Lune, segurando Rina com uma das mãos,
mantendo-a sentada junto ao seu peito,
bateu na porta da humilde casinha de madeira, bastante velha.
Ela então ouviu passos, e a porta de correr
abriu.
-Oi,, boa tarde, Tia-Futaba !
-Tia?Quem é você?Não a estou reconhecendo...
-Lune Tamasuki, filha de sua irmã Momiji e de
Kazuo...
-Aaaah, uh, a última vez que a vi você era uma
menininha e ...ea agora é mulher feita ! E esta criança?
- Sua sobrinha- neta, minha filha, Rina-chan !
-Oooh, mas que linda !Uma bonequinha ! Entrem,
venham, entrem por favor !
-Obrigada, Tia !
-Por favor não repare, minha casa é muito
simples e humilde, sou muito pobre e mal sobrevivo...
-Imagine, Tia, fique tranquila !
Disse Lune, se sentando com dificuldades nas
almofadas velhas e puídas no chão, já que Futaba não tinha um sofá.
-Fiquei assim por causa de seu avô,
Hiroshi-dono...
-Eu não sabia, Tia, minha avó e minha mãe pouco
falam dele...só sei que ele já morreu!
-Ele já morreu? Aquele desalmado de uma figa...e
sua avó?
-Continua viva e forte ! Está morando comigo,
como babá da Rina-chan !
-Aquela megera...não ficou do meu lado que seu
avô me expulsou de casa! E ela não quis vir aqui por quê?
-Ela disse que não seria conveniente, ficou em
casa com meu marido, o Takeo-kun !
-Humpf ! Velha safada !Ela sabe muito bem que
se eu a ver na frente lhe dou uma surra !
-Por que tanto ódio da sua própria...
Futaba a interrompeu grosseiramente .
-Por que ela sempre me rejeitou !Nunca me amou
! Nunca ficou do meu lado quando precisei ! Ela só tinha olhos para a Momiji !
E ela ainda teve uma filha e uma neta lindas destas...
Lune sentiu a amargura, o despeito, a rejeição
que vinha de sua tia, puro fel.Mas ela tinha lá suas razões...
-Tia, não fique assim...
-Não quero o seu dó ! Me deixe o tão pouco de
dignidade que me resta, eu sou um farrapo humano, mas ainda tenho um resquício
de dignidade...ao menos eu tento...eu
tento...
Lágrimas caíam dos olhos dela.
-Mamãe, por que a Tia está chorando?
-Você ainda é muito nova para entender,
filha...
Lune se levantou e tentou abraçar a tia, que
também tinha se sentado nas almofadas, mas, para sua surpresa, foi rechaçada
com um súbito movimento de braço.
-Já disse que não quero seu dó !
-Não é dó, Tia, é carinho mesmo...
-Carinho...eu...nem sei o que é isto,
eu...nunca recebi de ninguém...carinho, que carinho, se todos estes anos você nunca
veio me visitar ?
-É que nem a vovó e nem minha mãe nunca falavam
da senhora, Tia, só ontem que minha avó falou sobre a senhora e aí eu quis visita-la,
pois me senti em dívida com a senhora ...
-Olha como são cruéis...esconderam a mim de
você e te esconderam de mim...
-Realmente, Tia elas erraram feio por fazer
isto...
-Não foi erro não, Lune-san, foi de propósito
mesmo...mas você não está em dívida comigo, elas estão.
Então Lune ouviu o estõmago de Futaba roncar, e
a tia dela tentou disfarçar, sentindo-se humilhada:
-Por favor me desculpe, eu não tenho nada para
te oferecer de comida...só tenho um restinho de macarrão instantâneo velho, sem
molho, sem carne nem nada...
-Sem problemas, Tia...olha, vamos fazer o
seguinte? Se arrume, eu a convido para almoçar comigo e com a Rina em um
restaurante !
-Eu não tenho dinheiro, Lune-san...
-Lembra da regra social/Quem convida é que paga
! Eu a convidei, então eu pago !
-Eu não quero dar trabalho e...olhe meu estado,
nem roupa para isto eu tenho...
(Por Continuar)
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