Até então,
Lune não prestara muita atenção ‘a nova vida que se formava em seu útero, ainda
não caíra direito a ficha do que aquilo significava e o laço maternal dela com
Rina ainda não tinha começado a se estabalescer de fato.
Mas agoram,
após Rina começar a chutar, e mostrar de modo contundente e eloquente que
estava viva dentro dela, que de fato existia, agora a consciência de Lune sobre
sua própria gravidez era outra.
Agora ela
pedia a Takeo que comprasse livros infantis para ela, e ela os lia para ela, em
voz alta, e “mostrava” as ilustrações dos livros colocando-os na frente da barriga.Claro que
ela sabia que Rina não conseguiria ver através da placenta, do útero , dos
órgãos e da pele, mas havia um profundo desejo inconsciente e incontrolável de
que ela conseguisse.
Todos os dias
agora Lune seguia um novo ritualzinho, uma nova rotina :ao acordar, acariciava
o próprio ventre e dizia:
-Bom dia,
filhinha linda do meu coração?Dormiu bem? Como vc está?
Curiosamente,
logo depois das palavras meigas e carinhosas, lá vinha um chutinho lá de
dentro, e o sorriso de Lune se descortinava, encantada, toda derretida- para
ela, aquilo era um sinal de correspondência ao seu amor, que a cada dia mais
crescia pela sua bebê. Lune não via a hora de ela nascer, e sonhava, muitas
vezes acordada, com isto, e as lágrimas de emoção eram inevitáveis.
Assim, uma
semana após o primeiro chute, numa manhã banhada de sol, Takeo chegou da rua e
encontrou Lune sentada na poltrona da biblioteca, com um livrinho intantil na
mão, lendo em voz alta:
-Minha filhota, hoje eu vou ler para
você a história da Menina dos Mil
Encantos! Vamos lá? “...Ali eram as montanhas, e
repletas de verde elas estavam.
Era naquele ambiente de
maravilhosa paisagem, que vivia uma garotinha muito especial.
Desde que nascera, sua
mãe já percebera nela algo que chamara sua atenção:
Ela tinha um encanto
nos olhos e um sorriso que alegrava,
Pouco depois que
nasceu, seus olhos ela abriu,
E para a mãe sorriu.
Foi então que um ramalhete de flores murchas e velhas floresceu e desabrochou
nova em folha outra vez!
Um gatinho que jazia
doente em um canto,milagrosamente sarou assim que o olhar e o sorriso da menina
recebeu,
O Pai, ao vê-la também
se encantou, suas rugas desapareceram e ele se remoçou!
A todos ali a menina
encantou, e ninguém nunca mais doente ficou.
Como a menina era
encantadora e estava sempre sorrindo, Felícia ela se chamou...”
-Muito bem, que história linda ! Que felicidade
ver você contando histórias para nossa filhinha !
-Oi, querido, trouxe as compras?
-Sim, anjo, estão na mesa da copa,
daqui a pouco guardarei tudo !
-Muito obrigada...você me ajuda tanto
!
-É que te amo, coração !Aliás, amo a
vocês duas !
-Que lindo ! Agradecida !
Takeo deu um selinho carinhoso na
esposa e afagou seus cabelos com delicadeza, como se estes fossem de cristal.
-Então, amor, olha, eu já li para ela
o “Ursinho Mágico Pururin” e “Olhos de
Safira”, ela adorou !
-São estórias maravilhosas...mas como
sabe que ela gostou, docinho?
-Ah, mães sabem...é um segredo só
nosso, não é, filhinha?
Respondeu Lune olhando para a própria
barriga, que agora já estava bem saliente.
-Nada há mais belo e etéro do que
este mistério...é o que perfaz a beleza da Vida !
-Huuum, você está poético hoje, meu querido
!
Takeo se sentou no braço da poltrona
e abraçou Lune de ladinho, e encostou seu rosto no rosto dela.
-Aaaah, danado ! Para onde você está
olhando?
Pego de surpresa, Takeo não conseguia
entender como Lune percebera que ele estava espiando o interior do decote da
blusa dela.
-Ahaaaam...não podemos falar destas
coisas na frente de crianças...
-Confessou, não é, taradinho?Pensa
que não sei, é?Bobo ! Eles estão feios, inchados, com os bicos marrons, não sei
como você consegue se entreter com isto...
-Não é por que você está grávida, que
eu deixaria de ter desejo por ti, querida, se assim o fosse, não a amaria...
-Verdade, querido, mas é melhor vc se
levantar, por que você aí me atrapalha a respirar, e com esta barriga, já é
difícil...
-Claro,
anjo. Vou guardar as compras efazer o almoço !(Por Continuar)
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