O
Doutor saiu da casa daquela senhora
absolutamente arrasado. Não lhe saía mais da cabeça a atitude daquela senhora
no final da entrevista, agarrando-o pelo colarinho, com olhar do mais puro
desespero e gritando:
-O
que eles fizeram com o meu filho? O que o senhor fez com a sua filha? Me
explica, Doutor, me explica !
E
ele a viu cair logo depois ajoelhada no chão com as mãos no rosto, euquanto
lágrimas abundantes escorriam por entre os dedos...
E
ele não tinha explicações. Não tinha respostas. Tanto avanço na Medicina, na
robótica, na tecnologia...para não ter respostas, para não conseguir prever uma
coisa destas!
Apesar
de todo o sofrimento e sentimento de culpa, ele seguiu em frente e continuou
sua pesquisa de campo.
Foi
visitando as famílias, uma a uma, e o quadro era semelhante, embora a maioria
não chegasse ao nível do caso de Teddy. Mas que a personalidade mudava, e
muito, era fato.Casos de perda de memória , em grau variável, também estavam
paulatinamente se mostrando comuns, e mudança de personalidade em conjunto com
perda de memória também não era nada raro.
A
pergunta que não calava era: Por quê?
Depois
de entrevistar dezenas de famílias, o Doutor voltou, já ‘a noite, para casa,
deprimido e desanimado com os resultados que estavam se desenhando.Não havia
ninguém na lista que tivesse mantido a mesma personalidade, que fosse o mesmo
que era antes do falecimento.Será que o cérebro não reconhecia nem aceitava os
novos corpos? Ou os corpos mecânicos lhes davam uma nova identidade?O corpo
físico faria parte da identidade?Ou seria uma prova da existência da Alma? Mas
Alta era algo religioso, subjetivo, ele como cientista jamais poderia assumir
publicamente uma existência da Alma !Então seria o quê?O que mais poderia ser?
Estaria ele criando gente sem alma?
Sua
dor de cabeça era gigantesca!
Mas
enquanto ele se torturava e se angustiava, Dácia estava na dela.
Vendo
que o Doutor saíra logo cedo, ela resolveu sair para a rua também.
Aliás,
na frente da porta do quarto dela, havia no chão um envelopinho. Lá ela olhou e
havia um generoso maço de dinheiro: vinte notas de cem ksamas, quarenta de
cinquenta,trinta de vinte, dez de dez, dez de cinco e dez de duas ksamas,
totalizando 4770 ksamas, uma pequena fortuna!
Ela
se trocou, colocou o dinheiro no bolso, e tomou seu café da manhã, que o Doutor
já tinha deixado pronto.
Depois
se penteou, e foi para rua.
Não
demorou a encontrar lojas, onde comprou uma bolsa, perfumes, maquiagem e agora procurava uma de telefones celulares, pois não queria o da
Norma.
Por
fim encontrou uma loja da marca que gostava e entrou.
-Pois
não, senhorita?
-Estou
interessada neste celular aqui !
-Ah,
certo !A senhorita soube escolher muito bem, é um DL Linneage 4 Premium Plus De
Luxe, com tela de seis polegadas, 120 Gb de RAM, 8 Tb de capacidade de
armazenamento com possibilidade de expansão para até 400 Tb, conectividade 400 G, e
processadores St.Pierre Eletric Asymus300, com velocidade de 56 Terahertz e...
-Me
fala o preço logo de uma vez, vendedor !
-Ah,
eh, pois não, senhorita, 1656 ksamas a vista !
-Eu
compro !
-Cartão
K-card , Millionaires ou HotBank?
-Não
vai ser no cartão, vai ser em dinheiro vivo !
Pois
não, senhorita ! E chip de qual operadora a senhorita quer? KTV, Kent, Tulier, Tasman,
CMC, St.Pierre, Voltaire, Chappmann, Exxel, Stanley, SLL Frick, ACE...
-Exxel.
-Pois
não, senhorita, vou providenciar ! Queira comparecer ao caixa, por gentileza !
Dácia
foi lá, pagou e retirou o novo celular, bastante sofisticado.
Em
seguida, entrou no restaurante de fast food K-Burger, fez seu pedido, pagou,
recebeu seu sanduíche gigante e batata frita idem, com um verdadeiro balde de
refrigerante K-cola, e procurou o lugar mais isolado possível do restaurante
para comer em paz.
(Por Continuar)
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