O butim foi distribuído entre as piratas, e a parte da April, como ela era uma iniciante, foi modesta: um par de brincos de ouro, euma corrente de prata. Aqueles, dali por diante, seriam seus tesouros pessoais. Além de sua espada, que agora ganhara o direito de portar direto consigo.
As piratas continuaram a treiná-la, a cada dia numa função diferente, e após uma semana de viagem, soou o alarme logo cedo:
-Terra ‘a Vista !
April ficou toda entusiasmada, iria poder andar na terra firme novamente !
-Que ilha é esta, Hellen?
-É a ilha de Santa Margherita, April. Vamos, a Laura já ordenou que comecemos o processo de aportagem !
-Sim, senhora !O que devo fazer?
-A Juliette está vindo. É ela quem distribui as tarefas para a Capitã.
-Hellen, você controlará a bujarrona ! April, você será a responsável por lançar a ãncora, já para a proa, as duas !
-Sim, senhora, Imediata !
Disseram as duas em uníssono.
Enquanto caminhavam:
-Sua função é muito importante, Aril! Fique de pé no costado da proa do lado bombordo, e quando a Capitã der a ordem de lançar a âncora, você a pega e joga na água com toda a força ! Fique a postos ao lado da ãncora e mantenha de jeito, em pé ao seu lado, até a ordem chegar, e não a lance nem antes nem depois !Até já !
-Entendi, Hellen, obrigada !
-De nada, imagine !
E Hellen subiu no mastro com a agilidade de um símio.
April fez como sua colega ensinou.
Mas estava preocupada: a ãncora era extremamente pesada!
Ela conferiu o cordame e o desembaraçou.Com muito esforço, conseguiu levantar a âncora e a deixar de pé ao seu lado, se equilibrando segurando com uma mão no costado, e om a outra segurando a ãncora, mantendo-a na vertical, com muito esforço.
-Lançar Ãncora !
Foi a ordem de June.
Agora era a hora e April não poderia titubear. Ela , com esforço hercúleo, levantou a ãncora no ar e a jogou com tudo o que pôde na água.
A âncora logo se afundou e a corda correu rápido.
Só que, para sua surpresa, ela sentiu um fortíssimo puxão na perna esquerda e quando deu por si, estava pendurada na corda, junto ao lado de fora do costado do navio, a meia altura, com seus cabelos se encharcando na água salgada!
-Mulher ao mar !Ops, não, pendurada na corda da âncora !
Foi o grito de Carmen, que estava em um dos mastros e vira o ocorrido.
-Mais esta agora !Quem foi a mandriã?
-April, Capitã, olhe lá embaixo !
-Esta não, vamos ter de dar um jeito de tirar ela de lá !
April estava roxa de vergonha! Não só por que estava numa situação vexatória, mas por que, como ela estava de cabeça para baixo, sua blusa cedeu ‘a gravidade e expôs seus seios nus ao vento e ‘a platéia de homens no cais diante do navio já aportado.
-Os tarados estão babando dos peitos dela, Capitã !
-Eu sei, Juliette, pior é isto...Laura, Carmen, desçam pela corda e vejam se conseguem soltá-la !
-Sim, Capitã !
Elas desceram e olharam a situação.
-Capitã, a corda se enrolou ao longo da perna dela, junto ao pé, não tem como desfazer o laço. Ou a gente corta a corda, ou a gente corta o pé dela fora !
-Uma âncora nova não é barata...
-Eu sei, Juliette, mas não podemos nos dar ao luxo de termos uma maruja inválida na tripulação !
-Capitã, se me permite uma sugestão, eu posso descer pela corda e ajudar a Carmen, enquanto a Laura mergulha e pega a ãncora e a recupera!
-Boa idéia, Hellen ! Vá lá então !
April gritava de dor, pois o peso da ãncora comprimia violentamente os vasos sanguíneos da sua perna e de seu pé, fora as câimbras.
Laura mergulhou nas águas sujas do porto, enquanto Carmen cortava a corda com sua espada e Hellen segurava April.
A corda foi cortada e a forte Long Legs Laura puxou, com o resto da corda que restava, a pesada ãncora, e com muito esforço a levou para cima, até a superfície, enquanto outras marujas prendiam o navio com outra corda ao cais.
Finalmente, Carmen e Hellen conseguiram conduzir April até o tombadilho, onde ela desabou, exausta e com a perna doendo terrivelmente.
Laura ainda amarrou a ãncora na corda e a jogou na água novamente.
(Por Continuar)
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