Episodio
13 : Observação
Moro
em Suburbia, e estou na sacada de meu apartamento.Aqui do alto
não só a cidade, mas seus habitantes parecem
tomar nova dimensão.
Observo
a tudo, pensativo, enquanto penso em minha vida, meu passado.
Esta
frio aqui fora, mas a cidade e´fria, pois falta calor humano, a cidade e´um
ente próprio, desumanizada, não e´mais humana, nasceu como obra humana,
Mas
transformou-se em um monstro autônomo, escravizando a si mesma, cidadãos que a
compõem.
Daqui
de cima tudo é gigantesco, desproporcional, o céu sem estrelas adquire uma
amplidão que não se vê no campo, amplidão que se traduz em pressão sobre as
pessoas infinitesimalmente minúsculas perto
da megalomania metropolitana.A cidade
e´a expressão clara da Ambição e
dos Vícios Humanos, potenciados ‘a
proporções desumanas, monstruosas.
A
monumentalidade desta visão da´ também ao meu passado, e a minha vida, uma
outra dimensão.
Penso
em tudo o que se transformou em minha vida recentemente, e na busca que há anos
empreendo por alguém bela de coração e alma, sensível, capaz de amar de
verdade, na mesma proporção que eu sei que sou capaz, e penso no meu passado
antes de me mudar do interior para a grande Suburbia,onde encontrei a
realização profissional e a felicidade material que sempre quis, mas isto passa
a não significar quase nada diante da falta da realização afetiva.
Todos
me dizem sempre:
-Adrhuu,
não procure mais, quando menos você esperar, a pessoa certa ira te encontrar!
Mas
estas pessoas se esquecem de que elas
são casadas ou tem alguém para namorar, esquecem que elas tem alguém que as
receba quando chegam cansadas do trabalho com um beijo e um abraço carinhoso, e
eu não...
Então
fica fácil procurar consolar e dar esperanças,mas não é isto que vai trazer
até a mim a pessoa que procuro.
Olho
pela janela e os prédios ‘a volta do meu, e eles bloqueiam boa parte do
horizonte,assim como a falta de perspectiva que vejo em meu horizonte conturbado.O
céu carregado reflete o estado permanente de tristeza e desanimo que tem sido
meus companheiros nos últimos meses, antes mesmo de eu chegar aqui, mas que
aqui se intensificou.
A
neblina fina que acompanha a chuva e reveste a poluição que torna o céu assim
tão pesado e´misteriosa e nebulosa como meu futuro afetivo, não consigo ver
nenhum ‘a minha frente...
O
vazio do frio impessoal da metrópole reflete a frieza , a falta de calor humano
e de sensibilidade das pessoas que andam pelas ruas,grita para mim denunciando
meu próprio vazio pessoal, não ter a quem beijar, acariciar, afagar, abraçar,o
apartamento solitário como minha vida, espelha a dor de saber que nem sempre
fui assim, de que já fui melhor antes, de que já tive conquistas afetivas importantes
no meu passado, e me faz pensar o que esta acontecendo comigo, o que mudou e
porque mudou, pois se um dia consegui vencer com meu próprio esforço minha
excessiva timidez e isolamento que sempre me acompanharam a vida toda, e
consegui por três vezes namorar,por que agora não? Qual a formula que usei?
Como consegui isto na época?
Ou
foi só uma época que passou e não ira nunca mais voltar, reservando a mim um
destino de eterna solidão?
Esperanças
e sonhos sempre foram coisas muito caras a mim, que sempre pratiquei muito, mas
o que são eles agora?
Não
há´uma base em cima da qual eu possa fundear minhas esperanças e não há´sequer
com quem sonhar.
Aquela
que procuro não tem rosto, não tem nome, não tem nada, é absolutamente
indefinida.Nem mesmo sei se ela existe, e´apenas um sonho distante, que a cada
dia se torna mais e mais distante.
Sigo
observando a mim mesmo, as pessoas, a vida, a cidade, em busca das respostas,
sem esperança de encontra-las, só mais um a olhar por uma das sacadas de um dos
andares de um dos prédios de uma das ruas de um dos bairros da cidade...
(Por Continuar)
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