Takeo
ainda permanecia deitado na cama quando Lune saiu do banho.
Ele
jazia com o braço na frente dos olhos, estava envergonhado, e a vermelhidão em
seu semblante mostrava isto.
-Não
vai se arrumar para trabalhar não?Até quando você vai ficar feito bebê chorão,
se condenando por não ter sabido a hora de parar e me desrespeitar?
Takeo
ficou em silêncio. Lágrimas encharcavam seu braço.A aparente frieza de Lue
magoava seu coração já assaltado pela dor da culpa e do arrependimento.
-Bom,
se prefere ficar aí, problema seu, eu tenho de trabalhar!Aproveite e aprenda a
lição, afinal...eu me senti estuprada por você !
Pronto
!Agora que Takeo se sentia um criminoso mesmo !
-Desculpe,
desculpe, desculpe, me perdoa...
-Ih...até
quando vou ter de ficar aguentando ouvir suas desculpas?Você se desculpa demais
! Já me troquei!Cresce ! Fui !
O
olhar de Lune continuava gélido para ele, e o tom de voz foi de desprezo,
hostil, agressivo, afiado como faca.
Aquilo
poderia parecer cruel, mas tivera sua razão de ser. Lune sentia que ele
precisava crescer e amadurecer emocionalmente para não repetir o mesmo erro.
Ela não queria sentir ele na cama como se estivesse fazendo amor com um
desconhecido, contra a vontade.
Claro,
aquela sensação a queimava por dentro e trazia-lhe o fantasma de seu estupro,
anos atrás, no seu tempo de faculdade.Lembrava a ela toda aquela dor, aquele
sofrimento todo lhe voltava ‘a memória, e ela se sentia suja outra vez.
Mas
ela amava Takeo, e ele não era um desconhecido. Ele de fato forçara a barra e
não percebeu que ela fechara as pernas e resistiu quando ele quis iniciar a
segunda copulação.E que ele abriu-as mesmo assim.Será, pensava ela, que eu
terei de gritar Não, a cada vez que eu não quiser?Ele não percebe por si
próprio? Será que ele vai ficar sempre se deixando levar por sua tara?
O
ardor na vagina machucada refletia a dor na alma que sentia-mas esta era muito
maior do que a física.
Ela
se perguntava se iria ficar sendo sempre obrigada a satisfazer o desejo dele mesmo
contra a vontade e ter de, como a sociedade exigia, achar isto natural.
Não,
não era natural, ela bem o sabia!
A
partir daquele dia, seu desejo sexual por ele diminuiu drasticamente, e ele
passava a ser menos atrativo na cama para ela.
Ela
se decidira que o amava mesmo assim, mas preferia que ele ficasse como o
companheiro dela, para lhe dar carinho e amor,mas, ao menos por enquanto, não
sexo.
Além
do mais, ela pensou com seus botões, logo o ventre dela cresceria e
dificultaria as futuras relações sexuais, e ela precisava discipliná-lo a
respeitá-la, por que , ele mesmo não se tocava, não se dava conta de que, o que
parecia natural para ele, trazia um enorme sofrimento para ela.Por isto, não
podia ceder, se condoer dele , nem consolá-lo: ele teria de amadurecer earender
a respeitar, prestar atenção nos detalhes- descobrir por si mesmo, pelos singelos,
discretos sinais que emitia, de que ela não estava a fim, e não avançar o sinal
vermelho.Ou o relacionamento não duraria !
Todos
estes sentimentos e pensamentos povoavam a cabeça e o coração dela, enquanto
ela tomava seu café da manhã.
E,
apesar da mágoa que sentia, preparou o café da manhã dele e colocou na mesa na
ordem em que ele gostava:tudo enfileirado.
Foi
triste tomar café da manhã sozinha, e ainda com tudo aquilo se passando em sua
psiquê. Havia um pouco de rejeição e depressão, mas ao mesmo tempo, um quê de
solidão. Sim, ela, apesar de tudo, sentia a falta dele, e as conversas alegres
e animadas no desjejum!
Ela
estava tão acostumada, que achava até engraçado aquele homem barbado ainda lambuzar
a boca enquanto comia, deixar cair leite , geléia, etc na toalha da mesa,
limpar a boca e o nariz na toalha escondido, achando que ela não estivesse olhando-mas
ela nem precisava ver, ela escutava e sabia do que se tratava e sempre o pegava
no flagrante, o deixando desconcertado, sem entender como ela tinha percebido !
Ela
pegou as chaves de seu carro e foi
trabalhar. As doces lembranças das trapalhadas ingênuas dele aliviavam seu
coração pesaroso, procurando se anestesiar da dor para poder trabalhar.
No
fim,ela pensava consigo enquanto ia para a estação de trem, valia a pena
continuar casada com ele, e ter a ele a seu lado, ele era um grande
companheiro, afinal, e a conclusão a que ela chegava, é que um relacionamento
prolongado como um casamento fazia, no final das contas, com que ambos crescessem
como Seres Humanos e amadurecessem e
pudessem assim exercer plenamente sua...sensibilidade de viver !
(Por Continuar)
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