuza-san...
-Nós aceitamos ! Disse Mercedes interrompendo Lune.
-Ei, eu não terminei de responder, como vai decidindo por mim?
Asuza ficou sem graça e constrangida, com um sorriso amarelo no rosto, e prevendo uma briga entre as duas, tratou de se retirar rapidinho:
-Bom, de qualquer forma o convite está entregue e depois vocês decidem entre vocês !Boanoite, tchauzinho !
-Mercedes-san, que história é esta de “nós aceitamos”?
-É que é uma festa chique, linda, é uma honra sermos convidadas, Lune-san...
-Mas você não pode decidir por mim!Isto é autoritário, é um desrespeito, você não tem o direito de falar por mim !
-Mas você vai perder uma oportunidade maravilhosa destas, Lune-san? Pensa bem!


-A questão não é esta, Mercedes-san e você sabe muito bem disto, não insista neste desvio do assunto! A questão aqui é a de que você passou por cima de mim me desrespeitou , ao decidir por mim, se metendo na minha vida !
-Tudo bem, desculpe, eu me precipitei, por que fiquei muito ansiosa com o convite...mas por outro lado, uma chance destas...
-Eu não sou obrigada a ir!Você quer me obrigar a ir?
-Não, claro que não, é eu só queria que...
-Não tem que querer nada em relação ‘a mim e ‘as minhas decisões, minhas decisões são minhas, não tem de se meter, não sou criança para decidirem por mim! Se você quer tanto ir, vá sozinha !
-O que você tem contra se divertir numa festa, é coisa tão normal...
-Para você, para mim não é nada natural! Festa de gente desconhecida, que mal conheço, barulheira infernal, um monte de gente esbarrando em mim, fora a hipocrisia da burguesia...
-Desculpe, Lune-san, mas você é noiva de um burguês, herdeiro de um grande conglomerado industrial, você tem carro burguês, roupas burguesas,etc!Como  pode falar em hipocrisia?
- Eu sou anarquista !E estes fatos não fazem de mim uma burguesa...
-Ah, então você é uma proletária?Onde estão suas mãos calejadas, cheias de graxa ou terra?
-Eu ainda estou estudando, só no ano que vem vou começar a trabalhar, sua neoliberal !
-Não fale do que não sabe, Lune-san ! Meus pais são socialistas e tive uma educação socialista!
-O que não te dá direito a impor suas decisões a mim !
-Eu já pedi desculpas, o que mais quer que eu faça? Fique de joelhos e implore, suplique?
-Quero que você vá logo para a bendita festa e me deixe em paz !E que raio de socialistas são vocês, que tem religião?
-Somos socialistas, não comunistas, e uma coisa não tem nada a ver com a outra !Mas está bem, já que você é teimosa mesmo e insiste tanto em não ir, ótimo, eu vou sozinha !Mas , em compensação, eu vou falar com a Natsuki-sama para me arrumar outro quarto, não quero ficar mais com você !
-Muito bem, a porta do corredor é serventia da freguesia, fique ‘a vontade !
-Aaaaah, que raiva, Lune-san !Droga ! Cansei, fui !
E Mercedes saiu do quarto batendo a porta com força e foi bater na porta da dona da hospedaria, a Sra. Natsuki.
-Pois não, quem é?
-Mercedes-san...
-Olá, não está junto com a Lune-san hoje?
-Não, Natsuki-sama...eu e ela brigamos...e eu queria outro quarto, por favor...
-A esta hora da noite?Eu não tenho nenhum quarto vago no momento, precisaria ver com as meninas se alguma a aceitaria no quarto delas,mas só posso ver isto amanhã...
-Tudo bem então, Natsuki-sama, já que não tem jeito, hoje eu vou dormir no sofá do saguão de entrada, se me permitir!
-A briga foi tão feia assim? Puxa, preciso conversar depois com a Lune-san sobre isto...tudo bem, como você quiser...
Mercedes estava resoluta em não voltar para o quarto e enfrentar Lune de novo.
Desceu para o saguão, escuro e deserto, e pegou almofadas para servirem de travesseiros e foi dormir sozinha no sofá.
Na penumbra, lágrimas caíam, e a mágoa incendiava....

(Por Continuar)

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