-Mas se a atmosfera é de cloro e corrosiva, por
que não destrói o gelo da superfície?
-Então, Capitã, é que a composição do gelo do
solo não é de água pura e sim um composto complexo de diversos elementos
químicos que protegem o gelo da corrosão.No entanto, o contato da pele com este
gelo é tóxico ao organismo humano e muito perigoso.É como ficar exposto a uma
chuva ácida de poluição de altíssima concentração.
-Entendi, então precisaremos de trajes especiais
lá e descontaminação. É, está cada vez mais difícil de acreditar que a
tripulação da Minotaurus tenha sobrevivido!
-Só se tiverem permanecido o tempo todo dentro da
nave, mas há que se considerar também a possibilidade de corrosão no casco, em
um ambiente tão hostil ,Capitã !
-Tem razão, Rosimary! Bom, vou indo !
Valéria então saiu de lá, andou um pouco no
corredor e foi para o elevador e ao chegar no deck que queria, se dirigiu ‘a
sala de reuniões.
-Capitã no recinto !
Bradou Cecília.
-‘A vontade !Muito bem, acabei de falar com a
Rosimary, da Biologia. Como sabem, a Minotaurus , uma nave de carga militar do
tipo disco sobre as nacelles, sem corpo secundário nem , digamos, pescoço,e que
não tem capacidade de pousar em planetas, caiu em um planetoide. Este, por sua
vez, não é Classe M, e tem um quarto do tamanho da Lua terrestre. Composto
principalmente de gelo, tem uma
atmosfera extremamente corrosiva a base de cloro e não exibe fauna. Portanto,
não são boas notícias, e temos de planejar como será feito o resgate, supondo,
claro, que alguém da tripulação tenha sobrevivido vivendo trancada dentro da
nave. Sugestões?
-A primeira é a mais óbvia: há necessidade de
trajes especiais para a expedição que
for explorar a nave. Mas há uma outra questão mais urgente e mais polêmica: a
expedição deve descer até a Minotaurus por meio do teletransporte ou de navetas
auxiliares?
-Questão bem colocada, Dra. Kátia. Do ponto de
vista da saúde das tripulantes, qual a opção de menor risco, na sua opinião?
-Olha, Capitã, eu não sei se os hangares da
Minotaurus vão estar abertos ou fechados, mas acredito que, para se resguardar
da atmosfera hostil, provavelmente estarão fechados. Assim,as navetas
auxiliares teriam de pousar fora da nave, embora próximas, aumentando os riscos
para as tripulantes da expedição.Já por teletransporte, elas seriam inseridas
diretamente dentro da nave, em um ambiente mais protegido.
-Agradeço seu parecer, Doutora. Agora, Rita, do ponto de vista técnico, qual a opção
mais segura e prática?
-Capitã, é preciso ter em mente que, sempre que
se usa uma naveta auxiliar para pousar em um planeta, há riscos na reentrada, sobretudo
se a atmosfera não é Classe M. Contudo, certas atmosferas também são arriscadas
para o teletransporte e podem afetá-lo ou mesmo interferir com ele.Claro que
tenho minha opinião técnica sobre este aspecto em particular, mas esta é a área
a que respondem a Comandante Anne Paula e a Tenente Comandante Geraldine.Com
certeza, as navetas auxiliares suportam com segurança uma atmosfera destas sem
se corroer a ponto de arriscar a integridade estrutural e a saúde dos
tripulantes por anos, como inclusive nas naves grandes, no entanto, não vejo
grandes riscos em a expedição sair das
navetas e ir até a nave em seus trajes especiais, que dispõe inclusive de geradores
de campo de isolamento eletroquímico para se manterem inafetados pela corrosão.O
fato de não haver fauna no planetoide também minimiza os riscos.
-Entendi, Rita. Agora é a hora de uma opinião
técnica da área de Sensores.
-Capitã,eu e a Geraldiine fizemos uma análise química-espectral
da atmosfera do planeta, por meio de um lançamento de uma sonda de longa
distãncia .A Sonda, no entanto, não tinha alcance suficiente para entrar na
atmosfera e parou a uma distância do planetoide que estava no limiar do alcance
de seus sensores, portanto não houve como fazer uma leitura de sensores
planetária no planetóide, apenas uma leitura amostral de 10 km2 de varredura,
que aliás, não foi da área onde a Minotaurus está. Os dados coletados mostram
que a atmosfera do planetoide é mais complexa do que se pensava: há uma camada
na estratosfera do planetoide, bem próxima do limite com o espaço, de cadeias
de príons superconcentrados, que na prática, mantém a atmosfera coesa e
isolada do espaço, e que são capazes de interferir gravemente com as moléculas
do teletransporte e as disseminar por toda a atmosfera. O Cloro desta em si não
interfere, mas o que está acima dele, sim. Isto torna o teletransporte
arriscado perigoso, senão impossível, de utilizar neste planeta.
Geraldine fez que sim com a cabeça, concordando
com a fala de sua colega e oficial superior.
-Muito bem exposto, Anne Paula, esta era uma
informação de que até agora não dispúnhamos até agora e que nos foi muito útil
para esta missão. Rita, o parecer técnico da Aneen Paula, você também o
confirma?
-Sim, Capitã. Meu parecer antes era exatamente o
de que o cloro não interferiria, mas eu ainda não dispunha da informação sobres
os príons. De fato, o efeito dissociativo e negativo para a saúde humana dos
príons durante o processo de teletransporte é fenômeno bem conhecido, e apoio e
concordo com o parecer dela !
-Muito bem, então o teletransporte está
definitivamente descartado!
(Por Continuar)
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