sábado, 16 de novembro de 2019

Episódio 13- (Minissérie): Eternidade


Episodio 13 : Observação


Moro em Suburbia, e estou na sacada de meu apartamento.Aqui do alto
 não só a cidade, mas seus habitantes parecem tomar nova dimensão.
Observo a tudo, pensativo, enquanto penso em minha vida, meu passado.
Esta frio aqui fora, mas a cidade e´fria, pois falta calor humano, a cidade e´um ente próprio, desumanizada, não e´mais humana, nasceu como obra humana,
Mas transformou-se em um monstro autônomo, escravizando a si mesma, cidadãos que a compõem.
Daqui de cima tudo é gigantesco, desproporcional, o céu sem estrelas adquire uma amplidão que não se vê no campo, amplidão que se traduz em pressão sobre as pessoas  infinitesimalmente minúsculas perto da megalomania metropolitana.A cidade  e´a expressão  clara da Ambição e dos Vícios Humanos, potenciados ‘a  proporções desumanas, monstruosas.
A monumentalidade desta visão da´ também ao meu passado, e a minha vida, uma outra dimensão.
Penso em tudo o que se transformou em minha vida recentemente, e na busca que há anos empreendo por alguém bela de coração e alma, sensível, capaz de amar de verdade, na mesma proporção que eu sei que sou capaz, e penso no meu passado antes de me mudar do interior para a grande Suburbia,onde encontrei a realização profissional e a felicidade material que sempre quis, mas isto passa a não significar quase nada diante da falta da realização afetiva.
Todos me dizem sempre:
-Adrhuu, não procure mais, quando menos você esperar, a pessoa certa ira te encontrar!
Mas estas  pessoas se esquecem de que elas são casadas ou tem alguém para namorar, esquecem que elas tem alguém que as receba quando chegam cansadas do trabalho com um beijo e um abraço carinhoso, e eu não...
Então fica fácil procurar consolar e dar esperanças,mas não é isto que vai trazer até a mim a pessoa que procuro.
Olho pela janela e os prédios ‘a volta do meu, e eles bloqueiam boa parte do horizonte,assim como a falta de perspectiva que vejo em meu horizonte conturbado.O céu carregado reflete o estado permanente de tristeza e desanimo que tem sido meus companheiros nos últimos meses, antes mesmo de eu chegar aqui, mas que aqui se intensificou.
A neblina fina que acompanha a chuva e reveste a poluição que torna o céu assim tão pesado e´misteriosa e nebulosa como meu futuro afetivo, não consigo ver nenhum ‘a minha frente...
O vazio do frio impessoal da metrópole reflete a frieza , a falta de calor humano e de sensibilidade das pessoas que andam pelas ruas,grita para mim denunciando meu próprio vazio pessoal, não ter a quem beijar, acariciar, afagar, abraçar,o apartamento solitário como minha vida, espelha a dor de saber que nem sempre fui assim, de que já fui melhor antes, de que já tive conquistas afetivas importantes no meu passado, e me faz pensar o que esta acontecendo comigo, o que mudou e porque mudou, pois se um dia consegui vencer com meu próprio esforço minha excessiva timidez e isolamento que sempre me acompanharam a vida toda, e consegui por três vezes namorar,por que agora não? Qual a formula que usei? Como consegui isto na época?
Ou foi só uma época que passou e não ira nunca mais voltar, reservando a mim um destino de eterna solidão?
Esperanças e sonhos sempre foram coisas muito caras a mim, que sempre pratiquei muito, mas o que são eles agora?
Não há´uma base em cima da qual eu possa fundear minhas esperanças e não há´sequer com quem sonhar.
Aquela que procuro não tem rosto, não tem nome, não tem nada, é absolutamente indefinida.Nem mesmo sei se ela existe, e´apenas um sonho distante, que a cada dia se torna mais e mais distante.
Sigo observando a mim mesmo, as pessoas, a vida, a cidade, em busca das respostas, sem esperança de encontra-las, só mais um a olhar por uma das sacadas de um dos andares de um dos prédios de uma das ruas de um dos bairros da cidade...

(Por Continuar)

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