Aquelas palavras geladas doeram na alma e no coração de Lune : seu instinto maternal gritava, que queria pegar Onna em suas mãos e amamentá-la !
Claro que Lune sabia muito bem que aquilo era para o bem de sua filha, e que Onna tinha nascido muito pequena e delicada ,e que tinha nascido antes da hora e precisava terminar seu desenvolvimento.
Mas instinto materno é tudo ,menos racional e/ou lógico, e quando a doutora foi tentar levar Onna para a incubadora, Lune, em desespero, com sutura recente no ventre e tudo, debilitada e grogue da anestesia, tentou puxar obraço da médica para pegar sua filha em suas mãos !
As enfermeiras a seguraram, em seu ímpeto de tentar deixar a cama,mas nem precisava: o corte da operação rugiu em uma dor lancinante, que superou o efeito da anestesia residual,a fazendo berrar de dor, e ela se viu obrigada a deitar-se novamente.
-Comporte-se, senhora Lune, ou terei demandar amarrá-la na cama !
Mas Lune, exasperada, só fazia berrar o nome da filha e chorar convulsivamente ao ver a menina saindo da sala. Para ela, era como se tivessem roubando sua filha e ela nunca mais fosse vê-la!
Quando a porta do recinto se fechou, ela se sentiu a mais solitária e miserável das criaturas...
Enquanto isto, após colocar Onna na incubadora e perfazer todos os procedimentos subsequentes, a Dra.Aimi foi na sala de espera dar as notícia.
Que foram especialmente chocantes para Momiji. Ela sabia bem oque a filha estava passando, por que a própria Lune nascera de parto prematuro ,em condições semelhantes. E ela sabia, combase nas agruras que Lune passara nos primeiros tempos após o parto, oque esperava por Onna e pelo que ela teria de passar. Seu coração de mãe ,e de avó, estava na mão !
Também Takeo estava preocupadíssimo com esposa e filha, e também com como iria dizer que Lune teria de passar vários dias no hospital, no mínimo, para Rina. E como iria esconder dela sua ansiedade, sua preocupação, seu nervosismo ,para não passa-lo para a filha; ela certamente estranharia opai chegar em casa sem a mãe e a irmãzinha !
As famílias Tamasuki e Soryu, noentanto, seriambem solidárias a ele naquele momento.
-Posso ver minha filha?
-Por favor desculpe, Senhora Momiji, mas a senhora Lune está de repouso se recuperando da anestesia e da operação e não deve ver a ninguém no momento. Voltem por favor depois de amanhã, no horário de visitas e aí todos, um por vez, poderão vê-la e ‘a Onna-chan também !
A resposta nãoera das mais satisfatórias,mas a médica tentou reforçar que ambas estavam bem, considerando-se oque passaram. E que não havia perigo de risco de morte, ao menos por enquanto.
Aqueles dias seriam de intensa dor e agonia para Lune. Não apenas a física, mas do coração.
A dor no corte ,extremamente intensa ,não era tão lancinante quanto a de sua alma .Ela sequer se preocupava comsua própria saúde,o pavor e odesespero de que sua filha morresse berrava em seu peito e parecia que seus olhos iriamseca todas as lágrimas de tanto chorar.
A gélida frieza e desdém das enfermeiras e da médica nãoa ajudavam em nada e não lhe dava o menor apoio.
A solidão e a sensação tonitruante de vazio na barriga, na alma, no coração lhe devorava por dentro, a consumia em intensa depressão e lenta agonia ,que lhe queimava o espírito como labaredas chicoteando -lhe aschagas da mágoa da solidão !
Foi então, que um vulto apareceu no quarto, em sorriso mal disfarçado , mas meigo e doce. Parecia anjo luminoso flutuando na direção dela.
-Filha ,sou eu, mamãe chegou !
Com dificuldade, Lune se levantou, diante dos braços abertos dela.
E ela chorou nos braços da mãe, copiosamente, que também chorou, lembrando-se dostempos terríveis que passara no parto de Lune.
(Por Continuar)
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